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22/03/2021 às 18:53, atualizado em 22/03/2021 às 19:14
Dudu foi resgatado aos dois meses no Mato Grosso e vai contribuir para a conservação de sua espécie
Ele mede 1,2 m e pesa 35 kg, aproximadamente. Apesar de parecer grande, trata-se de um filhote de cervo-do-Pantanal, que chegou órfão à Fundação Jardim Zoológico de Brasília (FJZB). Muito mais do que um indivíduo para aumentar a lista de animais do Zoo de Brasília, Dudu, como é carinhosamente chamado pela equipe, representa um grande passo rumo à conservação da sua espécie, considerada ameaçada de extinção. Ele chegou ao Zoo em fevereiro por recomendação do programa de conservação da Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil (Azab) e, atualmente, recebe todos os cuidados neonatais no hospital veterinário do zoo para que se desenvolva bem e saudável.
[Olho texto=”Estima-se que existam aproximadamente 25 mil cervos-do-Pantanal no Brasil e dois mil na Argentina, de acordo com ICMBio e UICN” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”esquerda”]
O cervo-do-Pantanal é considerado o maior cervídeo da América do Sul, podendo atingir a marca de 1,9 m de comprimento e altura, quando adulto. Dudu foi encontrado com apenas dois meses de vida em uma fazenda na cidade de Lucas do Rio Verde, Mato Grosso, e foi acolhido por moradores da região. Trata-se de um território que sofre forte pressão do desmatamento devido ao crescimento da agricultura e da pecuária, cenário comum nas principais áreas remanescentes em que a espécie ainda existe. A fragmentação de habitat, em consequência do desmatamento, assim como a transmissão de doenças trazidas pelo gado doméstico, está entre as principais ameaças à população de cervos-do-Pantanal, o que a torna uma espécie ameaçada de extinção pelo Instituto Chico Mendes (ICMBio) e pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).
[Olho texto=”A tendência populacional do cervo-do-Pantanal é de declínio, com diminuição maior que 30% nos próximos 15 anos” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”direita”]
Diante do cenário cada vez mais preocupante com relação à espécie na natureza, as ações de conservação em cativeiro entre instituições se tornam cada vez mais necessárias. A tendência populacional do cervo-do-Pantanal é de declínio, com diminuição maior que 30% nos próximos 15 anos. Dudu faz parte do programa de conservação da Azab e a expectativa é que, quando atingir a fase adulta, receba a recomendação de pareamento com uma fêmea.
“Agora temos no Zoológico de Brasília mais uma espécie contemplada pelo Acordo de Cooperação Técnica da Azab e do ICMBio. Isso significa que nossa instituição está contribuindo cada vez mais para a conservação de espécies ameaçadas de extinção. O Dudu é um fundador, com genética nova e, sendo um macho, ele pode vir a ser pai de diversos filhotes que poderão ser reintroduzidos na natureza ou ainda dar continuidade ao programa de conservação em cativeiro”, explica o supervisor de manejo Gabriel Campanati.
A equipe do Zoológico de Brasília, em conjunto com os órgãos ambientais, se deslocou por mais de mil quilômetros para resgatar Dudu, que atualmente conta com todos os cuidados dos médicos veterinários. Por ainda ser um filhote, são ofertadas duas mamadeiras por dia, além de alimentos sólidos, como folhas e frutas. Com o planejamento alimentar proposto pela equipe de nutrição do Zoológico de Brasília, Dudu se desenvolve bem, com ganho de 1 a 2 kg por semana. Enquanto cresce, a equipe técnica está projetando um novo recinto para que o público o conheça melhor.
Cervo-do-Pantanal
Estima-se que existam aproximadamente 25 mil cervos-do-Pantanal no Brasil e dois mil na Argentina, de acordo com ICMBio e UICN. Não se sabe quantos ainda existem no Paraguai e Peru, mas presume-se que a população não é grande. A espécie é considerada extinta no Uruguai desde 1958.
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Assim como o nome diz, é um animal que gosta de regiões alagadas. Sua área de ocorrência original era do norte da Argentina até a fronteira do Cerrado com a Amazônia, quase sempre associado a brejos, beiras de rio, pântanos e outros tipos de habitats alagados, mas hoje, devido a pressões humanas, está quase que exclusivamente limitado ao Pantanal mato-grossense.
*Com informações do Zoológico de Brasília