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04/08/2021 às 12:21, atualizado em 04/08/2021 às 13:30
Fruto de parceria com a Associação dos Defensores das Culturas Regionais, inciativa do GDF gera centenas de empregos
[Olho texto=”“A Caravana é uma ideia que nasceu em plena pandemia. Garante renda ao artista e cultura aos brasilienses e, principalmente, contribui com a preservação da tradição do são-joão” ” assinatura=”Sol Montes, subsecretária de Difusão e Diversidade Cultural ” esquerda_direita_centro=”direita”]
Até o próximo dia 16, o Zeca Troncho – apelido dado ao caminhão-palco da Caravana de São João 2021 – atravessa 27 regiões administrativas do DF, levando o forró de raiz. Nesta quarta-feira (4), entre as 16h e as 17h30, o festivo veículo sobe a poeira em Sol Nascente/Pôr do Sol. A iniciativa é fruto de Termo de Fomento executado pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec) em parceria com a Associação dos Defensores das Culturas Regionais (ADCR).
Com recursos de R$ 640 mil, o projeto compreende 76 apresentações. A iniciativa gera 300 empregos para a classe artística e 50 para profissionais de apoio e de administração. Todos os participantes seguem protocolos de segurança contra a covid-19. Por ser itinerante, o projeto não gera aglomerações.
“A Caravana é uma ideia que nasceu em plena pandemia”, explica a subsecretária de Difusão e Diversidade Cultural (SDDC), Sol Montes. “Garante renda ao artista e cultura aos brasilienses e, principalmente, contribui com a preservação da tradição do são-joão.”
Paranoá em festa
“Todo artista tem de ir aonde o povo está”, parafraseia o músico Nilson Freire, em alusão ao clássico da MPB Bailes da Vida, de Milton Nascimento e Fernando Brant. “É uma iniciativa importante, porque ameniza tanto a situação financeira dos artistas, que estão sem trabalho desde o ano passado por causa da pandemia, quanto a carência cultural das pessoas, que agradecem por onde a gente passa, com brilho nos olhos, dançando e jogando beijos e abraços”. Nilson está escalado para tocar em Brazlândia, no próximo dia 12.
No último sábado (31/8), no Paranoá, a reação do público à passagem da Caravana de São João confirmou a descrição de Freire. Enquanto Zeca Troncho deslizava preguiçosamente entre dois carros de apoio – primeiro com o Trio Forró Biju, que tocou às 16h, e em seguida com o Trio Farol da Barca (18h) –, as pessoas acenavam das janelas e pelo comércio da cidade. O caminhão-palco fez um circuito de cerca de 6 km pela Avenida Comercial, quadras internas e Avenida Transversal em aproximadamente 80 minutos.
[Olho texto=”“Ceilândia é o grande celeiro dessa música no DF”” assinatura=”Marques Célio, presidente da Associação dos Forrozeiros do DF (Asforró)” esquerda_direita_centro=”esquerda”]
No Paranoá, o presidente da ADCR, Arkson Rangel, estima que cerca de mil pessoas tenham tomado contato com a música conduzida por vocal, triângulo, zabumba e sanfona, formação tradicional do forró de raiz. Esses trios ganham cachê por apresentação que varia de R$ 3,6 mil a R$ 5 mil, dependendo do portfólio da banda.
O presidente da Associação dos Forrozeiros do DF (Asforró), Marques Célio, explica que o forró de raiz repete a tradicional formação de músicos criada por Luiz Gonzaga (1912-1989) e Dominguinhos (1941-2013) e tende a se diferenciar do chamado “forró de plástico” – como Dominguinhos, às vezes, se referia às versões mais comerciais do gênero.
Marques ensina ainda que cinco ritmos compõem o gênero: forró, xote, baião, xaxado e marchinha. “Ceilândia é o grande celeiro dessa música no DF”, ressalta ele, que acompanha os trios em todas as apresentações da Caravana. “Dos 42 trios da Asforró, 26 são de lá, mas todas as regiões administrativas comparecem no arrasta-pé”.
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Marques Célio conta que os segmentos que vivem em torno dessa tradição aguardam para o ano que vem o registro do forró de raiz como patrimônio imaterial pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). “Não saiu ainda porque a pandemia atrapalhou”, afirma.
Emprego e renda
O músico Luizão do Forró, de Ceilândia, agradece aos organizadores da Caravana de São João e lembra que o projeto tem o apoio integral da classe artística “Não tenho nenhuma dúvida do tamanho da importância dessa proposta para todos”, diz. Nilson Freire vai mais longe: “É um projeto que, independentemente da pandemia, deveria continuar. Em 20 anos de carreira, tocando em Brasília e em várias partes do país, nunca vi nada igual”.
Músico e produtor cultural há 34 anos, além de participante da diretoria da Associação dos Músicos e Artistas Populares do DF e Entorno (Asmap), Cacá Silva destaca a participação das mulheres na arte do forró no DF. Cita as cantoras Carliane Alves, Eliane Di Paula, Maiza Lima, Anne Santos, Luana, Anna Doni e as bandas Menino Ricco e Collo de Mainha. “Esse projeto tem uma importância extraordinária na manutenção do trabalho e renda de cantores, cantoras e trios”, reforça.
O operador de áudio José Roberto Pereira de Oliveira, morador do Riacho Fundo, ecoa os elogios ao projeto: “É muito importante para nós, tanto os da equipe técnica quanto os artistas. A Caravana de São João traz trabalho e dignidade para todos nós e nossas famílias”.
O operador de iluminação Rubens Noronha, por sua vez, não pensa duas vezes ao trocar a arte dos projetos cenográficos pelo álcool gel para higienizar microfones e instrumentos musicais em cima do caminhão. “Sou muito fã de São João”, diz. “Em breve, a Caravana vai passar na minha cidade [Riacho Fundo]. Vamos esperá-la de braços abertos”.
Confira aqui o cronograma das apresentações da Caravana de São João.
*Com informações da Secretaria de Cultura e Economia Criativa