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15/12/2020 às 15:05, atualizado em 15/12/2020 às 20:49
Projeto de 10 anos, filme integra o 53º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro e demonstra que não há limites para temáticas e narrativas na telona
Se há uma palavra que a cineasta e montadora pernambucana Natara Ney gosta de usar é afeto. É natural, portanto, que seu primeiro longa-metragem, o documentário “Espero Que Esta te Encontre e Que Estejas Bem”, seja norteado pelo sentimento do início ao fim. O filme abre a mostra competitiva de longa-metragem do 53º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, entre 15 e 20 de dezembro.
Projeto de 10 anos, a obra, com seu título poético, demonstra que não há limites para temáticas e narrativas no cinema. O filme relata a história de um amor que sobrevive há quase 70 anos, contada por centenas de cartas que se perderam na poeira da vida. Mais precisamente 110 correspondências, encontradas em janeiro de 2011 em um golpe de sorte do destino, em uma feira de antiguidades da Praça XV, Rio de Janeiro.
[Olho texto=”“O filme é uma reflexão sobre o tempo em que vivemos e a importância de preservar a memória, os arquivos”” assinatura=”Natara Ney, diretora” esquerda_direita_centro=”centro”]
“Cheguei às cartas durante pesquisa para um projeto de outra pessoa. Eram lindas e bem escritas”, lembra Natara, ainda emocionada com o achado. “Organizei tudo por ordem cronológica e comecei a ler. Aquilo era um diário que contava a vida de um casal durante dois anos; a expectativa daquele amor, da união de ambos, a chegada do casamento, a mudança das cidades”, conta a diretora.
As cidades às quais ela se refere são Campo Grande, capital sul mato-grossense, e o Rio de Janeiro, então Distrito Federal do país. Durante os anos de 1952 e 1953, os pombinhos trocaram intensas, apaixonadas e afetivas cartas de amor. À época, ele era um funcionário da extinta empresa aérea Panair do Brasil, então de passagem por Campo Grande. Ela, moradora pertencente a uma tradicional família da região.
A partir desse desenlace fecundo, o espectador é convidado a passear por emocionante narrativa marcada por memórias, saudades e passagem do tempo, assim como a participar de intrigante abordagem sobre a rapidez e a superficialidade dos dias atuais. Impressões captadas desde o momento em que a diretora se dispôs a devolver as missivas para seus verdadeiros donos, ou pelo menos seus familiares, registrando o caminho e as vozes dessa aventura. O desfecho é apaixonante.
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“Percebi que as cartas eram uma cápsula do tempo. E que cada pessoa que tocava naquele material, abria uma gaveta de memória, afeto e amor. Vivemos tempos de ansiedade, de velocidade, em que você tem que ser mais rápido para ser melhor. O filme é uma reflexão sobre o tempo em que vivemos e a importância de preservar a memória, os arquivos”, observa.
* Com informações da Secretaria de Cultura e Economia Criativa