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19/03/2021 às 12:46, atualizado em 19/03/2021 às 15:46
Equipe especializada executa procedimentos que corrigem deformidades da face e resgatam a autoestima dos pacientes
“A cirurgia corretiva vai mudar minha vida para sempre”. Essa é a esperança da dona de casa Cleidiane Gomes Moreira, 34 anos. Moradora de Alexânia (GO), Cleidiane está entre os pacientes do Serviço de Odontologia do Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) que recebem gratuitamente tratamento prévio e depois são submetidos à cirurgia ortognática, que corrige a mordida e melhora a estética facial. O hospital é uma das unidades administradas pelo Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF).
Cleidiane nasceu com o queixo assimétrico. A deformidade a fez sofrer bullying na infância. “Quando eu era criança, fui alvo de apelidinhos que me machucavam muito”, lembra. “Hoje já me sinto mais forte quando percebo olhares, mas ainda assim há momentos em que me sinto envergonhada”.
[Olho texto=”Mensalmente, são atendidos entre 80 e 100 pacientes odontológicos no hospital” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”direita”]
Para ajudar a corrigir o problema, Cleidiane usa aparelhos ortodônticos. O tratamento segue até o fim deste ano, quando deverá ocorrer a cirurgia. “Tenho certeza que, depois, a minha vida será outra”, acredita. “Terei mais confiança para conversar com pessoas desconhecidas sem me preocupar com o que estão pensando a meu respeito”.
Inicialmente, o HRSM atuava apenas na fase cirúrgica dos pacientes em tratamento ortodôntico no Hospital de Base. Há um ano e meio, foi estruturada uma equipe multiprofissional com ortodontista e fonoaudiólogo, entre outras especialidades, proporcionando um tratamento integral dentro da unidade.
Por mês, são atendidos entre 80 e 100 pacientes. “São pessoas que apresentam desarmonia entre as bases ósseas das arcadas dentárias”, explica o cirurgião-dentista e especialista em ortodontia Paulo de Tarso Neves dos Santos, responsável pela avaliação e pelo preparo ortodôntico. “O paciente faz o tratamento prévio de alinhamento dentário, com aparelhos ortodônticos; depois, é operado”.
Paulo de Tarso observa que, em decorrência da deformidade, muitos pacientes chegam ao hospital com outras disfunções. “São desde problemas funcionais, como dificuldade na mastigação, até problemas emocionais, causados inclusive por dificuldade de inserção no mercado de trabalho”, detalha. O HRSM, lembra ele, oferece tanto tratamento funcional quanto psicológico.
A cirurgia ortognática
O cirurgião-dentista bucomaxilofacial Arnolfo Carvalho explica como é a fase cirúrgica: “De maneira bem simples, a cirurgia ortognática realiza cortes nos ossos, movimentando alguns segmentos, seja para trazer a mandíbula para trás, seja para levar a maxila para a frente”. Ele especifica que são casos de discrepância óssea e não dentária, disfunções que aparelhos ortodônticos não conseguem corrigir. “Fazemos a movimentação dos seguimentos ósseos e restabelecemos a simetria da face”.
A gestora do Serviço de Odontologia e Cirurgia Bucomaxilofacial do HRSM, Érika Maurienn, ressalta que o serviço é prestado por uma equipe multiprofissional. “Contamos com cirurgiões bucomaxilofaciais, ortodontistas, psicólogos, fonoaudiólogos, assim como outras especialidades odontológicas afins”, enumera. “O próximo passo é conquistarmos um espaço físico maior para ampliar o número de atendimentos. A demanda é alta, e queremos atender todos os pacientes que precisam desse serviço”.
Vida nova
[Olho texto=”O primeiro passo para conseguir o atendimento odontológico no HRSM é ir à UBS mais próxima de casa” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”esquerda”]
O serviço prestado pelo HRSM tem mudado a vida de muitas pessoas. É o caso de Ana Caroliny de Paula, 24 anos, que nasceu com o queixo pequeno, a arcada dentária deformada e a língua presa, o que dificulta a fala. Moradora de Valparaíso de Goiás (GO), ela conta que percorreu diversas clínicas particulares em busca de atendimento, sempre acompanhada da mãe.
“Fomos a vários dentistas, e nenhum queria realizar o meu tratamento; diziam que era muito difícil”, relata Ana. Agora, tratada no HRSM, ela carrega a esperança de dias melhores. “Depois dessa cirurgia, eu serei a garota mais feliz do mundo”, anima-se.
A cabeleireira Mariana Fernandes, 46 anos, nasceu com o maxilar caído. “Como os meus dentes não encaixam perfeitamente, a minha língua vai para frente, e isso prejudica na hora de pronunciar as palavras”, explica. Ela também procurou atendimento na rede privada, mas o alto custo do tratamento a fez buscar a rede pública. “Eu não tinha condições de fazer esse tratamento por conta própria”, lembra.
Moradora do Recanto das Emas, Mariana encontrou a solução no Hospital Regional de Santa Maria, onde vem sendo tratada há um ano. Agora, ela sonha com a chegada do dia da cirurgia. “Vai trazer uma nova vida para mim”, acredita.
O atendimento
O primeiro passo para conseguir o atendimento odontológico no HRSM é ir à unidade básica de saúde (UBS) mais próxima de casa. Lá, o dentista faz uma avaliação; se for constatada a necessidade de tratamento ortodôntico cirúrgico, o paciente é encaminhado ao serviço do Hospital de Santa Maria ou do Hospital de Base. Não são todos os pacientes com problemas na mordida que possuem indicação ortocirúrgica. Somente os casos mais complexos são encaminhados para o serviço de deformidades dentofaciais.
Núcleo de Odontologia do HRSM
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*Com informações do Iges-DF