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22/11/2021 às 17:30, atualizado em 23/11/2021 às 11:49
Cardápio sempre tem proteínas, carboidratos, frutas e hortaliças; gestores de escolas públicas falam como administram a oferta de alimentação
Toda segunda-feira, a Escola Classe 15 de Ceilândia recebe os alimentos perecíveis e não perecíveis destinados à produção da merenda da semana.
Na lista estão os chamados “gêneros” que compõem o cardápio sugerido pelos nutricionistas da Secretaria de Educação (SEE).
Para assegurar o valor nutricional necessário a cada estudante, estão garantidos proteínas, carboidratos, frutas e hortaliças divididos.
“Todas as regionais de ensino recebem a quantidade de gêneros de acordo com o quantitativo de alunos. Se meu aluno come uma maçã aqui, todos os alunos da rede pública do DF vão comer maçã também”, afirma o vice-diretor da EC 15, Ricardo da Silva Koziel.
A única diferença da unidade é o formato integral, o que duplica os ingredientes recebidos, devido ao fato de os alunos terem cinco refeições por dia – a média é de até três nas demais escolas.
De acordo com a Secretaria de Educação, a alimentação dos 429.762 estudantes contemplados diariamente com merenda é assegurada com 59 tipos de produtos alimentícios fornecidos. Desses, 32 itens são fornecidos pelos 854 produtores da agricultura familiar que integram os 16 contratos do GDF com cooperativas.
A variedade de ingredientes permite a manutenção do valor nutricional, mesmo quando algum item está em falta. Ricardo Koziel explica ainda que cada regional de ensino pode solicitar ingredientes a outras unidades.
“Se eu sei que faltará arroz, por exemplo, meu papel como gestor é falar com a nutricionista. Ela vai fazer uma guia de transferência e procurar uma escola que tenha o gênero sobrando. Do ponto de vista teórico, a merenda nunca vai faltar. Sempre vai sobrar, porque ela sempre vem para o total de alunos, e temos sempre algum faltante. A tendência é que o saldo seja maior na dispensa”, avalia.
A Secretaria de Educação necessita de 4,3 mil toneladas de gêneros perecíveis e 746.143,90 quilos de gêneros não perecíveis, por ano, para atender as escolas do DF.
Liberdade para o cardápio
Apesar de disponibilizar de nutricionistas e sugestões nos cardápios, a secretaria deixa as unidades à vontade para adaptações na alimentação dos estudantes. “É preciso fazer uma gestão de alimentos. Está faltando carne vermelha, por isso está vindo muito peixe e frango, que também são proteínas”, explica.
“O que eu tento fazer é pesquisar e sugerir outras formas, ao molho, assado e panache [receita com mistura de legumes]. Isso dá trabalho. Mas a nossa função é oferecer uma alimentação saudável e nutritiva para os nossos alunos”, explica o vice-diretor da Escola Classe 15 de Ceilândia.
Merendeira há nove anos na escola, Maria de Lourdes Silva, 63, diz que criatividade é o que não falta na cozinha da EC 15: “A gente procura garantir uma comida variada, balanceada e colorida e tenta cumprir o cardápio proposto à risca”.
Na avaliação do vice-diretor, as adaptações do cardápio também servem para estimular a reeducação alimentar. Ele cita crianças que aprenderam a comer brócolis e outros alimentos na escola.
“A merenda na escola integral tem um efeito de distribuição de renda. O dinheiro que o pai economiza com alimentação pode ser gasto com outra coisa. Temos alunos carentes que passam fome em casa. Eles falam que o dia mais alegre é a segunda-feira e o mais triste é a sexta-feira, porque no sábado e no domingo não sabem o que vão comer”, lamenta o gestor.
Esse foi o caso dos irmãos Mesquita Silva, Luís Davi, 11 anos, e Lara, 8, que provaram, pela primeira vez, canja e chuchu na merenda da EC 15. “Eles gostam bastante da merenda. Para mim, é muito bom. Porque o meu custo com os alimentos diminuiu. O que eu comprava para uma semana, hoje dura um mês”, afirma Nathália Souza Mesquita, mãe dos estudantes e voluntária da escola.
A autônoma Adriana Vieira Gonçalves, 44 anos, explica que desde que a filha Pietra, 9 anos, começou a estudar na Escola Classe 15 de Ceilândia, ela acompanha a merenda. “Para mim, é maravilhoso, porque é oferecida uma boa alimentação para a minha filha”, comenta. O prato favorito de Pietra é salada. “Ela nunca foi uma criança com dificuldade de se alimentar, mesmo em casa, mas aqui tem uma variação maior na alimentação”, completa.
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Muitas crianças acabam tendo contato na escola com frutas, verduras e legumes. Isaac Lourenço, 7 anos, gosta do momento do lanche em que pode comer alimentos como banana e melancia. “Eu gosto da hora da merenda. Como tenho alergia a leite, eu gosto de comer banana e melancia. No almoço, eu gosto de arroz, feijão e frango”, revela.
Já Mariana Juliana da Silva, 8 anos, destaca a proximidade dos alunos com os ingredientes. A escola conta com uma horta com alface e cebolinha que é cuidada e colhida pelos estudantes para incrementar o cardápio. Eles também são ensinados a reproduzir a horta em casa. “A gente sempre vai lá [à horta] para regar”, explica Mariana, que, toda animada, levou algumas folhas para as merendeiras.