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29/09/2020 às 20:51, atualizado em 29/09/2020 às 21:02
Para celebrar o Dia do Doador de Órgãos, almofada com estampa verde em formato de coração foi o símbolo escolhido para familiares de doadores
Durante cinco dias, a equipe da Central Estadual de Transplantes do Distrito Federal foi até algumas famílias de doadores de órgãos no DF levar um presente especial pelo grande gesto de amor. Juntamente com uma almofada em formato de coração, um livreto foi entregue contendo algumas histórias de quem recebeu um órgão e teve a vida renovada pelo transplante. A ação, em comemoração ao Dia Nacional do Doador de Órgãos, percorreu todo o DF para levar alegria àqueles que disseram “sim” à transformação de uma vida.
[Numeralha titulo_grande=”8 vidas” texto=”podem ser salvas por um doador em caso de morte encefálica” esquerda_direita_centro=”centro”]
Na casa da dona Palmira Ferreira de Souza, 72 anos, a família toda aguardava por uma visita comum da equipe da central. Estavam o esposo de Palmira, seu José de Souza Neto, 78 anos, a filha Jovisleide Ferreira de Souza e alguns netos na varanda da casa humilde no Setor O, em Ceilândia.
“A gente veio para agradecer o gesto de amor da família por ter doado os órgãos do Gilmar. É um momento muito difícil, mas, por outro lado, têm as pessoas que estão aguardando, que também estão precisando de um órgão para continuar a vida. No caso dele foi a doação de córneas”, recorda o auxiliar de enfermagem, João Luis de Sousa, ao entregar o mimo à dona Palmira.
O profissional ainda explicou que, no caso de doação de córneas, são duas pessoas que recebem o material doado, uma córnea cada um. “Então, cada pessoa que está aguardando por essa cirurgia faz uma vez de cada olho”, explica João Luis.
Dona Palmira só consegue agradecer. “Muita saudade do meu filho, mas também muito feliz por essa pessoa que está enxergando hoje com os olhos que ele deixou. Para mim é maravilhoso, só tenho a agradecer a Deus. Muito obrigada”, disse a dona de casa, emocionada.
Gilmar faleceu em fevereiro, em casa, por engasgo. A mãe estava em viagem e quem precisou decidir foram o pai e os irmãos. “Hoje a maioria de nós já manifestou o desejo de ser doador”, conta Jovisleide, a irmã que auxiliou na decisão.
“Ninguém está pronto”
Mesmo tendo trabalhado por 35 anos na Secretaria de Saúde, Lilian de Oliveira Souza, 65 anos, não conseguiu pensar, no primeiro momento, na possibilidade de doar os órgãos ao ver o filho Wenderson falecer aos 41 anos de idade. Quem a questionou foi seu outro filho, Warley, que teve a resposta positiva da mãe para autorizar a doação. No momento da visita da equipe, Warley não estava em casa, mas dona Lilian recebeu, emocionada, a homenagem.
“Eu gostei, amei. Assim, nesse ponto aqui foi a primeira, foi meu mesmo, do meu filho. Mas eu já recebi várias homenagens nesse sentido quando trabalhava. Faz cinco anos que aposentei. Trabalhei 35 anos na Secretaria de Saúde, como técnica de enfermagem, na UBS [Unidade Básica de Saúde] aqui na regional de Ceilândia. A família toda, praticamente, trabalhou”, recordou a aposentada.
Nesse momento fez-se uma pausa, e ela abraçou o presente. “Esse gesto meu [abraço em meio às lágrimas por trás dos óculos]… Assim, na hora você não tem reação nenhuma. Eu tive que constatar o óbito, tive que fazer tudo. E foi doído. O meu menino veio me perguntar: ‘Mãe, você vai doar’? Aí eu lembrei que tinha um documento muito antigo, eu não sei se eu guardei. Mas aí eu disse ‘vai’ [doar]. E a minha neta disse: ‘O que a senhora fizer para mim tá bom’. Espero que a pessoa que tenha recebido esteja bem satisfeito, que esteja iluminando a vida”, desejou Lilian com lágrimas nos olhos, diante do carinho recebido.
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Dessa vez quem entregou o mimo foi a residente de enfermagem Mylena Moreira. E, assim, a equipe despediu-se com um longo e repetido adeus, ao portão da casa de esquina no Sol Nascente.
O recomeço
Bernardo Teixeira e Ana Passarela são pais da pequena Mariana e receberam o presente da equipe da Central de Transplantes na tarde desta terça-feira (29). Emocionados, eles lembram da pequena que ajudou a salvar outras vidas. O gesto de amor que fizeram após o falecimento da filha significou o recomeço para outras famílias.
Para ser um doador…
Há dois tipos de doadores. O primeiro é o doador vivo, uma pessoa que concorde com a doação de um dos seus rins ou parte do fígado, da medula óssea e parte do pulmão.
Nesses casos, geralmente os doadores são parentes ou familiares que têm órgãos compatíveis com a pessoa que precisa receber. Tratando-se especificamente da medula óssea, interessados podem se cadastrar na Fundação Hemocentro de Brasília (FHB) para ser um candidato à doação.
O segundo tipo é o doador falecido, um paciente com diagnóstico de morte encefálica ou morte por parada cardíaca, com doação autorizada pela família.
Para ser doador, nos casos de falecimento, basta informar à própria família sobre a vontade de doar, pois somente ela pode autorizar a doação dos órgãos após o diagnóstico de morte encefálica ou falecimento por parada cardíaca. No caso de morte encefálica, cada doador pode salvar até oito vidas.
* Com informações da Secretaria de Saúde