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29/08/2020 às 08:03, atualizado em 01/07/2021 às 12:27
Governo disponibiliza o insumo para quase 11 mil agricultores locais. Em Ceilândia, com ajuda da administração regional, até o frete sai de graça
Na produção rural, o adubo marca o início do processo de germinação na terra. Sem ele, plantas, verduras, legumes, frutas e tubérculos não conseguiriam nascer, crescer e se transformar nos produtos que compramos em mercados e feiras. Com o intuito de incentivar a produção rural no DF, o GDF disponibiliza gratuitamente centenas de toneladas de adubo orgânico para 10.486 agricultores locais.
O processo funciona da seguinte maneira: para ter acesso ao material, o produtor rural precisa ser cadastrado na Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-DF) e regularizado. Caso ele solicite, a empresa disponibiliza até 90 toneladas de compostos orgânicos produzidos pelo Serviço de Limpeza Urbana (SLU) e mais uma mistura com biofertilizante em proporção de 30 toneladas por hectare de área a ser cultivada – um hectare equivale a 10.000 metros quadrados de terra. Este ano, a Emater-DF atendeu 10.846 produtores cadastrados. Só do SLU, são 21 mil toneladas/ano.
O material distribuído para os produtores rurais chama-se composto orgânico de lixo (COL), obtido por meio da compostagem dos resíduos orgânicos domiciliares e produzido em duas Usinas de Tratamento Mecânico Biológico do SLU, localizadas na Asa Sul e em Ceilândia.
“A Emater-DF trabalha para criar oportunidades para que o agricultor, principalmente o pequeno, tenha condições de gerar renda e ocupação no campo. Essa é uma diretriz do GDF que temos como missão. Dessa forma, nós fazemos tudo o que está ao nosso alcance para garantir a produção de alimentos de forma sustentável e criar qualidade de vida no campo”, ressalta a presidente da Emater-DF, Denise Fonseca.
Auxílio no transporte
A Emater-DF oferece o adubo, ficando a cargo do produtor rural o frete para transportar o COL até a sua propriedade. Também pensando em ajudar os pequenos produtores e chacareiros de assentamentos de Ceilândia, o GDF, por meio da Administração Regional, disponibilizou dois caminhões para o traslado do material. Cerca de 450 toneladas de adubo já foram distribuídas para agricultores da região.
Antônia Cássia Alves de Sousa, agricultora e presidente da Associação de Produtores Rurais do Incra 9, foi uma das beneficiadas com a iniciativa. Em sua propriedade, ela planta milho, abóbora, quiabo e banana e ressalta a importância da economia que a iniciativa do GDF tem no seu planejamento: “Vou poder usar o dinheiro que eu pagaria no frete da entrega para contratar o pessoal que vai me ajudar a espalhar o adubo e preparar a terra. Com o governo me ajudando, vou poder crescer, produzir e comercializar meus produtos, trabalhar pra mim mesma e ajudar a criar meus três filhos”.
Na propriedade de Benedito Alves Santana, localizada no Núcleo Rural Boa Esperança, 60 toneladas de adubo foram entregues esta semana e ajudarão na plantação de quiabo, pimenta-de-cheiro e pimentão. “Essa doação é muito boa, porque as coisas são muito difíceis pra gente. É difícil o custo, só de frete eu pago entre R$ 250 e R$ 280 pro caminhão entregar o adubo aqui”, relata.
“Nosso intuito com a distribuição do adubo é ajudar o pequeno produtor rural a desenvolver e explorar cada vez mais o potencial da região”, ressalta o administrador regional de Ceilândia, Marcelo Piauí.
Agricultura e sustentabilidade
“O COL é muito rico em matéria orgânica, além de ser um passivo ambiental de lixo que retorna ao meio ambiente de forma sustentável. A doação viabiliza uma produção mais diversificada com um custo reduzido”, destaca o coordenador de operações da Emater-DF, Pedro Braga.
A Empresa destaca que o COL é um preparador do solo e deve ser utilizado com o auxílio de um engenheiro agrônomo. A distribuição do adubo é concentrada neste período do ano, marcado pela seca, por preceder o próximo período chuvoso e, com isso, dar tempo para os produtores prepararem o solo com planejamento e assertividade.
Além disso, para utilizar o COL em sua propriedade, o agricultor precisa obter junto a um profissional devidamente habilitado por conselho de classe (engenheiro agrônomo, florestal ou técnico agrícola) a Recomendação Técnica para liberação e uso do material. No DF, quem disponibiliza este documento é a Emater-DF.