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22/11/2020 às 09:38, atualizado em 22/11/2020 às 18:33
Onze cidadãos com disfunções visuais, auditivas e físicas trabalham para colorir a capital com flores e árvores
As mãos de João Pimenta, 48 anos, se misturam com a magia da natureza. Ele é um dos responsáveis por cuidar das sementes do Viveiro I da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), localizado no Park Way. A deficiência que compromete 70% da sua visão não atrapalha o serviço diário. Pelo contrário, o tato sensível do servidor contribui para gerar os ipês e outras espécies de árvores no Distrito Federal.
João é um dos 11 funcionários com deficiência visual. Ele ingressou na companhia em 1998 e, desde então, faz parte da equipe que dá cor e vida aos mais de 500 canteiros ornamentais da capital. “Eu gosto do meu trabalho. A semente vira planta. É gratificante”, conta, tímido.
José Edson da Silva, 50 anos, por sua vez, faz parte da equipe de reciclagem do viveiro. Todo material do trabalho que vem da rua é reutilizado. “Reciclamos os saquinhos e os substratos [suporte onde as plantas fixam as raízes]. Dessa forma, é possível plantar outras espécies”, explica o auxiliar de serviços gerais.
[Olho texto=”“No meu dia a dia, eu uso muito a mão para trabalhar, então não tenho dificuldade. Eu sou muito feliz com o que faço. Ajudo a cidade a ficar mais bonita”” assinatura=”José Edson da Silva, auxiliar de serviços gerais do do Viveiro I da Novacap” esquerda_direita_centro=”esquerda”]
Diferentemente de João – que nasceu com quase toda a visão comprometida – José ficou completamente cego após um acidente com um cortador de grama. Uma pedra atingiu o olho dele. “No meu dia a dia, eu uso muito a mão para trabalhar, então não tenho dificuldade”, garante. “Eu sou muito feliz com o que faço. Ajudo a cidade a ficar mais bonita”, comemora.
Chefe da Divisão de Agronomia da Novacap e responsável pelos dois viveiros do DF, Janaina Gonzáles, reforça que a deficiência dos servidores fez com que eles desenvolvessem outras habilidades. “Principalmente com relação ao tato. Eles são mais sensíveis e ágeis, ou seja, não há diferença nenhuma para os outros colegas de trabalho”, relata.
Inclusão
Para o diretor de Urbanização da Novacap, Sérgio Lemos, os servidores com deficiência não só aprendem suas funções com maestria, mas, também, ensinam os outros. “Temos 150 jovens aprendizes – selecionados por uma instituição parceira – e 60 reeducandas, egressas do sistema prisional que convivem com eles diariamente”, comenta.
“Não podemos discriminar as pessoas, seja por gênero ou etnia, ou outros fatores. O trabalho das sementes, por exemplo, é muito importante para a conservação do nosso cerrado. Fazemos expedições nos estados, buscando sementes para manter o nosso bioma e eles fazem parte disso”, destaca Lemos.
Raimundo Silva, diretor de Parques e Jardins da Novacap, lembra que o viveiro é um patrimônio da capital. “A unidade nasceu com Brasília. São 26 hectares com mais de 100 espécies de flores”, ressalta. “A produção anual chega a um milhão e meio de plantas, embelezando a nossa cidade”, salienta.
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Inserção
Mesmo com a pandemia do novo coronavírus e as consequências que ela trouxe para todos os setores da sociedade, o GDF conseguiu atingir uma importante marca no que se refere ao mercado de trabalho para pessoas com deficiência: entre janeiro e setembro deste ano, 2.326 vagas foram destinadas para esse público em específico, e 604 foram preenchidas, o que corresponde a 25,9% do total.
O resultado expressivo é fruto de uma união entre a Setrab e a Secretaria da Pessoa com Deficiência (SEPD), que combinaram esforços para potencializar vagas para esse público. A Agência do Trabalhador da Estação 112 Sul do Metrô é a unidade especializada em acolher pessoas com deficiência, por ter 100% de acessibilidade e, também, por contar com a Central de Interpretação de Libras, que auxilia os deficientes auditivos na tradução e interpretação dos atendimentos.
A Secretaria da Pessoa com Deficiência também tem uma diretoria-geral que cuida diretamente dessa área. “A gente faz a ligação entre essas pessoas com as empresas para que eles sejam colocados no mercado de trabalho. Além disso, capacitamos os deficientes para que eles desenvolvam habilidades. As empresas também recebem orientações para que se preparem tanto fisicamente quanto verbalmente”, informa a titular da pasta, Rosinha da Adefal.
“Infelizmente, as pessoas com deficiência precisam provar suas habilidades para que tenham oportunidades no mercado de trabalho. O governo local está dando condições para que eles mostrem isso”, diz Rosinha.