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24/07/2021 às 16:30, atualizado em 24/07/2021 às 22:39
Iniciativa de professores da rede pública oferece material para que o tema seja abordado ao longo do ano letivo
O fato de conviver desde a infância em uma família majoritariamente composta por mulheres negras impactou o futuro da professora Rayssa Carnaúba. “Sempre questionei os papéis que me eram impostos e passei a reagir”, explica. A indagação se aprofundou ao lidar com diversas adolescentes grávidas em Santa Maria, onde lecionou.
“Percebia que a gestação comprometia o futuro dessas meninas e que havia muita indiferença quanto a isso”, lembra. Tal preocupação resultou em um mestrado que abordou a gravidez na adolescência e fez com que a profissional se apaixonasse de vez pela luta em prol dos direitos femininos.
Acreditando que a educação pode contribuir para a equidade de direitos e prevenção à violência contra meninas e mulheres, Rayssa articulou-se com outros professores e elaborou o Catálogo com referências e materiais pedagógicos: valorização das meninas e mulheres e enfrentamento às violências 2021.
O podcast EducaDF desta semana apresenta o catálogo, que oferece um conjunto de referências e materiais pedagógicos para os professores. O objetivo é possibilitar que eles tratem de temas como a valorização da mulher e o combate à violência em sala de aula. Confira o episódio nas plataformas de áudio.
Plantando novas práticas
O catálogo faz parte da Política de Valorização das Meninas e Mulheres e Enfrentamento às Violências da Secretaria de Educação. Reúne a legislação e normas que orientam o tema nas escolas públicas. Traz também um apanhado com as principais ações já desenvolvidas pela pasta, além de um compilado de filmes, músicas, documentários e obras sobre o tema.
Assim como Rayssa, a professora Isadora Oliveira, também uma das autoras do catálogo, acredita que o material pode ajudar os profissionais da educação a trabalhar com essa temática ao longo de todo ano. Desde 2017, Isadora desenvolve o projeto Entre Elas, que funciona como uma ferramenta na rede de proteção às estudantes.
A iniciativa ganhou dois prêmios: Conectando Boas Práticas, da Fundação Lemann, e o Prêmio Maria da Penha vai à Escola, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT).
No momento, o projeto se encontra em fase de expansão e transformação em política pública e durante a pandemia foi realizado de maneira híbrida.
Direitos femininos na escola
Para a professora Andressa Marques, que pesquisa autoras negras na literatura, o catálogo possibilita “a construção de uma sociedade mais igualitária, na qual o ser humano consiga respeitar o outro e compreender de maneira ética e crítica qual é seu papel na interação social”, destaca.
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Nascida em uma família modesta, a mãe sempre incentivava Andressa a estudar e ser dona de suas próprias escolhas. “Ter liberdade econômica, por exemplo, não fazia parte da realidade de outras gerações de mulheres. Muitas ficaram restritas ao espaço doméstico e não conseguiam alçar novos voos por conta das limitações. A educação possibilita novas perspectivas às mulheres”, finaliza.
* Com informações da Secretaria de Educação