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25/09/2021 às 15:09
Trabalho manual é feito com matéria-prima extraída de área de 1 hectare cultivada em chácara
[Olho texto=”“Eu tive um sonho no qual ensinava crianças a fazer papel reciclado, mas não sabia nada sobre isso e comecei a pesquisar” ” assinatura=”Gizelma Fernandes, artesã e produtora” esquerda_direita_centro=”direita”]
Produtora rural e artesã no Núcleo Rural do Caub I, Gizelma Fernandes, 46 anos, decidiu mudar de vida partindo da convicção de que é necessário buscar um sentido mais profundo no que faz. Foi então que, há 16 anos, deixou o emprego em um escritório para apostar na produção de papel a partir do tronco de bananeira. Atualmente, ela produz por mês cerca 500 folhas de 0,70 m X 1 m, comercializadas na internet e em uma loja própria no Shopping Popular.
A matéria-prima é extraída de um sistema agroflorestal de aproximadamente 1 hectare cultivado na chácara onde Gizelma vive. “Chega um dia na vida em que a gente se pergunta se aquilo que está fazendo é realmente o que a gente tem que fazer, porque acredito que todas as pessoas têm uma semente para realizar [desenvolver]”, conta. “Eu achava que aquele trabalho no escritório não era a minha. Como a flor se torna flor, qual era a semente que eu tinha para o mundo?”
A ideia de que essa semente estava no papel de tronco de bananeira surgiu de forma imprevista. “Eu tive um sonho no qual ensinava crianças a fazer papel reciclado, mas não sabia nada sobre isso e comecei a pesquisar”, conta Gizelma. “Isso foi em 2004. Consegui um curso no Museu Vivo da Memória Candanga naquele mesmo ano; e, a partir daí, trabalho com isso”. Em 2005, ela montou a empresa Flor de Bananeira.
Assistência técnica
[Olho texto=”Trabalho é desenvolvido em parcerias que incluem a participação da Secretaria de Agricultura” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”esquerda”]
A artesã desenvolveu a estrutura da empresa com o pai e apoio da Secretaria de Meio Ambiente (Sema), do Instituto Brasília Ambiental, da Universidade Internacional da Paz (Unipaz) e da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do DF (Emater). “A Emater é uma das principais apoiadoras do trabalho que faço, em todas as etapas de cada um dos meus projetos”, destaca.
“Quando conhecemos a Gizelma, ela já fazia o papel com o tronco da bananeira”, lembra a gerente do escritório da Emater em Vargem Bonita – que atende a região do Caub –, Claudia Coelho. “A nossa técnica Janaína Dias fez um curso de tingimento natural para o papel reciclado. Ela ensinou como tirar o tingimento das plantas, e disso surgiu a ideia de fazer um jardim tintorial, que seria utilizado na propriedade da Gizelma para os papéis e também em outros projetos em andamento. Tudo para agregar valor aos produtos.”
No sistema agroflorestal, o papel dos técnicos de Vargem Bonita foi redesenhar o projeto para melhorar seu aproveitamento e ir em busca de parcerias que tornassem possível sua execução: “A gente conseguiu um kit de irrigação em parceria com a Seagri [Secretaria de Agricultura]. Foram feitos pedidos à Novacap para resolver um problema de poda, para melhorar a adubação e a qualidade do solo. Então, a gente auxiliou com assistência técnica na agrofloresta.”
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Produção agroecológica
Para produzir o papel, a artesã faz o manejo da bananeira, respeitando seu ciclo natural: espera a planta dar o fruto e só depois corta o tronco, processo necessário para que o pé continue produzindo. O que não usa como papel, destina para adubo. Todo o processo é conduzido pela produção agroecológica.
Ela cuida de tudo sem usar nenhum tipo de agrotóxico, mesmo tratamento destinado às outras plantas da sua propriedade. São frutas, hortaliças e ervas medicinais produzidas em sistema agroecológico e depois vendidas na região. “Esses dias mesmo, vendi seis caixas de mandioca”, relata, orgulhosa.
Projeto Revivare
Do sonho de ensinar crianças a fazer papel reciclado, Gizelma criou o projeto Revivare, que começou a colocar em prática em 2015. O nome acabou batizando a chácara onde vive. Ela ensina gratuitamente crianças de escolas da região a plantar, colher e usar com sabedoria os recursos naturais.
“Primeiro, eu levo os estudantes ao sistema agroflorestal, explico como funciona e ensino a plantar e a cuidar”, explica. “Depois, incentivo a recolher do chão flores e folhas para a produção de seus papéis – mas sempre do chão, nunca do que ainda está no pé.”
*Com informações da Emater