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30/08/2020 às 09:27, atualizado em 30/08/2020 às 09:51
Profissionais especializados desenvolvem ações do serviço Consultório na Rua e em unidades de acolhimento do Distrito Federal
Profissionais com formação específica para saúde de pessoas em situação de rua reforçam o atendimento no Distrito Federal e, desde o início da semana, participam da operação integrada de assistência social do governo no Setor Comercial Sul (SCS). Do total de 76 residentes da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Brasília, 24 já atuam com foco nessa população vulnerável em unidades de acolhimento e Consultórios na Rua.
[Olho texto=”“É um jeito de devolver para a comunidade o que aprendemos na universidade. Essas atividades, preventivas, são importantes para prevenir agravos futuros”” assinatura=”Gleice Kelly, assistente social” esquerda_direita_centro=”centro”]
O reforço de profissionais é uma parceria entre a Fiocruz Brasília e as secretarias de Saúde (SES) e de Desenvolvimento Social (Sedes). “Os residentes atuam com foco em educação e saúde com as pessoas acolhidas ou abordadas, com atendimento, orientação e cuidados. São enfermeiros, nutricionistas, educadores físicos, fisioterapeutas, assistentes sociais, médicos que também trabalham na melhoria das capacidades física e mental desse público”, explica a subsecretária de Assistência Social da Sedes, Kariny Alves.
[Numeralha titulo_grande=”21 ONGs” texto=”recebem orientação de assistência social e reforçam ação” esquerda_direita_centro=”centro”]
Pesquisador da Fiocruz Brasília, Guilherme Gomes conta que o plano interinstitucional consiste em levar a intervenção em saúde pública mais adequada à população em situação de rua. “Foi construído um reforço da força de trabalho e de ações qualificadas. Os residentes da Fiocruz receberam formação específica de 30 horas para saúde de pessoas em situação de rua, com clínica voltada para esse contexto, e também para emergência sanitária”, explica.
Nesta sexta-feira (28), a equipe de atendimento à população vulnerável do SCS teve a participação de duas enfermeiras e uma profissional de serviço social vinculadas à iniciativa. Elas, que nunca tinham trabalhado com esse público específico e delicado, fizeram busca ativa pelo setor de forma a entender as demandas de cada um, inclusive com testes para Covid-19.
“É questão de redução de danos e empatia, com um atendimento diferenciado. Na maioria dos casos têm questões de saúde mental, alcoolismo, abuso de drogas. Isso para a gente chega como um desafio na busca de garantir os direitos desse público”, observa a enfermeira Brenda Barros, 23 anos.
Em caso de necessidade, pacientes são encaminhados para uma Unidade Básica de Saúde (UBS). Pela formação em Atenção Primária, as residentes da Fiocruz direcionaram dois turnos da carga horária que seria aplicada em UBS para o atendimento à população de rua.
“É um jeito de devolver para a comunidade o que aprendemos na universidade. Essas atividades, preventivas, são importantes para prevenir agravos futuros”, observa Gleice Kelly, 27 anos, assistente social.
Gerente de Atenção à Saúde de Populações Vulneráveis e Programas Especiais da Secretaria de Saúde, Denise Leite Ocampos afirma que a iniciativa permite potencializar a assistência às pessoas que, por diversos motivos, acabam nas ruas e se tornam ainda mais vulneráveis devido ao coronavírus.
“A parceria veio em excelente momento. Precisávamos muito de outros profissionais para nos ajudar dentro dos serviços de acolhimento, onde há equipes da Sedes, mas não tem profissionais da saúde e os integrantes da rede não podem se deslocar tanto”, explica.
Os residentes, junto com essas equipes, conseguem dar mais orientações para as pessoas que trabalham com aqueles em situação de rua, assim como os próprios usuários dos serviços de acolhimento. “Assim é possível monitorar e prevenir a disseminação da doença”, acrescenta Denise.
São três conjuntos de ações no Plano de Ação Interinstitucional. Nos abrigos, os residentes fazem retaguarda especializada e são executados serviços de biossegurança, atendimentos individuais e atividades em grupo, inclusive voltadas para minimizar o estresse e dinamizar medidas para que as pessoas continuem abrigadas e protegidas.
Nas ruas, para aqueles que não quiseram ser abrigados, é realizado apoio clínico assistencial para as ações dos Consultórios na Rua do DF. Além disso, ainda há apoio e orientação para voluntários de 21 organizações não-governamentais (ONGs).
“Essa parceria vem para garantir o cuidado integral desta população que já vive em situação de risco social. E que, com a pandemia, ficou mais vulnerável. É a integração da assistência e da Saúde para acabar com as dificuldades de acesso aos centros de saúde”, afirma a secretária de Desenvolvimento Social, Mayara Noronha Rocha.
Além das unidades provisórias do Autódromo Internacional Nelson Piquet, no Plano Piloto, e do Estádio Maria de Lourdes Abadia (Abadião), em Ceilândia – equipamentos públicos que, juntos, têm capacidade para até 400 pessoas –, os profissionais também atuam em outras frentes de acolhimento institucional: a Unidade de Acolhimento para Adultos e Famílias, a Unidade de Acolhimento para Mulheres (Unam) e Unidade de Acolhimento para Idosos (Unai). Além disso, também há reforço no Instituto Inclusão de Desenvolvimento e Promoção Social, abrigo conveniado do GDF.
Hoje, a Sedes atua como parceira em um Termo de Cooperação Técnica firmado entre a Fiocruz e a Secretaria de Saúde. A intenção é de que nas próximas semanas seja firmada uma parceria direta – sem custos extras à pasta – com expectativa de extensão das atividades para além da pandemia.
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A ação integrada no Setor Comercial Sul visa prestar ações continuadas às cerca de 1,8 mil pessoas em situação de rua mapeadas no DF, com garantia de dignidade, valorização, respeito à vida e cidadania. Nesta semana, a equipe multidisciplinar fez 57 atendimentos de saúde para quem manifestou interesse voluntário, uma vez que o serviço não pode ser compulsório.
Além das pastas de Desenvolvimento Social e Saúde, fazem parte do mutirão de ações e serviços as secretarias da Mulher, de Justiça e Cidadania (Sejus), de Segurança Pública (SSP) e de Trabalho, além da Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal (Codhab), da Companhia Energética de Brasília (CEB), da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), da Defensoria Pública, das polícias Militar e Civil, da Defesa Civil, do Departamento de Trânsito (Detran-DF) e do Corpo de Bombeiros (CBMDF).