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21/04/2021 às 19:31, atualizado em 11/05/2021 às 12:04
GDF investe R$ 40 milhões todos os anos para plantar mais de 150 mil mudas em todas as 33 regiões administrativas
Simbiose entre o concreto e o verde, Brasília possui árvores de tipos tão variados quanto as das florestas tropicais. São cerca de 200 espécies em mais de 5 milhões de árvores espalhadas pelas 33 regiões administrativas. Uma marca registrada da capital, que completa 61 anos nesta quarta-feira (21).
[Olho texto=”Brasília completa 61 anos também com título de cidade-parque, reunindo 1,5 milhão de árvores plantadas no Plano Piloto” assinatura=” esquerda_direita_centro=”esquerda”]
O paisagismo, planejado e implementado cuidadosamente pela Companhia de Urbanização da Nova Capital (Novacap), deu a Brasília mais um título. Além de ser patrimônio cultural da humanidade, a capital é uma cidade-parque.
Só no Plano Piloto, são 1,5 milhão de árvores plantadas que proporcionam beleza única aos seus espaços públicos, garantem sombra para amenizar o calor do cerrado e, nas superquadras, funcionam como barreira para o barulho que vem do comércio.
O projeto da construção do Plano Piloto, pelo urbanista Lucio Costa, caracteriza-se pela harmonia entre os monumentos e espaços arquitetônicos com grandes áreas verdes e ambientes floridos. Segundo o pioneiro da arquitetura modernista no Brasil, a cidade foi concebida para ter “prédios nascendo como da clareira de uma floresta.”
Cinta arborizada
No relatório do Plano Piloto, o urbanista projetou que “as quadras seriam emolduradas por uma larga cinta densamente arborizada, com árvores de porte, prevalecendo em cada quadra determinada espécie vegetal, com chão gramado e uma cortina suplementar intermitente de arbustos e folhagens, a fim de resguardar melhor, qualquer que seja a posição do observador, o conteúdo das quadras, visto sempre num segundo plano e como que amortecido na paisagem.”
[Olho texto=”“Entre as sete maravilhas de Brasília, o verde está entre as três primeiras”” assinatura=” Fernando Leite, presidente da Novacap” esquerda_direita_centro=”direita”]
Desde a inauguração de Brasília, a Novacap faz um projeto de arborização anual que garante o plantio de diferentes espécies pelas ruas do Plano Piloto e das regiões administrativas. São investidos, todos os anos, mais de R$ 40 milhões, que proporcionam novos plantios e manutenção da área verde. O plano prevê o plantio de 150 mil árvores todo ano.
Para o presidente da Novacap, Fernando Leite, o papel da companhia, criada em 1957, foi primordial para construir Brasília em três anos e, agora, o trabalho é responsável por manter a qualidade de vida do brasiliense, ao garantir uma cidade florida o ano inteiro. “Entre as sete maravilhas de Brasília, o verde está entre as três primeiras”, diz.
A secretária executiva de Desenvolvimento Urbano e Habitação, Giselle Moll, afirma que é impossível pensar em Brasília sem o paisagismo que foi concebido por Lúcio Costa. “Brasília já nasceu com muito verde. E aqui não falo só de Burle Marx, que é nosso paisagista mais famoso, nem apenas dos jardins ao redor dos monumentos. Mas do paisagismo do dia a dia, dos balões e da arborização que parece aleatória, mas que é muito bem feita, preencheu toda a cidade”, diz.
[Olho texto=”“As árvores purificam o ar, proporcionam sombra, abrigam a fauna, as aves, atenuam a luminosidade excessiva da capital, melhoram a umidade do ar, reduzem a ação dos ventos, diminuem ruídos e impactos sonoros e proporcionam conforto ambiental”” assinatura=”Raimundo Silva, chefe do Departamento de Parques e Jardins (DPJ) da Novacap.” esquerda_direita_centro=”esquerda”]
A arquiteta e urbanista destaca que, sem tanta vegetação, seria “muito mais difícil viver em Brasília”. “Além da beleza e da exuberância, as árvores são muito importantes para o clima. Brasília tem temperaturas altas em determinada época do ano, é muito seca, faz muito sol. Precisamos de todas essas árvores”, destaca.
Entre as espécies mais comuns encontradas por aqui estão o jequitibá rosa e o vermelho, quaresmeira, jacarandá mimoso, jenipapo, jatobá, cagaita, angico, fisocalima, aroeira, copaíba, tarumã, angico e, claro, o ipê, árvore símbolo do “quadradinho” de todas as cores: roxo, branco, rosa e amarelo.
“Arborizar uma cidade não é uma tarefa puramente ornamental. As árvores purificam o ar, proporcionam sombra, abrigam a fauna, as aves, atenuam a luminosidade excessiva da capital, melhoram a umidade do ar, reduzem a ação dos ventos, diminuem ruídos e impactos sonoros e proporcionam conforto ambiental”, diz Raimundo Silva, chefe do Departamento de Parques e Jardins (DPJ) da Novacap.
Todo dia é dia de flor
A cada mês, faça chuva ou faça sol, os brasilienses podem observar uma ou mais espécies arbóreas floridas em Brasília. No período de estiagem, são utilizadas espécies resistentes ao sol e calor como as camomilas, cravos, dálias, flocos, perpétuas, petúnias e sálvias, além das zíneas, com uma grande variedade de cores. No período de chuva, mesmo tendo menos opções de flores, Brasília segue florida com espécies que sobrevivem ao solo encharcado.
Graças ao trabalho do DPJ, há um calendário de árvores que florescem durante o ano todo. O ano começa com a florada amarelo-alaranjada do cambuí, em janeiro. São cerca de 350 mil árvores do tipo espalhadas pelo DF. De fevereiro a junho, as tonalidades de cor-de-rosa, mais clara ou mais escura, recobrem as cerca de 150 mil paineiras plantadas em todas as regiões administrativas. A espécie também é chamada de barriguda, por causa das saliências da casca do seu caule.
Em abril, o lilás e o roxo das quaresmeiras colorem as ruas da capital. Já em junho, começa a temporada dos ipês, as árvores mais conhecidas dos brasilienses. A cidade começa a ficar colorida de roxo, com flores que permanecem firmes nos pés até setembro. Mas o arco-íris começa a se formar em julho, quando entram em floração os ipês-amarelos. Depois vem o ipê-rosa – tonalidade um pouco mais clara que o roxo –, o branco e o verde. Até outubro, há floração de ipês no DF, um cartão-postal da capital. Existem 230 mil árvores da espécie plantadas em todo o Planalto Central.
Dependendo do clima, as espécies podem florir até duas vezes por ano. A temperatura também influencia a floração das árvores. As flores duram, em média, entre 90 e 180 dias.
[Numeralha titulo_grande=”2 milhões ” texto=” de mudas de flores e 200 mil de árvores são cultivadas nos viveiros da Novacap” esquerda_direita_centro=”direita”]
Viveiros
A Novacap conta com dois viveiros, que preparam as mudas para o plantio. Neles, são realizadas pesquisas agronômicas e experimentações de novas espécies, que se adaptem às condições locais climáticas e de solo.
No Viveiro 1 são cultivadas plantas e flores. No Viveiro 2: árvores, arbustos e palmeiras. A Novacap cultiva ipês-amarelos, rosa, roxos e brancos, quaresmeiras, sucupiras, aroeiras, copaíbas, árvores que fazem parte do ecossistema do bioma cerrado. São cultivadas nos canteiros mais de dois milhões de mudas de flores e 200 mil mudas de seres arbóreos.
Canteiros ornamentais
A beleza da vegetação cultivada nos canteiros da Novacap também pode ser apreciada por pedestres e motoristas nos 600 canteiros ornamentais espalhados pelo DF. Além dos gramados, sempre requisitados, as plantas mais populares nos canteiros e áreas verdes da capital são os ipês e as palmeiras, além das flores caliopsis, crista de galo, cravo marigold e gaillardia, responsáveis por trazer o colorido característico dos canteiros.
Notório pela variedade de plantas, cores e pela grandiosidade da área que ocupa, o canteiro do balão do Aeroporto Juscelino Kubitschek talvez seja o mais famoso de todo o DF. Em 2020, um dos trabalhos mais importantes de paisagismo foi realizado na recém-inaugurada Praça dos Estados, novo espaço de convivência construído próximo à revitalizada Galeria dos Estados. No local, foram plantados mais de nove mil metros quadrados de grama, 90 arbustos, 54 palmeiras e nove ipês, fruto de um investimento de R$ 2 milhões.
Podas
Para manter a cidade bonita e segura, quando há fortes chuvas e ventos, a Novacap faz as podas preventivas. Para isso, são avaliados se a árvore está saudável ou sofrendo alguma patologia. Se estiver doente, ou se os galhos apresentarem algum risco para pedestres e motoristas, realiza-se a poda. Mas, se ela estiver declinada correndo o risco de cair, será suprimida.
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As demandas registradas pela Ouvidoria da Novacap também ajudam a definir a manutenção das áreas urbanas do DF. Em 2020, a companhia recebeu 16.535 pedidos, 40% deles relativos a poda de árvores. Ao receber uma demanda, o DPJ encaminha um técnico ao local para uma vistoria e, uma vez comprovadas a necessidade e a urgência da poda, o serviço entra no cronograma do departamento.
Raimundo Silva ressalta que a população precisa se conscientizar sobre o fato de que nem toda demanda feita termina na realização do serviço. “Às vezes, as pessoas acham que a árvore está muito alta e há a necessidade de poda, mas não tem, ou o contrário – uma árvore tem que ser erradicada, e a comunidade não quer”, pontua. “Todas as nossas ações têm fundamentação técnica.” Em 2020 foram realizadas 82.240 intervenções arbóreas em todo DF – aí incluídas podas, erradicações de árvores, retirada de árvores caídas e de galhos caídos.
*Com informações da Novacap