16/10/2021 às 14:37, atualizado em 16/10/2021 às 14:08

Parceria e oportunidade de trabalho

Pessoas em situação de rua têm chance de voltar ao mercado de trabalho na CasaCor Brasília 2021

Por Agência Brasília* | Edição: Renata Lu

A montagem da CasaCor2021 está a todo vapor. Tudo precisa estar pronto a partir de 26 de outubro, quando, até 12 de dezembro, a tradicional mostra abre as portas para os visitantes. Instalado, neste ano, em uma área de 40 mil metros quadrados na Quadra 904 da Asa Sul, o evento tem precisado de reforço para conseguir deixar o local devidamente preparado para a grande inauguração. E a ajuda estava a poucos metros dali.

Hélio Pereira Magalhães, 45 anos, frequenta o Centro Pop do Plano Piloto e não pensou duas vezes quando viu a oportunidade para trabalhar na CasaCor  Foto: Ádamo Dan/Sedes

[Olho texto=”“Fui parar nas ruas por problemas psicológicos, mas eu sou um trabalhador. O que eu precisava era apenas de uma oportunidade e ela veio”” assinatura=”Hélio Pereira Magalhães, 45 anos” esquerda_direita_centro=”direita”]

A organização da CasaCor recorreu ao Centro Pop do Plano Piloto. “Escolhemos um terreno muito grande e que precisava de manutenção geral, limpeza da área comum e estacionamento, asseio, podas e demais cuidados. Fizemos uma parceria com o Pop e, há três semanas, oito pessoas prestam serviços para nós”, explica a gerente da exposição, Ângela Feitoza.

Cada um dos diaristas recebe R$ 80 por dia trabalhado. De acordo com a organização, “os pagamentos ocorrem semanalmente, com o objetivo de assegurar que o prestador de serviço continue vindo com frequência e não deixe de ir no dia seguinte ao recebimento do pagamento”. De acordo com Ângela Feitoza, há eletricistas, pintores e marceneiro. Especialidades que têm sido de vital ajuda para o desempenho das funções estabelecidas a eles.

Um dos oito cidadãos em atuação é Hélio Pereira Magalhães, de 45 anos. Frequentador do Centro Pop há quase uma década, ele não pensou duas vezes quando a oportunidade apareceu. “Eu sou um trabalhador. Fui parar nas ruas por problemas psicológicos, mas eu sou um trabalhador. O que eu precisava era apenas de uma oportunidade e ela veio”, conta o homem, que sonha em terminar o ensino médio e ingressar na faculdade de administração de empresas.

[Olho texto=”“Parece uma repetição, mas a palavra a ser dita milhares de vezes é oportunidade. Eles estão dando mais um passo para vencer a condição de rua, o que apenas é possível com a união de esforços do governo, da sociedade civil e deles próprios”” assinatura=”Mayara Noronha Rocha, secretária de Desenvolvimento Social” esquerda_direita_centro=”esquerda”]

Para Daniel Souza**, 32, acostumado com serviços ainda mais pesados, os dias de trabalho na preparação da CasaCor têm sido gratificantes e uma terapia. “Vim do Paraná em 2019, onde eu já trabalhei como almoxarife, servente de pedreiro e ajudante de obra. Quero retomar minha carreira aqui”, frisa o paranaense, que foi surpreendido pela retração dos postos de trabalho com a instalação da pandemia da covid-19.

Além da remuneração semanal, os prestadores de serviço recebem uniforme e máscaras de proteção facial, além do equipamento necessário de acordo com a função. Eles atuam das 8 às 17 horas, com uma hora de almoço, feito no Centro Pop, pois a unidade oferta gratuitamente essa refeição, bem como café da manhã e lanche da tarde para os frequentadores.

Neste sábado (16), porém, a organização precisou acelerar a arrumação do local e a equipe foi convocada. Além da diária extra, receberam o almoço, apesar de o Pop também ofertar a refeição aos fins de semana e feriados, de maneira ininterrupta nesse período de pandemia.

“Essa fase de montagem é muito trabalho, então ficamos muito felizes de poder contar com esse suporte tão importante”, destaca a empresária Moema Leão, uma das realizadoras da CasaCor. “Ficamos orgulhosas deles, pois nós demos a oportunidade, mas foram eles que abraçaram e demonstraram total comprometimento com o trabalho”, completa.

[Olho texto=”Ficamos orgulhosas deles, pois nós demos a oportunidade, mas foram eles que abraçaram e demonstraram total comprometimento com o trabalho” assinatura=”Moema Leão, uma das realizadoras do CasaCor” esquerda_direita_centro=”direita”]

A secretária de Desenvolvimento Social, Mayara Noronha Rocha, esteve no local para acompanhar a preparação do ambiente e comemorou a iniciativa. “Parece uma repetição, mas a palavra a ser dita milhares de vezes é oportunidade. Olha o comprometimento dessas pessoas, olha a vontade deles em mostrar serviço, olha a qualidade do trabalho. Enfim, eles estão dando mais um passo para vencer a condição de rua, o que apenas é possível com a união de esforços do governo, da sociedade civil e deles próprios”, sintetiza.

CasaCor2021

Com 37 ambientes assinados por cerca de 40 arquitetos, designers de interiores e paisagistas, a edição 2021 da CasaCor Brasília acontece na 904 Sul, local que já recebeu as edições de 2010 e 2011. A 29ª edição é composta por espaços que vão de estúdios com 35 m² a um amplo jardim de mais de 1 mil m², assinados por nomes consagrados e novos talentos.

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Idealizadoras, as arquitetas Eliane Martins e Sheila Podestá têm uma longa história com a mostra na cidade ao participarem como profissionais convidadas em 1994 com o Quarto de Casal. Posteriormente, no ano 2000, uniram-se à Abadia Teixeira e Catarina Bastos – dupla que inaugurou a mostra tanto em Brasília quanto em Goiás -, na administração da CasaCor nas duas praças. Dois anos depois, assumiram totalmente as duas franquias da região Centro-Oeste. A empresária Moema Leão se juntou a Martins e Podestá em 2001 para contribuir com o sucesso de público da mostra, ao torná-la umas das mais visitadas do país.

 

*Com informações da Sedes
**Nome fictício, usado para preservar a identidade do personagem devido a questões pessoais