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15/10/2020 às 14:11
Duas professoras com trajetórias distintas – uma tem 47 anos de profissão e outra estreou em agosto – falam sobre sua escolha profissional
Ser professor é mais que uma profissão, é um ato de amor. Esta é a definição resumida de Rosemary Sales Uchoa de Castro Lima, que acumula vasta experiência no magistério. No Dia do Professor, ela e sua colega Letícia Fernandes Costa são as personagens que falam sobre a profissão.
Em comum, a paixão pelo ofício de duas pessoas de gerações bem distantes. Rosemary tem 72 anos e mais de quatro décadas de trabalho – são 47 anos dedicados ao ensino –, enquanto Letícia, de 25 anos, estreou há pouco. A rede pública de ensino do DF tem mais de 35 mil professores registrados na Secretaria de Educação (SEE), e as duas estão entre a categoria que, este ano, esbarrou no mesmo desafio: a pandemia de Covid-19. Tanto Rosemary quanto Letícia, com vivências tão diferentes, se adaptaram e seguem firmes. Acompanhe, a seguir, um pouco da trajetória de cada uma dessas professoras.
Mudança de ideia
Rosemary pretendia fazer o curso de direito, mas foi guiada por outra ideia quando ia se matricular na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). “Eu não ia ser professora, mas no meio do trajeto para a faculdade, para efetivar a matrícula, mudei de opinião”, conta. “Quando cheguei em casa, meu pai questionou se eu havia me matriculado em direito e eu disse que não – mas em letras, para o espanto dele”.
O pai, por ser funcionário do Banco do Brasil, precisou vir para Brasília em março de 1971. Em 1973, já formada no curso de letras e atuando em escolas renomadas da rede privada, Rosemary foi aprovada em terceiro lugar num concurso público e passou a trabalhar no Gama. Em sua trajetória, consta um mestrado em Ciências da Educação e Políticas Públicas pela Universidade Lusófona de Lisboa (Portugal).
Desde março deste ano na coordenação do CEF 103 da Asa Sul, ela já passou por unidades em todo o DF, e relembra, com saudade, os tempos em que atuou na Escola Classe do Setor Militar Urbano: “Eu fui para lá sem querer, era muita criança, e trabalharia apenas como coordenadora, mas me apaixonei pela escola, que é excelente. Aprendi muito lá”.
Atualmente, ela é mais uma profissional a lidar com atividades remotas, em função da pandemia. Familiarizada com as plataformas de aprendizado, manifesta-se otimista: “Tem tudo para dar certo. A gente vê pessoas interessadas e como elas podem dar o melhor de si. Acho que essa tecnologia veio para ficar, mesmo quando as aulas presenciais voltarem”.
Casada com um médico e mãe de dois filhos advogados, Rosemary diz que, se fosse voltar no tempo, teria duas profissões. “Seria advogada e professora”, afirma. Disposição não lhe falta: atualmente, está em dúvida entre um doutorado e o ingresso em um curso de direito.
Início de carreira
Os anos de serviço à educação no DF de Rosemary representam exatamente a diferença de idade entre ela e a professora mais jovem da SEE. Letícia Fernandes Costa foi empossada em agosto deste ano numa escola em que já chegou a atuar como professora substituta. “Estou muito feliz em fazer parte da rede da Secretaria de Educação, porque sempre admirei muito o trabalho realizado no Distrito Federal”, afirma a jovem.
Atualmente, a lotação da recém-empossada é o Jardim de Infância 02 do Gama. Mas essa missão também é provisória, e Letícia deve seguir novos rumos, com o remanejamento. Para ela, todo desafio é bem-vindo – tanto que, quando atuava como professora substituta, antes da pandemia, fazia diariamente o percurso de Luziânia (GO) ao Gama.
“Vale muito a pena”, diz. “Desde criança eu sonho em ser professora. Nunca tive outra profissão em mente, acho que é vocação mesmo. Gosto de ensinar e sou apaixonada pelas crianças.”
Para ela, a pandemia também é um aprendizado. “No início foi muito difícil, mesmo para mim, que já tinha conhecimento em tecnologia, mas precisei aprender muitas coisas novas”, lembra. “Os cursos da Secretaria de Educação foram muito proveitosos, e, mesmo quando voltarmos com as aulas presenciais, teremos benefícios com essa nova realidade”.
Pressa não faz parte da dinâmica de Letícia: é um passo a cada vez. Ela pretende fazer um mestrado na área de educação e, mais tarde, chegar às universidades para lecionar. Enquanto isso, segue com o planejamento para todas as crianças dentro e fora de sala de aula. “Almejo poder dar continuidade ao trabalho de inclusão de todos aqueles que ainda precisam e, assim, desempenhar plenamente o meu papel como professora e transformar vidas”, idealiza.
* Com informações da SEE