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20/11/2020 às 18:21, atualizado em 20/11/2020 às 18:26
Método Canguru e uso do sling foram destaques no Chá da Prematuridade, promovido pelo HMIB
“A prematuridade é vista por muitos como algo negativo, mas é uma antecipação da hora dos pais conhecerem seus filhos”, dizia a mensagem lida no “Chá da Prematuridade”, evento alusivo ao Novembro Roxo, no Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib). Cerca de 40 mães e pais que estão com bebês internados na unidade de neonatologia do hospital, e outros que já receberam alta, participaram de uma palestra sobre o Método Canguru e uma oficina sobre como usar o sling, um tipo de carregador feito de amarrações em pano. A atividade aconteceu na tarde da quinta-feira (19).
Ana Jéssica Miguelista e Juliano dos Reis Araújo aguardavam ansiosos a vez de colocar em prática o uso do sling. O casal tem duas filhas gêmeas que nasceram com 33 semanas de gestação. Cecília precisou de apenas um dia na Unidade de Tratamento Intensivo do Hmib, enquanto a pequena Catarina encarou uma jornada de muitas dificuldades, cirurgia, foi desenganada pelos médicos. No último sábado (15) ela recebeu alta depois de 97 dias na UTI, mas continua sua recuperação no hospital.
Durante todo o evento, Catarina ficou no canguru, no pele a pele junto ao peito do pai. Ambos estavam ansiosos para experimentar o carregador que ganharam. “Já tinha pensado por causa da facilidade de manter no corpo, acaba que é quase a mesma ideia do canguru. Você não sente quase nem o peso”, relatou Ana enquanto Cecília parecia dormir aconchegada dentro do sling.
Histórias de lutas e vitórias não faltaram durante o evento. Com o seu bebê saudável e em casa, Adriana Silva contou sua história para todos os presentes, enquanto o seu esposo, Davi, era quem cuidava do filho Daniel. O bebê está com seis meses de idade cronológica e três de idade corrigida. Nascido de 28 semanas, permaneceu internado por 40 dias na UTI e outros 17 na Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal. Mas a luta pela vida de Daniel começou antes de seu nascimento.
“Ele é o terceiro bebê prematuro. O primeiro teria hoje 24 anos de idade e outra bebê foi pedida em 2017. E no parto dela que eu descobri que tinha incompatibilidade istmo cervical, o meu colo abre, no sexto mês. Do Daniel, como eu já sabia, tive todos os cuidados, mesmo assim com 26 semanas a bolsa se rompeu e eu consegui segurar até 28 internada no alto risco”, relatou a mãe com sorriso largo por finalmente realizar seu sonho. Já o pai, Davi, que segurava Daniel, foi o primeiro a se voluntariar para amarrar o carregador. “Achei oportuno eles estarem presenteando e aí eu quis logo utilizar. Eu vinha sonhando com esse momento há um tempo”, comemorou.
A facilitadora da oficina foi a Carina Alves, que é doula e também trabalha ensinando as famílias a utilizar o sling. Ela também promoveu uma campanha para arrecadar os panos dos carregadores que foram doados às mães dos prematuros que se encontram internados no HMIB. A atividade foi registrada por dois fotógrafos voluntários, Ana Paula Martins Batista e Luis Müller.
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Benefícios do Método Canguru e do Sling
O Chá da Prematuridade foi organizado pelos tutores do método canguru no HMIB e pela psicóloga Carolina Leão, que é uma entusiasta do método. De acordo com a profissional, a intenção do evento foi disseminar o método pelos benefícios que ele traz para os bebês, mães e toda a família.
De acordo com Carolina, o canguru é uma tecnologia humana que traz benefícios como a diminuição no tempo de internação, melhoras na produção de leite materno, no vínculo da mãe com o bebê e auxilia no ganho de peso do prematuro. “O sling também simula a bolsa do canguru e a oficina serve para as mães saírem da UTI já sabendo amarrar. E também para prolongar essa estratégia de vinculação”, afirmou a psicóloga, que é mãe de uma criança de três anos e elenca os benefícios que ela experimentou: “reduz cólica do bebê, melhora o sono, diminui o risco de infecção”.
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Para a fisioterapeuta Letícia Narciso, uma das tutoras do método, foi de grande importância a doação dos carregadores para as mães e ensiná-las o uso. “Nesse momento de pandemia essas mães vão sair daqui sem poder receber visita, sem poder sair com seus bebês, então quanto mais fortalecerem esse vínculo, melhor”. Ela ainda destacou que o sling possibilita realizar as atividades domésticas, por exemplo, tendo o bebê no colo de maneira segura e confortável e que a maioria das famílias não teriam condições financeiras de comprar um.
O Método Canguru é uma política pública e uma das medidas adotadas pelo Ministério da Saúde para a melhoria da qualidade da atenção à saúde da gestante, ao recém-nascido e sua família, como um modelo de assistência perinatal. Ele foi incorporado às ações do Pacto de Redução da Mortalidade Materna e Neonatal.
*Com informações da Secretaria de Saúde do DF