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20/03/2021 às 14:13, atualizado em 20/03/2021 às 14:30
Unidades públicas abrem as portas para que a população explore as instalações para adquirir conhecimento, lazer e cultura
O Centro de Ensino Fundamental 101, no Recanto das Emas, nunca teve uma biblioteca. Com 20 anos de fundação e 960 alunos, a escola tinha uma pequena sala de leitura, um espaço concorrido que não atendia os estudantes. Com a pandemia do novo coronavírus, ninguém sabe dizer quando os alunos retornam às salas de aula, mas uma coisa é certa: uma biblioteca novinha em folha espera por eles.
Uma escola deve oferecer recursos para que as pessoas da comunidade também possam melhorar de vida, segundo o diretor do Centro de Ensino Fundamental 101 (CEF 101), Paulo Roberto Cruz dos Santos. “Podemos aproveitar as instalações, utilizadas pelos alunos para criar um ambiente de capacitação para os familiares dos alunos ou para os membros da comunidade”, explica Paulo Roberto.
O diretor do CEF 101 aproveitou o espaço da cantina, que estava desativada, para fazer as obras necessárias à adequação da biblioteca.
Foram instaladas prateleiras, mesas para estudo em grupo e individual, balcão, aparelho de ar condicionado e câmera de fiscalização. O novo ambiente tem capacidade para atender 45 pessoas simultaneamente.
Os livros também já chegaram. Muitos títulos de literatura, de diversos autores, boa parte doações, como a da Educar para Mudar, uma Organização Não Governamental (ONG) do Distrito Federal.
“Queremos fazer desse espaço uma biblioteca pública, em que toda a comunidade possa ter livre acesso”, informa o diretor.
A biblioteca é somente a ponta do projeto de Paulo Roberto para levar o conhecimento e saber aos moradores do Recanto das Emas. Ele também quer equipar ainda o laboratório de informática da escola. Há pouco tempo, chegaram 40 novos computadores, doados pela Regional de Ensino, e que vão substituir os equipamentos mais antigos.
“No laboratório de Informática desenvolvemos a questão do letramento digital, onde são explorados desde o primeiro contato com o computador e as ferramentas educacionais até a introdução à linguagem e programação através do programa Scratch, além dos trabalhos de robótica”, explica Paulo Roberto.
A maior dificuldade para que essas competências sejam trabalhadas também com a comunidade é a carência de pessoas com conhecimento em tecnologia para atuar na escola, inclusive por meio de voluntariado. Para resolver o problema, a direção pensa em chamar ex-alunos interessados em expandir o conhecimento.
“Por que um porteiro não pode aproveitar o horário noturno para fazer uma capacitação e melhorar de vida?”, pergunta Paulo Roberto, para, em seguida, ele mesmo responder. “A escola tem que estar com as portas abertas para a comunidade e ser um polo de formação, para que as pessoas possam aproveitar o local próximo às suas casas para fazer um curso, uma capacitação”, disse Paulo Roberto.
Na Escola Classe 404, também no Recanto das Emas, a utilização do espaço pela comunidade vai de A a Z – literalmente. Sim, porque todo o esforço é feito na unidade de ensino para atender os pleitos da comunidade.
E isso inclui a realização, no pátio da escola, de casamentos, encontros de noivos, chás de bebê, aniversários, reuniões de instituições religiosas, prática de capoeira e muito mais. A única restrição é o consumo de bebida alcoólica e os eventos precisam de autorização do Conselho Escolar.
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A diretora Creuza Pires de Morais acredita que a Escola Classe 404 está na direção certa, procurando envolver cada vez mais a população local.
“A função social da escola é também ouvir a comunidade e fazer com que ela se conscientize da importância de sua participação nesse ambiente”, enfatiza.