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26/02/2021 às 09:55, atualizado em 26/02/2021 às 12:53
‘Decifra-me ou te Devoro’ reúne 32 obras de arte contemporânea, que abordam as relações e tensões entre o sujeito e a cidade
O Museu Nacional, localizado no Complexo Cultural da República, abre às 10h desta sexta-feira (26) a exposição do maranhense Marçal Athayde Decifra-me ou te Devoro – O Enigma da Cidade.
A mostra vai até 11 de abril e traz a produção recente de telas e esculturas do artista radicado no Rio de Janeiro. Reúne 32 obras que abordam as relações e tensões entre o sujeito e a cidade.
[Olho texto=”“Tento desde o princípio responder às indagações dessa grande fera, a metrópole”” assinatura=”Marçal Athayde, artista contemporâneo” esquerda_direita_centro=”esquerda”]
“O título é bastante oportuno, a humanidade se encontra diante de um grande enigma, e isso repercutiu imediatamente na minha vida e no meu trabalho, que é alimentado diariamente pelo ir e vir”, explica o autor. “Tento desde o princípio responder às indagações dessa grande fera, a metrópole. Para tanto, no meu caso, o comportamento de flâneur é vital, pois, se não desvendo enigmas, indago e exponho facetas pouco notadas”, pontua.
Flâneur a que se refere o artista é um tipo literário do século 19, na França, essencial para qualquer imagem das ruas de Paris. É uma alusão à figura do vagabundo errante e elegante, a se alimentar das cenas propiciadas pelo trânsito de pessoas nas cidades, centros da revolução industrial e da modernidade. Era, antes de tudo, um crítico da sociedade de consumo, apressada demais para perceber as contradições que podem terminar por devorá-la.
Mito grego
A expressão “decifra-me ou te devoro”, que a exposição pega emprestada do famoso mito grego da Esfinge de Tebas, com corpo de mulher, de leão e de águia, funciona como um convite ao autoconhecimento por parte de espectadores e espectadoras diante de suas peças.
O enigma ajuda a entender a referência à crítica política e social da situação das cidades no Brasil presente no trabalho de Athayde. Segundo a história, a esfinge observava cada viajante que passava pela cidade. Quem se deparava com ela, precisava resolver um enigma ou seria estrangulado.
“Que criatura tem quatro pés de manhã, dois ao meio-dia e três à tarde?” questionava. Édipo acertou: “É o ser humano! Engatinha quando bebê, anda sobre dois pés quando adulto e recorre a uma bengala na velhice”.
[Numeralha titulo_grande=”30 pessoas” texto=”Limite de visitação simultânea no Museu Nacional” esquerda_direita_centro=”direita”]
Experimentação
Para a diretora do MUN, Sara Seilert, a exposição do artista coincide com a ideia desenvolvida na sua gestão de explorar o espaço como lugar de recortes experimentais. Tanto de arte contemporânea e da produção local quanto das artes gráficas, arquitetura, design e linguagens contemporâneas nas artes plásticas.
“A exposição tem a ver com o que quero continuar fazendo no museu, trazendo a galeria do andar térreo para um espaço curatorial de experimentação e de artistas fora do eixo mainstream [fluxo principal] das artes”.
A curadoria da exposição no MUN está por conta do jornalista e pesquisador independente Rafael Peixoto e do crítico de arte Marcus de Lontra Costa, ex-diretor da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, localizado no bairro Jardim Botânico, Rio de Janeiro.
“A produção de Marçal Athayde é contemporânea pelo tratamento dado às imagens e pelo olhar carregado de crítica política e social, mas traz em sua essência o mesmo questionamento moderno sobre as relações do sujeito com seu entorno e, mais especificamente no seu caso, do homem com a cidade”, avalia Costa.
Visitação
*Com informações da Secretaria de Cultura