14/09/2020 às 19:10, atualizado em 15/09/2020 às 10:07

Hospital Modular: quase 90% de índice de recuperação

Com apenas dois meses de funcionamento, unidade já atendeu 479 pessoas infectadas, das quais apenas 59 continuam internadas

Por Ian Ferraz, da Agência Brasília | Edição: Fábio Góis

Novo em folha, hospital foi erguido em 33 dias | Foto: Acácio Pinheiro / Agência Brasília

Dois meses de muitas vidas salvas. O Hospital Modular de Ceilândia comemora os índices de recuperação desde a inauguração da unidade, em 13 de julho. Destinada ao tratamento exclusivo de pacientes com Covid-19, a unidade admitiu 479 enfermos desde então, dos quais 415 receberam alta e dois vieram a óbito. O índice de recuperação chega a 86,6%, enquanto o de morte está bem abaixo da média distrital, 0,4%.

[Olho texto=”“Fiquei sete dias aqui. As condições são excelentes e o tratamento que recebi foi sempre no sentido de melhorar minha autoestima. Foi nota 10”” assinatura=”Geraldo dos Reis, motorista de aplicativo” esquerda_direita_centro=”centro”]

Atualmente, 57 pessoas estão internadas no local, recebendo os devidos cuidados dos profissionais de saúde. A unidade modular está anexada ao Hospital Regional de Ceilândia (HRC) e foi construída em tempo recorde, reforçando o compromisso do Governo do Distrito Federal (GDF) de combater o coronavírus de forma responsável. O hospital de 1.015 metros quadrados foi erguido em 33 dias e logo entrou na rede de atendimento à Covid-19 no DF.

Com capacidade para 63 leitos, o hospital recebeu 148 servidores temporários. Foram lotados 18 clínicos gerais, 30 enfermeiros e 100 técnicos de enfermagem. A estrutura – de saltar aos olhos – ainda de dispõe de farmácia, três postos de enfermagem, dois depósitos de materiais, área para lavagem de material, sanitários adaptados e copa para funcionários.

Estrutura que surpreende o motorista de aplicativo, Geraldo dos Reis Ferreira, de 63 anos, internado no hospital. “Fiquei sete dias aqui. As condições são excelentes e o tratamento que recebi foi sempre no sentido de melhorar minha autoestima. Foi nota 10”, disse.

Geraldo, que tem diabetes e é hipertenso, teve 35% do pulmão comprometido pela doença, mas venceu a batalha na sexta-feira (11). Ele se preparava para receber alta enquanto conversava com a reportagem da Agência Brasília.

Supervisora da unidade, Maria Lopes é servidora da Saúde há 30 anos | Foto: Acácio Pinheiro / Agência Brasília

Assim como ele, o aposentado Francisco das Chagas Lima, de 75 anos, preparava-se para deixar o hospital na sexta-feira. “Faço hemodiálise e os cuidados aqui sempre foram muito bons. Eles me levam na clínica para fazer a diálise e me acompanham o tempo todo. Aqui é um hospital muito bom e hoje eu sinto que nasci de novo”, relata.

Tal retorno dos pacientes enche os olhos de quem está na linha de frente no combate à Covid-19, como o médico Daniel Bonfim. “A gente fica comovido e não deixa de agradecer o carinho dos pacientes. O que temos visto aqui, nas últimas três semanas, é uma queda nos casos mais graves. Isso nos anima, também”, comemora.

[Olho texto=”“Trabalhar em um lugar assim traz tranquilidade para seguir nosso trabalho e prestar nossa assistência sem nos expor”” assinatura=”Daniel Bonfim, médico do hospital modular” esquerda_direita_centro=”centro”]

Daniel conta que, no início da pandemia, o trabalho foi mais complicado em razão da novidade que o coronavírus representava, além da apreensão gerada pela doença. Ele também relata que ter uma estrutura adequada para trabalhar, como a que o hospital modular oferece, motiva os profissionais. “Trabalhar em um lugar assim traz tranquilidade para seguir nosso trabalho e prestar nossa assistência sem nos expor”, afirma.

Ainda segundo o médico, a pandemia trouxe um senso de coletividade entre os profissionais e até de reaproximação com antigos colegas. “Estamos sempre trocando informações, lendo artigos. Até meus grupos com amigos da faculdade voltaram a se movimentar, trocar mensagens”, arremata.

Futuro pós-pandemia: unidade modular deve ser transformada em clínica médica | Foto: Acácio Pinheiro / Agência Brasília

Esse senso de coletividade também é observado pela supervisora do hospital modular, Maria Lopes. Servidora da Secretaria de Saúde há 30 anos, Maria conta que nunca tinha visto nada parecido na profissão, em um contexto de desafios em série provocados pela Covid-19.

“Tem sido um grande aprendizado. As equipes se sincronizaram ainda mais, estão comunicando melhor. Esse hospital é um grande ganho para Ceilândia. Nos organizamos como pudemos para esse momento e tenho visto o empenho de todos, formando uma grande corrente do bem”, destaca.

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A expectativa do Hospital Regional de Ceilândia (HRC) para o pós-pandemia é transformar a unidade modular em clínica médica, que é uma grande demanda da população de Ceilândia e região. Com ou sem pandemia, fica o legado da estrutura para a população da cidade e todos os que buscam atendimento por lá.

Responsabilidade social

A empresa JBS, por meio do programa Fazer o Bem Faz Bem, doou R$ 11 milhões para o enfrentamento do coronavírus no Distrito Federal, incluindo o valor a construção do hospital modular. Além da nova unidade em Ceilândia, o DF tem recebido da empresa equipamentos de proteção individual (EPIs), itens de higiene e limpeza e cestas básicas para instituições sociais, benefícios que devem impactar mais de 2,5 milhões de pessoas.

As doações integram um esforço nacional da JBS de enfrentamento à Covid-19. Ao todo, a empresa pretende doar R$ 400 milhões a 19 unidades da Federação e a mais de 200 cidades.