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16/12/2020 às 11:52, atualizado em 16/12/2020 às 12:18
Evento tem entre os destaques iniciais um encontro virtual com mulheres que atuam na produção nacional
Como um centro de discussão democrático, o 53º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro (FBCB) começou nesta terça-feira (15) tocando em temas urgentes para as políticas públicas de audiovisual. Com uma programação diversificada, o festival mais antigo do país reúne atividades que têm como objetivo discutir o momento do audiovisual brasileiro e prospectar os caminhos para o futuro.
Uma das primeiras atrações desta edição foi um debate sobre o protagonismo feminino no segmento cinematográfico. Por meio da plataforma Zoom, mulheres que marcaram presença nas realizações cinematográficas deste ano, além de críticas e estudiosas do setor, expuseram seus trabalhos e debateram sobre os desafios atuais da categoria.
Mediado pela cineasta brasiliense Cibele Amaral, o encontro virtual apresentou um debate sobre a igualdade de gênero no audiovisual, que vem cada vez mais ganhando destaque mundialmente. Diante de uma reflexão coletiva sobre os desafios e avanços no setor, mulheres do segmento cultural propuseram ações que podem aprimorar o cinema brasileiro, tanto por parte do Estado quanto da sociedade civil. Compuseram a mesa de debate a cineasta e ativista Viviane Ferreira, a crítica e acadêmica Luiza Lusvarghi e as produtoras Letícia Godinho, Minom Pinho e Débora Ivanov.
Interação
“Este momento proporciona a interação entre essas mulheres interessantes, mostrando seus projetos, expondo força e as reais demandas do audiovisual para elas”, ressaltou Cibele Amaral, na abertura do encontro. Criadora do projeto Mais Mulheres, a produtora Débora Ivanov destacou a importância da diversidade para o cinema nacional e falou sobre as ações desenvolvidas para potencializar a voz feminina no Brasil. “Temos que continuar ocupando o nosso espaço”, disse. “Diversidade não é só justiça social, é também um bom negócio”.
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Militante do movimento negro, Viviane Ferreira ressaltou a presença feminina em busca de parcerias em lutas cotidianas. Diretora, roteirista e fundadora da Odun Filmes, ela falou sobre a necessidade de impulsionar o debate e pensar na revolução das mulheres negras no audiovisual, com papéis de destaque. “Ainda mais diante da pandemia, tivemos a necessidade de nos olhar como seres coletivos, exercitando a nossa capacidade colaborativa em sociedade”, apontou.
Há 20 anos morando em Paris, Letícia Godinho fez um relato sobre as oportunidades profissionais que a mantêm conectada – como o festival Séries Manias, evento voltado às séries audiovisuais. Ao falar sobre algumas webséries nas quais as mulheres ganharam destaque mundial, ela lembrou que a luta pelo destaque feminino no cinema é mais visível, e na Europa ainda precisa avançar. “Acho muito legal a força da mulher”, afirmou. “Espero criar uma força internacional. Seria meu papel e minha pequena missão para com o cinema brasileiro”.
Uma das autoras do livro Mulheres Atrás das Câmeras: As Cineastas Brasileiras de 1930 a 2018, Luiza Lusvarghi falou sobre as pioneiras do cinema no Brasil e o momento em que elas começaram a ganhar espaço para, além de produzir, escrever e opinar sobre o cinema brasileiro. “Vamos conversar mais sobre o audiovisual feminino e ocupar cada vez mais espaços das críticas de cinema”, sugeriu.
A mesa foi finalizada com a apresentação de Minom Pinho, fundadora do FIM – Festival Internacional de Mulheres no Cinema. Adepta do taoísmo, tradição filosófica e religiosa originária do Leste Asiático que enfatiza a vida em equilíbrio, ela ressaltou que não é só no cinema que há um desequilíbrio, mas em quase todas as outras profissões. Pioneira em eventos on-line dos quais participam mulheres, ela contabilizou o sucesso e a pluralidade do festival. “Nossos filmes chegaram para 400 municípios e contaram com a participação de 45% de mulheres negras”, arrematou.
* Com informações da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec)