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21/05/2021 às 19:13, atualizado em 23/05/2021 às 09:14
Descendentes de japoneses lideram no plantio do alimento, que tem fácil manejo e caiu no gosto de atacadistas
Polo tradicional na produção de folhosas, o Núcleo Hortícola Vargem Bonita, na região rural do Park Way, tem assistido ao aumento gradativo do plantio de outros tipos de culturas, despontando atualmente como o maior produtor de gengibre do Distrito Federal.
[Olho texto=”“Parece a mandioca: depois que planta, não tem muito manejo”” assinatura=” Márcio Ito, produtor rural” esquerda_direita_centro=”esquerda”]
A família do produtor rural Márcio Ito é um exemplo. Atualmente líder na produção de gengibre no DF, ele conta que reduziu o plantio de outras culturas. “Hoje planto só alface americana e por encomenda”, detalha. Segundo ele, o plantio de gengibre é menos trabalhoso.
“É um plantio de manejo mais fácil que as folhosas. Parece a mandioca: depois que planta, não tem muito manejo”, compara. Além da boa adubação, destaca que o importante é observar a época de plantio, o que acontece entre os últimos dias de agosto e de outubro. “Mesmo com a irrigação, o gengibre gosta das primeiras chuvas”, explica.
[Olho texto=”O gengibre é muito procurado por sua ação medicinal contra gripes e inflamações. Também é usado na culinária japonesa” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”direita”]
Clientes cativos
Márcio Ito possui 2,7 hectares de gengibre plantados. A boa produção já rendeu clientes cativos junto aos comerciantes que atuam nas Centrais de Abastecimento do Distrito Federal (Ceasa-DF). “Aqui em Brasília eu vendo mais o gengibre novo, ainda branco, usado para fazer conserva”, explica. É usado na mesma conserva que sua esposa faz também em casa para a família.
Rico em vitaminas C e B6, além de ser fonte de potássio, cobre e magnésio, o gengibre é muito procurado por sua ação medicinal contra gripes e inflamações. Além disso, também é usado na culinária japonesa. “O principal prato do gengibre para nós é o ‘gari’: conserva de gengibre que acompanha o sushi”, conta Ito. “Mas tem outros pratos que utilizam o gengibre para tempero, como o gyoza e o tufu, que pode levar gengibre ralado em cima”, explica.
[Olho texto=”“Recomendamos, assim, o sistema de irrigação localizada, tipo gotejamento” ” assinatura=”Adriana Nascimento, gerente de Agropecuária da Emater-DF” esquerda_direita_centro=”esquerda”]
Vargem Bonita conta com 18 produtores rurais que plantam gengibre. “Em outras regiões, a quantidade é tão pequena que não chega a ser significativa”, afirma a engenheira agrônoma Adriana Nascimento, gerente de Agropecuária da Emater-DF. Sobre o plantio de gengibre, a agrônoma aponta dois aspectos que considera importantes.
“Primeiro, a irrigação, pois as plantas necessitam de água em um volume suficiente para manter o solo úmido, mas evitando o encharcamento, o que causa o apodrecimento dos rizomas”, explica. “Recomendamos, assim, o sistema de irrigação localizada, tipo gotejamento.”
“O segundo ponto é o trato cultural chamado de amontoa. A amontoa consiste em colocar terra junto aos pés das plantas, para recobrir os rizomas que começam a aparecer na superfície”, afirma Adriana. “Recomenda-se iniciar as amontoas quando as plantas de gengibre estiverem com cerca de 30 cm de altura”, explica.
Outra característica do plantio de gengibre é se propagar por meio de gomos do próprio rizoma. Somado a uma adubação adequada e à rotação de culturas faz com que o gengibre não tenha um custo alto para implantação. Isso pode ser uma vantagem para o agricultor.
Tradição nipônica
Vargem Bonita é uma das regiões rurais do DF com forte concentração de imigrantes e descendentes de japoneses. Atrás apenas da região de Brazlândia no tamanho da comunidade nipônica, Vargem Bonita tem 60% das propriedades rurais ocupadas por famílias japonesas.
Assim como em Brazlândia, a maioria dessas famílias veio para o local antes da inauguração de Brasília – por volta de 1957 – com a missão de produzir alimentos para a capital federal.
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Responsáveis por uma contribuição histórica na produção de alimentos do DF, os japoneses predominam nessa área rural, conservando não só a cultura nipônica, como também a vocação rural da região.
Para a gerente do escritório da Emater-DF na Vargem Bonita, Cláudia Coelho, a tradição agrícola dessa comunidade tem ajudado a conter a forte pressão imobiliária da região. “Temos outras questões que contribuem para permanecer rural, como a questão ambiental, mas realmente a pressão imobiliária é grande”, afirma a gerente.
*Com informações da Emater