20/06/2020 às 12:33, atualizado em 24/06/2020 às 16:29

Agricultura, o caminho para o crescimento

Em um ano e meio, investimentos transformaram o setor capaz de levar a capital a outros patamares

Por Ian Ferraz, da Agência Brasília | Edição: Freddy Charlson

O Distrito Federal é uma grande área rural e é possível provar isso com números. Quer ver só? O DF tem uma área total de 578 mil hectares, sendo que 404 mil deles estão na área rural, o que representa 70% do nosso território. Todo esse tamanho reforça a importância de um grande diamante, ou melhor, um grande campo a ser lapidado: a agricultura.

É isso que o Governo do Distrito Federal (GDF) tem feito neste um ano e meio de gestão: investir em ações e melhorias no setor por acreditar que ele pode, sim, transformar o DF. 

Coordenada pela Secretaria de Agricultura (Seagri), as medidas tomadas vão desde a compra de alimentos, financiamento, doação de insumos e aparelhos, treinamentos no campo e liberação de crédito rural até a recuperação de estradas de terra e de canais de irrigação.

“A agricultura é, hoje, responsável pelo equilíbrio da balança comercial do Brasil. Juntos, vamos construir uma agricultura melhor, mais forte e mais robusta para o crescimento do DF”, afirma o secretário de Agricultura, Cândido Teles.

Conheça as medidas que colocam a agricultura na linha de frente no combate à crise provocada pela pandemia:

 

Plantando iniciativas, colhendo resultados

O trabalho no campo junto aos produtores é feito pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do DF (Emater-DF). Em 2019, ela realizou o maior número de atendimentos ao público desde 2016. Foram 170.360 atendimentos no ano passado, entre cursos, oficinas, dias de campo e visitas destinadas a agricultores familiares e produtores patronais.

Acompanhe a evolução com o passar dos anos:

Uma das iniciativas de atendimento ao público da Emater é o projeto Filhos deste Solo. Ele oferece curso gratuito de empreendedorismo para jovens rurais com o objetivo de transformar ideias em negócios.

Criado em 2019, se espalhou por núcleos rurais acolhendo jovens com boas ideias e que pretendem permanecer ou empreender no campo para desenvolver sua própria empresa ou negócio.

Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília

A bióloga Yara Ballarini foi da primeira turma do projeto Filhos deste Solo e hoje produz cogumelos comestíveis e medicinais. Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília

Foi a partir do projeto que nasceu a Caliandra Cogumelos, idealizada pela bióloga Yara Ballarini.

Ela participou da primeira turma do Filhos deste Solo e atualmente produz cogumelos comestíveis e medicinais.

“Sempre fui apaixonada por sustentabilidade e conservação do meio ambiente. Apareceu essa oportunidade do cogumelo e vi que poderia juntar essas duas coisas. Já o curso foi ano passado, fiz no IFB de Planaltina. Foi muito legal porque foi a primeira vez que eu vi um curso de empreendedorismo voltado para o meio rural”, conta Yara.

“A gente sabe que o meio rural tem as suas particularidades, o seu tempo, não é de uma hora para outra. Tem toda uma lógica voltada para o campo e esse curso tinha essa lógica. Por isso, eu gostei tanto. Foi legal que tive todo o suporte da Emater, e ainda estou tendo”, complementa a empreendedora.

Conheça essa história:

Ceasa se vacina contra a crise

Manter as vendas e investir em tempos de pandemia é uma tarefa que se tornou ainda mais difícil. No entanto, há quem contrarie essa linha, assumindo um protagonismo no enfrentamento à crise. A Centrais de Abastecimento do Distrito Federal (Ceasa-DF) tem provado, com diferentes iniciativas, que o coronavírus não vai derrubar um dos locais favoritos do brasiliense para comprar alimentos e insumos frescos.

[Olho texto=”A Ceasa tem procurado investir e tem feito investimento alto em nome da comunidade, do melhor atendimento ao produtor rural e ao grande atacadista, também. O que queremos é criar mais espaços para a comercialização porque a agricultura é a sustentação do nosso país.” assinatura=”Onélio Teles, presidente da Ceasa-DF” esquerda_direita_centro=”direita”]

Desde a chegada do coronavírus ao DF em março – quando foi confirmado o primeiro caso na região –, a venda de alimentos no local se manteve dentro da normalidade. Na Ceasa, produtos com origem do Distrito Federal aumentaram as vendas em 13% de fevereiro para março e em 3% de março para abril. Até 26 de maio, foram comercializados 22 mil toneladas de alimentos.

