01/12/2021 às 09:48, atualizado em 01/12/2021 às 13:38

Hospitais públicos guardam ciência e pesquisa em bibliotecas próprias

Acervo está disponível para servidores, residentes e estudantes de medicina e enfermagem. Hoje, DF conta com quatro unidades em funcionamento

Por Adriana Izel, da Agência Brasília I Edição: Débora Cronemberger

Quando os estudantes de enfermagem Ana Aparecida Santos, 23 anos, e Thyago Pereira Decena, 27 anos, que fazem estágio no Hospital Materno Infantil Dr. Antonio Lisboa (Hmib), na Asa Sul, têm dúvidas durante um atendimento, eles sabem exatamente onde buscar o conhecimento: na biblioteca localizada na unidade de saúde.

Cada biblioteca tem um acervo especializado em uma área da saúde. No caso do Hmib, o conteúdo é focado em obras de pediatria, ginecologia e obstetrícia | Fotos: Joel Rodrigues/Agência Brasília

“É uma biblioteca bem completa. Quando estamos [atuando] na prática e fica uma dúvida, usamos a biblioteca para buscar as informações”, conta Ana Aparecida. O ato faz parte do período de “internato” (último ano do curso) dos estudantes, quando eles precisam entregar uma devolutiva sobre os atendimentos para serem avaliados.

Servidores da Secretaria de Saúde, residentes e alunos dos cursos de medicina e enfermagem da Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências de Saúde (Fepecs), da Escola Superior de Ciências da Saúde (Escs), da Escola Técnica de Saúde de Brasília (Etesb) e das entidades vinculadas têm acesso à informação especializada de saúde no acervo disponível nas bibliotecas mantidas em alguns hospitais da rede pública.

Estanis Martinele, bibliotecária do Hmib

A função é nutrir a categoria com bibliografia nacional e internacional em ciências da saúde. As bibliotecas disponibilizam aos usuários os serviços de empréstimo de publicações, computação bibliográfica, normalização de documentos e pesquisa em bases de dados, mediante a apresentação do crachá ou documento de identidade e comprovante de vínculo funcional.

De acordo com a Secretaria de Saúde, outros três hospitais, além do Hmib, contam com bibliotecas abertas para visitação. São eles: o Hospital Regional do Gama (HRG), o Hospital da Região Leste (HRL) e o Hospital Regional de Ceilândia (HRC).

Conteúdo

Cada biblioteca tem um acervo especializado em uma área da saúde. No caso do Hmib, o conteúdo é focado em obras de pediatria, ginecologia e obstetrícia. “O objetivo da biblioteca é promover acesso à informação. Como o Hmib é especializado nessas três áreas, o nosso acervo tem livros com esse foco para ajudar os servidores e os estudantes”, explica a bibliotecária Estanis Martineli, que trabalha há dois anos na unidade.

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Em média, o local no Hmib atende 240 pessoas por mês. Ao todo são cerca de 400 títulos disponíveis no local, mas o acervo sempre sofre alterações devido à possibilidade que as unidades têm de trocar entre si as obras, de acordo com a demanda dos usuários. Livros, artigos, trabalhos de conclusão de curso e CDs e DVDs integram a rede de bibliotecas da Secretaria de Saúde (SES). O conteúdo disponível pode ser conferido no site oficial (acesse aqui).

Além das publicações, o espaço tem três computadores com acesso à internet e uma sala reservada. O local é o preferido do estudante Thyago Pereira Decena para as discussões temáticas com os demais colegas de curso. “Eu gosto muito do espaço reservado, porque podemos debater em grupo. Também considero o acervo completo, com livros brasileiros e internacionais”, afirma Thyago.

Thyago Pereira Decena, estudante de enfermagem

Durante a pandemia, a bibliotecária Lucimar Menezes, também do Hmib, notou uma mudança no perfil de pesquisa dos usuários. “Tivemos mais demanda sobre bibliografias ligadas à covid-19. Recebemos pedidos de levantamento bibliográfico sobre o tema”, revela.

Uma das demandas foram estudos sobre o atendimento de pacientes com diabetes diagnosticados com coronavírus. “Essa foi uma novidade. Os staffs [compostos pelos médicos da SES que dão aula] nos procuraram mais nesse período de pandemia. O nosso público, em geral, são os estudantes”, completa Estanis.

A crise sanitária também mudou a rotina. Os usuários podem ficar mais tempo com os livros. Cada publicação passa por 40 dias de isolamento e higiene antes de retornar para as prateleiras. O limite de pessoas dentro dos espaços também sofreu mudanças para evitar aglomerações.