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21/03/2021 às 20:30, atualizado em 21/03/2021 às 20:29
O objetivo é preservar a produção de contrair uma ou mais doenças, adotando status e controles específicos
O Distrito Federal trabalha para ser o pioneiro na compartimentação sanitária da suinocultura no país e, em toda a América Latina. A medida, que consiste em adotar um conjunto de regras sanitárias e de biosseguridade na produção de suínos, vai facilitar o comércio internacional e garantir a proteção genética, além de beneficiar produtores e possibilitar a geração de empregos e renda.
A compartimentação sanitária nada mais é do que preservar a produção de contrair uma ou mais doenças, adotando status e controles específicos. No Brasil, a prática já é consolidada na avicultura e o que se busca é adotá-la para a suinocultura. Uma granja compartimentada está livre de determinados tipos de doenças e, desta forma, autorizada a vender seus produtos mesmo que um surto atinja uma cidade, estado ou o Brasil inteiro e o comércio seja bloqueado ou suspenso por outros países e autoridades competentes.
O protagonismo e pioneirismo pelo qual o DF tem lutado é um trabalho a várias mãos. A intenção é que o modelo seja adotado primeiramente na Granja Miunça, pertencente à Hartos Agropecuária Cenci, uma das grandes produtoras do país.
Nesta frente, a Secretaria de Agricultura (Seagri) tem feito a ponte entre a Hartos e o Ministério da Agricultura (Mapa) para que a empresa possa compartimentar sua produção, conforme preconiza a Instrução Normativa nº 44 de 2007, do Mapa. O trabalho ainda conta com o apoio da empresa DNA South América, especializada em melhoramento genético.
“O objetivo é proteger os locais de produção – desde o suíno jovem até o animal pronto para o abate. As unidades de produção devem obedecer a uma série de requisitos sanitários, como por exemplo o controle de entrada de pessoas, alimentação, desinfecção de veículos, para assim evitar a entrada de um microorganismo”, explica o diretor de Sanidade Agropecuária e Fiscalização da Seagri, Vinicius Campos.
“Tal situação evitaria o sacrifício desses animais nas emergências sanitárias e possibilitaria ao interessado manter as relações comerciais com clientes, inclusive de fora do país, sem nenhum embargo econômico”, completa.
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Atualmente, o DF dispõe de 33 suinoculturas tecnificadas, seis abatedouros de grande porte e 157 mil animais alojados. Uma das produções de referência na técnica de bem-estar animal e Boas Práticas Agropecuárias é a Granja Miunça, localizada na região do Programa de Assentamento Dirigido do Distrito Federal (PAD-DF).
Proprietário da Hartos Agropecuária Cenci, Alexandre Cenci aponta a necessidade de implementar a compartimentação. “Para nós, produtores rurais, ela é muito importante no sentido de blindar nosso sistema de produção para que ele permaneça ativo e em comercialização, seja os animais para genética ou os de corte.
É uma construção para obtermos esse certificado no médio prazo. Estamos iniciando esse caminho”, afirma, ao destacar o trabalho em conjunto com o Governo do Distrito Federal e o Ministério da Agricultura.
“Tudo isso está sendo possível graças à atenção que temos recebido do Mapa, da Superintendência Federal da Agricultura, do GDF, no sentido de cooperar na implementação destas normas junto a nós. Fica o agradecimento a todos os profissionais envolvidos neste pleito, que nos coloca na vanguarda da tecnologia e da inovação e da segurança sanitária”, acrescenta Cenci.
A lógica de proteção à genética é corroborada pela subsecretária de Defesa Agropecuária (SDA) do DF, Cristyanne Taques. Segundo ela, a medida é um grande fomento ao desenvolvimento da suinocultura porque garante a genética do DF e, consequentemente, do país.
“É uma medida que vai contribuir muito na geração de emprego e renda. Quando uma produção de suínos atinge um grau de desenvolvimento de genética, ela puxa outras. A Seagri trabalha para que a Granja Miunça se organize no que diz respeito aos procedimentos que precisam ser adotados junto ao Ministério da Agricultura para obter a compartimentação”, explica Cristyanne Taques.
“Essa certificação é uma forma de proteger o patrimônio genético brasileiro, bem como diminuir os impactos econômicos decorrentes de doenças emergenciais. Por exemplo, caso o Brasil venha a registrar focos de febre aftosa ou da peste suína clássica, a unidade com compartimentação mantém seu status como livre dessas doenças, tornando possível a comercialização direta com clientes de outros países”, reforça a subsecretária.
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Para o presidente da Associação de Criadores de Suínos do Distrito Federal (DFSuin), Josemar Medeiros, a compartimentação sanitária vai ajudar e muito outros produtores.
“Vemos com bons olhos essa iniciativa. Certamente funciona como espelho para os demais produtores do DF. Nossa produção é menor do que a de alguns estados, mas nosso padrão tecnológico é acima da média nacional. A compartimentação é uma iniciativa que pode colocar o Distrito Federal em outro patamar”, aposta.
Na visão de Josemar, outras grandes granjas da capital poderão, em breve, atingir o mesmo status, o que vai refletir na qualidade dos produtos e maior competição de preços com outros estados. “O primeiro resultado é a qualidade alimentar. A compartimentação vem primeiro para proteger a genética. E, com melhores produtos, teremos preços ainda mais competitivos”, finaliza.