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10/06/2021 às 18:40
Programa Mulheres Inspiradoras torna-se política pública e fortalece o enfrentamento às violências
Na infância, o instrutor de autoescola Carlos** estudou em uma escola pública em Taguatinga e, logo, conheceu o racismo. As crianças o chamavam por apelidos pejorativos e, por não revidar, tornou-se o alvo preferido dos ataques. Com o tempo, ele passou a não gostar da escola, ao descobrir que os alunos nunca seriam repreendidos.
[Olho texto=”“O racismo é estrutural porque tudo o que nós somos como país foi fundado, organizado e estruturado a partir do racismo”” assinatura=”Gina Vieira Ponte, professora e idealizadora do Programa Mulheres Empreendedoras” esquerda_direita_centro=”direita”]
Poucas professoras intervinham e quando o faziam era apenas para dizer que ele não devia se importar. “Mas eu me importava e me importo. Foi muito difícil enfrentar sozinho o racismo na escola”, desabafa Carlos.
Para Gina Vieira Ponte, professora e idealizadora do premiado Programa Mulheres Inspiradoras (PMI), o papel da escola é fundamental para combater o racismo. “A escola é parte da produção de uma estrutura racista. O racismo é estrutural porque tudo o que nós somos como país foi fundado, organizado e estruturado, a partir do racismo”, explica.
No episódio desta semana do podcast EducaDF, conversamos sobre a importância da educação antirracista e as novidades do Programa Mulheres Inspiradoras idealizado pela professora Gina Vieira Ponte. Confira o episódio nas plataformas de áudio.
Realidade
Engana-se quem acredita que promover o Dia da Consciência Negra anualmente é o bastante para mudar a realidade. “Não se desconstrói o racismo só no espaço escolar, o racismo é institucional, ele está naturalizado dentro das instituições públicas e privadas”, afirma Gina.
[Olho texto=”Desde 2014, o Programa Mulheres Inspiradoras tem se destacado nas escolas públicas do DF. Ele estimula práticas de leitura e escrita autoral por meio de obras literárias escritas por mulheres” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”esquerda”]
Para promover uma educação antirracista e antissexista, ou seja, que almeja a equidade entre homens e mulheres, Gina acredita que a escola deve assumir que a nossa educação tem uma base essencialmente colonial. “É autoritária, bancária, instrucionista, machista, patriarcal e racista. Isso está na base da nossa educação. Então, o desafio é a escola admitir que é parte dessas estruturas injustas e pelas suas práticas endossa essas estruturas. É preciso assumir uma postura crítica sobre nosso trabalho e nos qualificar para intervir de maneira ética e responsável”, destaca.
Novidades no Programa Mulheres Inspiradoras
Desde 2014, o Programa Mulheres Inspiradoras tem se destacado nas escolas públicas do DF. O programa estimula práticas de leitura e escrita autoral por meio de obras literárias escritas por mulheres. Os estudantes leem cerca de sete obras que possibilitam a discussão de temas contemporâneos como equidade de gênero e masculinidade tóxica.
No momento, a iniciativa é desenvolvida em mais de 50 unidades escolares. O Programa tem reconhecimento internacional e nacional e já venceu diversos prêmios educacionais.
Um dos diferenciais do PMI é o fato de que os professores passam por uma formação para subsidiá-los na elaboração e desenvolvimento de projetos em suas unidades escolares no escopo do PMI.O curso é oferecido pela Subsecretaria de Formação Continuada dos Profissionais da Educação (Eape).
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A professora Mayssara Reane, que trabalha na formação dos docentes, destaca a novidade deste ano. “O PMI agora é parte da política de valorização das meninas e mulheres e enfrentamento às violências. A garantia de formação anual para docentes do DF significa o reconhecimento público do Estado sobre a importância de priorizar ações que respondam às necessidades sociais”, comemora.
*Com informações da Secretaria de Educação
** O nome foi trocado para preservar a identidade do entrevistado