19/12/2020 às 19:22, atualizado em 20/12/2020 às 11:56

Terra vira tinta para casas em área rural

Técnica de engenheiro agrônomo da Emater-DF gera produto mais econômico e menos tóxico

Por Agência Brasília * | Edição: Fábio Góis

Tinta feita de terra, a partir de pigmentos naturais, pode ser até 90% mais barata | Foto: Emater-DF

Uma tinta de parede mais econômica tem trazido beleza e conforto para moradores de áreas rurais do Distrito Federal. O trabalho do engenheiro agrônomo Márcio Meirelles, do escritório da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-DF) em Planaltina tem agradado agricultores, trabalhadores rurais e suas famílias. A tinta feita de terra, a partir de pigmentos naturais, pode ser até 90% mais barata do que o produto convencional, além de ser menos tóxica e igualmente duradoura.

Em atendimentos de rotina a propriedades rurais, Meirelles reparou que algumas casas tinham pinturas velhas ou estavam ainda no reboco. “Encontrei um projeto de pesquisa da Universidade Federal de Viçosa [UFV], que mistura terra natural com grude, cola e óleos. Primeiro apliquei na pintura da minha própria casa e o resultado foi muito bom”, conta o extensionista.

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Satisfeito com a experiência, Meirelles elaborou uma oficina e começou a divulgar o produto em comunidades rurais atendidas pelo escritório de Planaltina. “Além de não dar dor de cabeça, a tinta feita de terra tem um custo de aproximadamente R$ 52 a lata [de 18 litros], enquanto a convencional pode chegar a R$ 500”, comenta o engenheiro agrônomo da Emater-DF. “É um produto acessível e fácil de ser fabricado.”

Com três partes de terra para uma de cola e água é possível produzir a tinta. Vermelho, amarelo, branco, roxo, lilás, rosa, marrom, bege… A variedade de cores é grande. “Nosso objetivo é tornar as casas mais alegres, confortáveis, transformar o ambiente num lugar aconchegante e acolhedor”, aponta Márcio Meirelles.

Tinta pode ter diversos tipos de cor | Foto: Emater-DF

Até agora cerca de 20 casas foram pintadas, incluindo o galpão da Associação dos Produtores do Núcleo Rural Santos Dumont (Planaltina).

Reforma econômica e ambiental

A presidente da Associação dos Usuários do Canal de Abastecimento do Núcleo Rural Santos Dumont (Aucasdu), Flavia Kikuchi, conta que achou a proposta interessante. “Primeiro o Márcio Meirelles nos deu uma oficina sobre o tema. Encontramos a terra adequada em uma cisterna de um dos nossos associados”, relembra a dirigente, acrescentando que o extensionista acompanhou o grupo em todo o processo.

Um mutirão de 12 pessoas pintou o galpão da organização em um dia. “O único custo que tivemos foi com a cola. A tinta absorve muito rápido, não deixa cheiro forte e até agora resistiu bem às chuvas”, comemora Flavia, acrescentando que foram usados cerca de 30 quilos de terra e 10 quilos de cola. “Reformamos todas as instalações, colocamos forro e, agora, temos um espaço mais confortável e melhor para receber nossos associados. E, além de tudo, com sustentabilidade ambiental.”

 

* Com informações da Emater-DF