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03/06/2020 às 18:20, atualizado em 03/06/2020 às 19:46
Religiosos e fiéis se adaptam às recomendações do governo no primeiro dia de reabertura desses espaços
Depois dos shoppings e parte dos comércios, agora são os parques da cidade e as igrejas e templos do Distrito Federal que reabrem suas portas a partir desta quarta-feira (3). O decreto autorizando a abertura dos espaços religiosos foi publicado no último sábado (30/5).
Segundo o documento, os cultos, missas e rituais devem ser realizados desde que os encontros aconteçam em locais com capacidade para mais de 200 pessoas e somente para pessoas entre 12 e 60 anos, mantendo, claro, a distância de, no mínimo 1,5 metro entre os fiéis. Os assentos também devem ser demarcados e o uso de máscaras é obrigatório. (Veja as recomendações completas abaixo).
Segundo pesquisa recente realizada pela empresa Idea Big Data, divulgada pelo canal de notícias CNN, a maior preocupação dos brasileiros hoje, em tempos de pandemia, é cuidar da alma. Isso porque 32% declararam que ir aos espaços sagrados é o que elas mais querem fazer depois que as medidas de isolamento social acabarem.
Foi o que fez, por exemplo, a assistente social Maria de Lourdes, logo quando soube da reabertura desses lugares. Ecumênica, ela admite que vai visitar o maior número de igrejas e templos possíveis. “Foi a melhor coisa que o governo fez, acertou em cheio”, elogia. “O que sustenta o espírito é a fé. Sem a fé a gente não fica em pé, as pessoas estavam angustiadas por causa do isolamento social, presas num estado de solidão, mas agora elas podem alimentar suas almas”, disse, demonstrando felicidade.
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Para Kildare Meira, chefe da Unidade de Assuntos Religiosos do Governo do Distrito Federal, a medida é uma vitória para o setor. De acordo com ele, é um grande passo para as pessoas não apenas retomarem suas vidas espirituais, mas para, também, buscar ajuda para problemas que se agravaram com a situação de pânico e medo instaurada nos últimos tempos, como a depressão.
“Nós nunca fechamos as igrejas no DF, elas estavam abertas on-line, mas a religião estava fazendo falta na vida das pessoas”, observa. “Essa abertura vai ajudar, inclusive, a combater um problema residual que são as doenças psicológicas, vai ajudar as pessoas espiritualmente”, defende.
Mesmo entendimento tem o pároco do Santuário Dom Bosco, Jonathan Costa, que voltou, nesta quarta-feira (3), às 18h, a celebrar missa na igreja. O que não acontecia desde o dia 19 de março.
“Sabemos que o isolamento social é fundamental no combate contra o novo coronavírus, mas as pessoas estão com muito medo, abaladas espiritualmente”, comenta o religioso, que já atendia seus fiéis por meio de vídeos, telefonemas e, em alguns casos, até levando a comunhão à casa de algumas pessoas. “A experiência da fé em lugares santos como esses vão ajudar as pessoas a enfrentar esse momento difícil que estamos passando”, argumenta.
Fiscalização
Com a liberação da abertura dos templos e igrejas, o DF Legal irá ajudar o GDF na fiscalização dos cumprimentos dos protocolos determinados pelo decreto, com ação mais intensiva neste fim de semana. “Nesse primeiro momento a fiscalização será mais no campo da orientação. Contamos com as colaborações dos religiosos e da população”, torce o secretário Gutemberg Gomes.
Mesmo com a publicação do decreto permitindo a reabertura dos espaços religiosos, alguns segmentos decidiram não abrir, optando por esperar mais algum tempo. É o caso da Comunhão Espírita de Brasília, os Testemunhas de Jeová e a Batista Central.
Nos três lugares visitados pela reportagem da Agência Brasília, no início da tarde desta terça-feira (3) – o templo da Legião da Boa Vontade; Igreja Nossa Senhora de Fátima, a querida Igrejinha; e o Santuário Dom Bosco -, as regras e os protocolos de combate à Covid-19 estão sendo seguidos. Na LBV, os visitantes são recebidos com tapetes de higienização na porta da pirâmide, o espaço mais visitado do local, e álcool gel. Um funcionário logo mede a temperatura das pessoas com um termômetro.
Já o Santuário Dom Bosco, com capacidade para receber cerca de 1.500 pessoas sentadas e mais de 2 mil com fiéis também em pé, está programado para receber apenas 223 pessoas por celebração.
Para tanto, os bancos da igreja foram demarcados com avisos de distanciamentos, assim como os espaços no chão para formação de fila. Recipientes de álcool gel estão espalhados por todos os cantos e cinco ajudantes estarão com termômetros para medir a temperatura das pessoas. “Já estamos providenciando os tapetes de higienização. Eles estarão nas portas para receber as pessoas”, detalha padre Jonathan
Adesão da população
Frequentador assíduo da Igrejinha, o auditor fiscal do DF Francisco de Assis Pires ficou contente com a abertura de seu espaço religioso mais querido na cidade. Lá, o espaço só será aberto para visitação já que o lugar comporta poucas pessoas. Quem visitar o templo, vai encontrar disponível álcool gel para as mãos.
“Tenho afinidade com esse cantinho, ele passa tranquilidade. Fiquei feliz em saber que o lugar foi aberto, mesmo que para visitação”, destaca. “Mesmo que fosse para celebração, não teria problema, já que a maioria das pessoas fica do lado de fora mesmo”, argumenta.
Após várias reuniões com líderes do segmento e de discutir as responsabilidades e os cuidados necessários para as celebrações presenciais, o chefe de Unidade de Assuntos Religiosos do GDF, Kildare Meira, é enfático sobre o papel de cada um na sociedade nesses tempos de crise sanitária.
Para o gestor, a abertura das igrejas para cultos e missas também surge como elemento educativo importante. Com a figura do padre ou do pastor, como autoridade moral diante dos seus seguidores, a comunidade ajuda a dar exemplo no atendimento às medidas propostas pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
“As igrejas e os templos têm responsabilidade, sobretudo, com a vida. Na celebração de um culto se celebra um Deus de vida e as pessoas têm que fazer sua parte, cuidando de si mesmo e de seus pares”, ensina. “Se não houver uma adesão, com conscientização da população, as medidas são inúteis. É a mesma coisa de estar enxugando gelo”, entende.
Regras que deverão ser seguidas para frequentar os templos e igrejas:
*Encontros devem ser realizados em locais com capacidade para mais de 200 pessoas;
*Afastamento de, no mínimo, de 1,5 metro entre fiéis, com demarcação nos assentos e no chão;
*Alternar fileiras de cadeiras a serem ocupadas de outra com cadeiras desocupadas;
*Afixação, em local visível, de placa com informações quanto à capacidade total do estabelecimento, metragem quadrada e quantidade máxima de frequentadores permitida;
*Proibição do acesso de idosos com mais de 60 anos, crianças com menos de 12 anos e pessoas do grupo de risco;
*Na entrada, deve haver produtos para higienização de mãos e calçados, preferencialmente álcool em gel 70%;
*Uso obrigatório da máscara de proteção.