03/12/2021 às 20:18, atualizado em 03/12/2021 às 20:19

Museu da República exibe três mostras simultaneamente

Cecília Lima, Raíssa Studart e Cléber Cardoso Xavier apresentam trabalhos produzidos durante residência artística em Olhos D’Água

Por Agência Brasília* | Edição: Rosualdo Rodrigues

O Museu Nacional da República (MUN) abriu nesta sexta-feira (3) uma exposição que usa a convivência de artistas sob o mesmo teto como fonte de inspiração. Hospitalidade reúne, simultaneamente, na Galeria Térreo do equipamento da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec), mostras individuais de Cecília Lima, Raíssa Studart e Cléber Cardoso Xavier criadas ao longo de duas semanas em junho de 2019.

Vista do Monte Olhos d´Água, obra que compõe a mostra individual de Cléber Cardoso | Fotos: Divulgação/Secec

Imersos no povoado de Olhos D’Água, no município de Alexânia (GO), os artistas nutriram-se da hospitalidade da também artista Suyan de Mattos, que tem lá sua casa-ateliê, dublê de refúgio para finais de semana. “As minhas casas [mantém outra em Brasília] são os meus ateliês. Eu chamo essa casa de ‘Lugar de Suyan’”.

Ela explica a vivência estética: “Uma vez ao ano eu convido artistas para morarem lá. Eles ficam duas semanas, produzindo um projeto que me apresentam com antecedência. Eles ficam, eu saio”. Para a diretora do MUN, Sara Seilert, “curadorias como essas são propostas que trazem provocações contemporâneas para o espaço institucional do museu”.

Foram curadorias separadas. Yana Tamayo, sobre a criação de Cecília Lima, diz que seus trabalhos “nos convidam a atentar para o mínimo, lento e frágil arranjo entre as coisas. Deslocamentos a pé, de ônibus ou carro pela cidade, além da observação cotidiana da arquitetura, suas construções e abandonos, fazem parte do processo de pesquisa desta artista que recolhe pequenos indícios materiais, testemunhas dos fluxos implicados nas transformações do espaço urbano”.

Raissa Studart usa café e linha sobre tecido na obra a que deu o nome 24 de Maio

Cintia Falkenbach assina os textos curatoriais de dois outros trabalhos. Sobre Raíssa Studart, explica que “a artista construiu paisagens aquareladas de café num espaço branco e macio de algodão. Textura, cheiro e cor sugerem delicadeza e aromas suaves”. Acrescenta que “o café no Brasil é folclore e história ao mesmo tempo e, no interior dos estados brasileiros, o hábito da conversa regada a ‘cafezinho’ é um costume nacional”.

Em relação ao trabalho de Cléber Xavier Cardoso, Falkenbach destaca a peça de malha tricotada pelo autor. Afirma que a obra “conta a história de um percurso tramado [literalmente] durante 17 dias pelo povoado… uma pequena comunidade rural com poucos confortos modernos”.

O tricô nesse tecido – sugere a curadora – representaria as pegadas dessas caminhadas diárias, as conversas entremeadas, os encontros previstos e o acaso. “Todos aqueles contatos que se deram durante esses 17 dias por meio dessa trama, que se mostrou um meio inusitado de comunicação e troca de informações, ficaram ali registrados”, assevera.

Tezontle, Dedicado a Tierras Libres, instalação de Cecília Lima feita com açúcar, cerâmica e madeira

Suyan explica que o final da residência marca, num sábado, o momento mágico em que as pessoas do povoado se encontram com as obras que ajudaram a inspirar. Os artistas têm liberdade de trabalhar com experimentações em qualquer linguagem artística – pintura, instalação, performance, fotografia, texto.

Hospitalidade, explica Suyan, que atua também como curadora e coordena a residência e seus desdobramentos, passa por três fases. A primeira é a residência em si, a segunda deságua numa exposição coletiva dos artistas em algum lugar de Brasília, de Goiânia ou do próprio povoado Olhos D’Água, e a terceira e última fase é a exposição individual simultânea, que nesta edição é no Museu Nacional da República. “São três exposições individuais simultâneas, já que os artistas trabalharam juntos”, justifica.

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Serviço
Exposição Hospitalidade
Individuais simultâneas dos artistas Cecília Lima (curadoria de Yana Tamayo) Raíssa Studart e Cléber Cardoso Xavier (Cintia Falkenbach)
Curadoria geral e coordenação: Suyan de Mattos
Galeria Térreo do Museu Nacional da República
3 de dezembro a 6 de fevereiro de 2022
Sextas, sábados e domingos, das 9h às 17h
Telefones para mais informações: 3325-5220/6410
E-mail: museu@cultura.df.gov.br
Entrada gratuita, mediante apresentação de carteira de vacinação

*Com informações da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF