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09/04/2021 às 15:03, atualizado em 09/04/2021 às 15:19
Assim como a abertura de aceiro, a queima controlada é um instrumento de precaução; iniciativas serão tomadas até julho, ínicio da seca
O Distrito Federal está sob emergência ambiental desde o início de março. A medida dá respaldo jurídico às ações previstas no Plano de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais (PPCIF), executado pela Secretaria de Meio Ambiente (Sema). Até que o período de seca se intensifique, o que acontece a partir de julho, as iniciativas estão voltadas à prevenção.
A queima controlada, que é um dos instrumentos de prevenção, junto com a abertura de aceiros, acontece quando o fogo é provocado e monitorado por órgãos competentes e é indicada para reduzir o material combustível presente na superfície.
O fogo entra em combustão e queima superficialmente, sendo em seguida apagado. Realizada ainda no final do período chuvoso, a queima consome o que está na superfície sem prejudicar a raiz das plantas, funcionando como uma barreira no período de seca.
Mesmo reconhecendo que ainda há alguma resistência, o coordenador do PPCIF, secretário Sarney Filho, defende que a técnica foi profundamente estudada e é adotada com sucesso também em outros países.
“Nos anos mais recentes não tivemos mais grandes incêndios, como os que ocorreram no Jardim Botânico e no Parque Nacional de Brasília” , afirmou.
A coordenadora do PPCIF na Sema, Carolina Schubart, explica que este tipo de ação, É indicada em algumas áreas do DF com maior risco de grandes incêndios.
“Com a pandemia, temos nos preocupado muito em como gerir melhor o direcionamento da fumaça para que a população não se sinta prejudicada, principalmente aquela que vive próxima das Unidades de Conservação. Por outro lado, lembramos que a fumaça do incêndio florestal é pior para as pessoas do que a da queima prescrita”, afirma.
Manejo integrado
O diretor de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais do Brasília Ambiental Pedro Cardoso, acredita que no período crítico, muitas vezes os recursos da gestão focada no combate são insuficientes para debelar um incêndio florestal. “O modelo de gestão pautado no manejo integrado do fogo é recente no país. Mas não temos como negar que entre a comunidade cientifica o entendimento é bastante confiável e, aqui no DF, a gente tem avançado bastante no assunto”, diz.
[Olho texto=”“A queima não é consenso para a sociedade. Mas é um consenso mundial e entre a comunidade cientifica de que, em savanas tropicais, como ocorre no bioma Cerrado, é preciso fazer o manejo do fogo”” assinatura=”Diretor de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais do Brasília Ambiental, Pedro Cardoso” esquerda_direita_centro=”direita”]
O analista ambiental do Ibama Rodrigo Falleiro reconhece que a queima prescrita gera dúvidas na população, que questiona se a estratégia causa danos ao solo, fauna e flora. “Ou a gente faz isso no momento certo, incorporando o fogo ao ecossistema ou haverá perda de biodiversidade e incêndios lá na frente”, afirma.
Para ele, uma boa estratégia de comunicação que dê respostas à sociedade e que informe o cronograma das ações com antecedência é essencial para que a queima prescrita seja utilizada sem causar transtornos. “A queima não é consenso para a sociedade. Mas é um consenso mundial e entre a comunidade cientifica de que, em savanas tropicais, como ocorre no bioma Cerrado, é preciso fazer o manejo do fogo”.
Segurança técnica
De acordo com Falleiro, é muito importante que os tomadores de decisão tenham certeza de que a queima está ocorrendo em condições adequadas com relação à gestão da fumaça, principalmente se a queima é em áreas urbanas ou periurbanas. “O responsável tem que poder justificar, ou seja, ter segurança técnica, de por que a queima foi feita naquele momento, baseando-se em medições das condições climáticas e atmosféricas”.
Manter a população bem informada evita, por exemplo, que o Corpo de Bombeiros seja notificado sobre um foco de incêndio e desloque efetivo para um local em que a queima, trata-se na verdade, de uma ação controlada.
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Hudson Felix, gerente de Fogo da Floresta Nacional de Brasília, afirma que a queima prescrita deve ser precedida por um bom planejamento. “É preciso ter amparo legal e comunicar bem as ações para trabalhar melhor junto à sociedade, o que reforça a importância do manejo do fogo junto à população”.
Para Diego Miranda, gerente de Preservação do Jardim Botânico de Brasília, o trabalho de interagências e da participação das instituições nas queimas prescritas é fundamental para o êxito da estratégia.
* Com informações da Secretaria do Meio Ambiente