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25/06/2021 às 12:14, atualizado em 25/06/2021 às 12:15
Projeto desenvolvido no CEF 14 de Ceilândia incentiva senso crítico, participação e maior interação entre os estudantes
Você pode ainda não ter ouvido falar em Ingrid Lorrany Tavares, 16 anos. Nem em Larissa Emilly Chaves, 14, ou Ludmilla Kalyane Alves, 13. Mas pode guardar esses nomes. Elas ainda cursam o ensino fundamental – mas na escola, além de português, matemática, ciências, aprendem também a ser líderes, propor debates, mediá-los e articular opiniões na busca do consenso.
Essas atividades fazem parte do projeto Escola de Líderes, desenvolvido no Centro de Ensino Fundamental 14 (CEF 14), de Ceilândia. Lá os estudantes são motivados a debater sobre temas de inclusão política e social, preparando-se para uma vida adulta de consciência coletiva.
“A voz que nós ganhamos e a oportunidade de expressar nossas ideias para ajudar não só a escola, como também nossos colegas, é o que mais gosto no projeto”, afirma Ingrid Lorrany. “Normalmente a gente faz um debate no nosso grupo de interação sobre alguns temas que achamos necessários para o aprendizado e para o combate à discriminação.”
[Olho texto=” “O que eu mais gosto do nosso projeto é que os estudantes envolvidos têm voz e opinião sobre as demandas da nossa escola, coisa que é muito difícil em outros lugares” ” assinatura=”Larissa Emilly, estudante” esquerda_direita_centro=”direita”]
Assuntos como bullying, racismo, cidadania e mediação de conflitos são temas de trabalhos para os estudantes, que escolhem os líderes para a chefia das funções. Segundo o orientador educacional e idealizador do projeto, William Resende, a naturalidade com que os jovens trabalham esses temas é surpreendente. Assuntos que poderiam levantar polêmicas são tratados com maturidade e compreensão.
Dinâmica inovadora
Na Escola de Líderes, os adolescentes propõem ideias e dinâmicas que ocupam um cenário de inovação dentro do ambiente escolar. Segundo a estudante Larissa Emilly, as reuniões são boas para desenvolver ideias. “O que eu mais gosto do nosso projeto é que os estudantes envolvidos têm voz e opinião sobre as demandas da nossa escola, coisa que é muito difícil em outros lugares”, diz.
Entre as pautas para melhorias na escola, destacam-se as metas de plantar mais árvores, construir um parquinho, cobrir a quadra, ampliar a variedade de livros na biblioteca, ter um banheiro não binário para as pessoas que não se identificam como nenhum gênero ou que se identificam com dois gêneros, misturar conteúdos de aulas em diferentes disciplinas, ter educação sobre saúde mental, desenvolver projetos culinários e cultivar horta, promover mais campeonatos esportivos e momentos comemorativos e incentivar a educação sobre inclusão social e respeito à diversidade, bem como a educação sobre a saúde das mulheres.
Voz do estudante
Cada turma tem um ou mais representantes no projeto que são os responsáveis pela ponte entre família, comunidade e gestão escolar. Já para ampliar o alcance do conteúdo, os estudantes trabalham com redes sociais, sempre inovando a forma de conversar sobre os temas com os colegas. “Gostamos de divulgar conteúdos por meio de grupos da classe no Instagram, lives e WhatsApp”, aponta Ludmilla Kalyane.
As atividades são desempenhadas em sessões de bate-papo mediadas pelo orientador educacional. Devido à pandemia da covid-19, as reuniões se realizam de maneira remota. Com base nas demandas do projeto, a escola já implementou novas aulas e oficinas, como as de autodefesa, primeiros socorros, construção de currículo, educação financeira e fotografia. Já estão sendo adquiridos mais livros para a biblioteca. Clubes de leitura, fotografia, teatro, informática, música, dança e culinária se encontram em processo de implantação.
Pedagogia criativa
[Olho texto=” “Por meio das ações e formações continuadas do projeto, os estudantes têm potencializado o seu protagonismo para além das aprendizagens de sala de aula – uma educação para a vida” ” assinatura=”William Resende, orientador e coordenador do projeto” esquerda_direita_centro=”esquerda”]
O orientador William Resende explica que, com o projeto, os estudantes são estimulados desde cedo para a aplicação de uma gestão democrática. Assim, a escola cria futuros profissionais preparados para olhar com atenção, crítica, autonomia e liderança, além de fortalecer o senso de trabalho em equipe.
“O projeto Escola de Líderes é uma oportunidade de conciliar teoria e prática em prol de uma educação pública e de qualidade com o foco no pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”, resume.
Ainda segundo William, essa é uma oportunidade de desenvolver as competências necessárias para o mundo do trabalho e para a vida em sociedade. “Por meio das ações e formações continuadas do projeto, os estudantes têm potencializado o seu protagonismo para além das aprendizagens de sala de aula – uma educação para a vida”, conclui. Em breve, as pautas do projeto Escola de Líderes também serão trabalhadas nos conteúdos curriculares durante as aulas do CEF 14.
*Com informações da Secretaria de Educação