13/11/2021 às 10:33

Mês da prematuridade resgata a importância da presença da mãe com o bebê

Na pandemia, acesso de mães e pais aos bebês prematuros foi restrito. Com o arrefecimento da covid-19, “separação zero” ajuda no tratamento

Por Adriana Izel, da Agência Brasília | Edição: Saulo Moreno

A pequena Diana, que nasceu de 33 semanas e teve a companhia da mãe Fayane Dourado nos primeiros 26 dias no Hospital Regional de Ceilândia, seguiu depois para o método canguru, medida que ajudou no bom desenvolvimento da criança | Fotos: Geovana Albuquerque/Agência Brasília

Quando Augusto nasceu de 34 semanas, não houve um dia em que a professora Mayrla dos Santos tenha ficado distante do filho. Foram 83 dias com o bebê no Hospital Regional de Taguatinga. O mesmo aconteceu com a dona de casa Fayane Dourado. Ela ficou 26 dias ao lado de Diana, que nasceu de 33 semanas, de parto normal, no Hospital Regional de Ceilândia.

A realidade vivida pelas duas em 2019 não foi a mesma de algumas mães que tiveram nenéns prematuros após o início da pandemia de covid-19. Devido à doença, as mães e os pais tiveram acesso restrito aos bebês durante os períodos mais intensos da crise sanitária para evitar o risco de contaminação.

[Olho texto=”“Tive apoio de toda a minha família. Sentia saudade de casa, mas ao mesmo tempo ela precisava de mim”” assinatura=”Fayane Dourado, dona de casa” esquerda_direita_centro=”esquerda”]

Por isso, durante o Mês da Prematuridade, celebrado em novembro, a intenção é resgatar essa relação de proximidade entre prematuros e família, parte importante do tratamento. “Estamos preconizando o resgate ao que sempre teve: a separação zero das mães e o acesso livre dos pais. Esse é o tema da campanha deste ano. A família é de extrema importância para o tratamento da criança, para que ela consiga sobreviver e tenha um vínculo familiar”, explica a pediatra Miriam Santos, coordenadora das Políticas de Aleitamento Materno e Banco de Leite Humano do DF.

Essa importância da presença materna é reforçada pelas mães de bebês prematuros. “Tive apoio de toda a minha família. Sentia saudade de casa, mas ao mesmo tempo ela precisava de mim”, conta Fayane Dourado. A dona de casa lembra que, após o período na UTI neonatal, Diana foi para o método canguru, em que o bebê é colocado em contato pele a pele, de forma gradativa, com os pais.

[Olho texto=”“Lembro do momento do toque parado, que é quando colocamos as mãos para que o bebê sinta que há alguém por perto. Depois teve o aconchego do método canguru. É importante para a criança se sentir acolhida, porque ela fica ali dentro da caixinha da incubadora”” assinatura=”Mayrla dos Santos, professora” esquerda_direita_centro=”direita”]

O tratamento canguru foi um momento de emoção para Mayrla, já que Augusto passou por uma série de intercorrências durante a internação, como convulsão, hemorragia e parada cardiorrespiratória. “Lembro do momento do toque parado, que é quando colocamos as mãos para que o bebê sinta que há alguém por perto. Depois teve o aconchego do método canguru. É importante para a criança se sentir acolhida, porque ela fica ali dentro da caixinha da incubadora”, comenta.

Prematuridade

O Mês da Prematuridade nasceu a partir do Dia Mundial da Prematuridade, lembrado em 17 de novembro. O período é conhecido também como Novembro Roxo. A cor foi escolhida por representar a sensibilidade e a individualidade do prematuro, além de simbolizar transmutação e mudança. Ao longo do mês, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal terá ações de conscientização nas unidades, com ensaios de bebês internados e palestras sobre os cuidados.

É considerado prematuro o bebê que nasce antes da 37ª semana de gestação. Aqueles que vêm ao mundo com menos de 28 semanas são classificados como prematuros extremos. O atendimento e o tipo de tratamento dos bebês dependem da gravidade. Há bebês que precisam de assistência ventilatória, hidratação venosa, nutrição parenteral e antibioticoterapia e suplementação de vitamina. O tratamento leva em conta a idade gestacional e o peso.

[Numeralha titulo_grande=”4.754″ texto=”nascimentos prematuros foram registrados no DF até setembro de 2021″ esquerda_direita_centro=”esquerda”]

No DF, os casos mais graves são encaminhados para as UTIs neonatal no Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib), Hospital Regional de Taguatinga (HRT), Hospital Regional de Ceilândia (HRC), Hospital Regional de Sobradinho (HRS) e Hospital Regional de Santa Maria (HRSM).

Os demais casos são atendidos no Hospital Regional de Planaltina (HRP), Hospital da Região Leste (Paranoá) e Hospital Universitário de Brasília (HUB/UnB). Também há centros de reabilitação para atendimento das crianças que atingiram o seu potencial.

Até setembro de 2021, o Distrito Federal registrou 4.754 nascimentos prematuros, destes 3.376 nascidos de mães residentes da capital federal. Em relação ao mesmo período do ano passado, o número teve queda. “Tivemos um número menor de prematuros, entretanto, temos que ver se tivemos um número menor de nascimentos. O que sabemos é que, quando comparamos aos dados nacionais, o DF tem a prematuridade maior que a média nacional. A média está em 11% e estamos com 12,2%”, revela Miriam dos Santos.

Precaução

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A pediatra Miriam Santos alerta para a necessidade de conscientização dos pais. Ela diz que é de extrema importância um planejamento familiar, para que as mulheres engravidem num momento de decisão própria. “Para isso, ela precisa ter acesso à informação em relação a métodos contraceptivos para que possa engravidar quando desejar”, afirma.

O planejamento também pode resultar no início rápido do pré-natal, momento em que as equipes médicas podem identificar problemas que possam propiciar um parto prematuro, como diabetes, infecção urinária, entre outros.