O desempenho do Mercado Livre do Produtor, a popular Pedra, também é positivo. Em 2017, eram 480 produtores ocupando o espaço, número que passou para 520 em 2019 e que vai atingir 553 em junho, com os novos contemplados. A Pedra ou Mercado Livre é o coração da Ceasa, onde os produtos são comercializados às terças e quintas-feiras.

Já a quantidade de feirantes do Varejão se manteve estável em 198 ocupantes, comprovando que as atividades por lá não foram arruinadas pela Covid-19.

Ampliação da área

Aliado aos dados estáveis de volumes comercializados em 2020, a Ceasa-DF investiu R$ 22 milhões – com recursos da própria receita – na construção de três novos pavilhões. Dois deles são compostos de 18 boxes de 288m² cada, e um outro pavilhão com cinco boxes de 233m², cada. Os três boxes possuem pé direito de 10,5m de altura, o que permite a estocagem vertical, ou seja, mais mercadorias utilizando menos espaço.

Luciano Vilela é um dos permissionários desses novos pavilhões. Nascido e criado na Ceasa, o proprietário da empresa Banco de Caixas está animado. “Esses pavilhões representam uma ampliação das atividades dos permissionários que aqui estão e de novos mercados que são criados, novas demandas em relação à modernidade desses pavilhões. Eles são um prelúdio do que é uma Ceasa moderna”, conta Vilela.

Conheça a história dele e dos novos pavilhões:

Investimento e quitação de dívidas

Toda essa ampliação da Ceasa, que pode ser vista de longe por quem cruza a Estrutural, por exemplo, e de perto por quem visita o local, conta com apoio em outra ponta: das finanças.

Em um esforço concentrado da diretoria financeira nos últimos seis meses, a empresa quitou dívidas contraídas em gestões anteriores, buscou o equilíbrio e realizou, com recursos próprios, investimentos, obras de melhorias e revitalização na ordem de R$ 7.192.663,79. Atuação que traz retorno de caixa no curto prazo.

No primeiro semestre de 2019, a Ceasa teve uma arrecadação de R$ 19.342.630,58, o que representa um aumento de 48,16% em relação ao montante arrecadado no mesmo período de 2018.

A Ceasa-DF também focou no controle da inadimplência, que teve redução de 32%, o que significa um maior equilíbrio das contas e maior efetividade na arrecadação.

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Outra frente bem-sucedida da Ceasa é o Banco de Alimentos, responsável pelo combate à insegurança alimentar, que é a falta de acesso aos alimentos por parte da população. O desempenho em 2019 fez com que esse braço da Ceasa-DF ganhasse novas frentes.

No ano passado, as doações chegaram a 1 tonelada, sendo mais de 500 kg de alimentos doados por meio do eixo de Aquisição; mais de 300 kg pelo eixo Desperdício Zero e mais de 100 kg de alimentos a partir do eixo de Doação Solidária, promovido a partir de parceria com empresas do setor público e privado da capital.

Agora em 2020, devido às diversas parcerias e ao aumento significativo de doações, o Banco de Alimentos estendeu seu atendimento para além das instituições, assistindo, também, famílias em situação de vulnerabilidade alimentar. Ainda houve incremento no número de instituições cadastradas. 

Neste ano, foram 222,5 toneladas de alimentos distribuídos. Em abril, destaque para o Eixo Doação Solidária, responsável por 45,1 toneladas deste montante.

Outra novidade é que o Banco de Alimentos passou a doar proteína animal. O gesto partiu de um ato solidário da Associação de Criadores de carne suína, DFSUIN e Sindsuínos com donativo de 1,5 tonelada de carne suína. Além disso, no início deste ano, a partir da parceria com a Secretaria de Esportes do Distrito Federal, foram arrecadados, na Corrida de Reis, 58 toneladas de alimentos não perecíveis que foram repassados para as instituições atendidas pelo Banco de Alimentos.