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08/01/2022 às 19:19, atualizado em 09/01/2022 às 15:20
Uma média diária de quase mil pessoas tem visitado o espaço neste período de férias. Moradores do DF e turistas contam suas experiências no espaço
[Olho texto=”“Observar o céu é algo que está na base da cultura humana. As primeiras reações que o homem teve para fazer previsões, criar calendário, antever as enchentes, prever as estações, foram observando o céu”” assinatura=”Luís Edvar Cavalcante Filho, professor e planetarista” esquerda_direita_centro=”direita”]
Em 1974, um disco voador pousou em Brasília. Mais precisamente no meio do gramado do Eixo Monumental. Contudo, ao contrário daquele clássico de ficção científica dos anos 1950, O Dia em que a Terra Parou, nenhum alienígena desceu da espaçonave e fez saudações inusitadas.
O que aconteceu é que, de repente, ficou mais fácil ver as estrelas, a Lua, o Sol, os planetas, enfim, o universo inteiro de uma maneira geral. Bastava olhar para cima e deixar a imaginação correr solta. Nascia assim o Planetário de Brasília, um dos mais queridos espaços de lazer e entretenimento da capital. São quase 50 anos de tradição, diversão e conhecimento.
“O planetário é o espaço que difunde ciência, conhecimento, essa questão da nossa religação com o céu noturno, um problema nas grandes cidades por conta da poluição luminosa”, comenta o professor e planetarista Luís Edvar Cavalcante Filho, referindo-se à iluminação pública.
“Observar o céu é algo que está na base da cultura humana. As primeiras reações que o homem teve para fazer previsões, criar calendário, antever as enchentes – no caso dos egípcios e o Rio Nilo –, prever as estações, foram observando o céu”, explica.
Localizado no Eixo Monumental, entre o Centro de Convenções e a Torre de TV, o planetário é um dos programas mais procurados nas férias pela garotada. Um fascínio de criança que contagia, claro, os adultos também. A média de público neste janeiro é de, mais ou menos, mil pessoas por dia entre às 9h e 21h, de terça a domingo, horários e dias de funcionamento do local.
Ao todo oito monitores, em horários diferentes, estão preparados para receber, orientar e guiar o público pelos meandros do cosmo em três pavimentos. Entre eles estava Mayara Prado, 29 anos.
“Acho excelente esse trabalho porque estamos ajudando na divulgação científica, incentivando o conhecimento pela ciência, principalmente entre as crianças”, comenta a jovem. “As visitas guiadas são bem informativas, despertam a curiosidade dos pequenos, eles ficam empolgados e passam a se interessar ainda mais pelo tema”, comenta a jovem.
Desde o último dia 2 de janeiro até o momento, mais de 6 mil pessoas já passaram pelo Planetário Luiz Cruls, assim chamado em homenagem ao astrônomo e geodesista belga radicado no Brasil desde 1874. Diga-se de passagem, Cruls teve uma ligação direta com o surgimento da nova capital do país.
Amigo íntimo do imperador Dom Pedro II nos últimos anos do Brasil Império, o astrônomo belga foi diretor do Observatório Astronômico do Rio de Janeiro e chefiou a primeira expedição de técnicos e engenheiros que delimitaram o território em que hoje se localiza o Distrito Federal. Mas essa é outra história. Ou não, porque há em andamento um projeto de criação de exposição permanente sobre Luiz Cruls no Planetário de Brasília.
“Grande entusiasta das ciências e novas tecnologias, o imperador gostava de astronomia e também de fotografia, a história de amizade entre os dois é bem interessante”, comenta o professor Luís Edvar. “Está bem embrionário, mas estamos nos organizando para montar essa exposição sobre a missão Cruls, trabalhando forte para ser uma das novidades para o final deste ano”, antecipa o profissional, há sete meses no espaço.
Jornada do conhecimento
A novidade para quem visitar o Planetário de Brasília neste início de ano é a exposição Bandeira: Símbolo e Identidade, que relaciona a importância fundamental dos astros e constelações, quem diria, na criação do ícone maior da nação.
O projeto, idealizado pelos próprios professores do Planetário de Brasília, vai surpreender o visitante pela quantidade de conexões históricas e astronômicas feitas para juntar um quadrado verde, com losango amarelo e esfera azul salpicado de estrelas.
[Olho texto=”Ao todo, oito monitores, em horários diferentes, estão preparados para receber, orientar e guiar o público pelos meandros do cosmo em três pavimentos” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”esquerda”]
“Nada está ali na bandeira por acaso. As estrelas, por exemplo, numa leitura rápida, estão associadas às unidades federativas do país, mas, na verdade, fazem parte de agrupamento de um conjunto de constelações”, explica Luís Edvar.
Foi o que surpreendeu, de cara, a estudante de arquitetura Maria Eduarda Lima Neves, 22 anos, que levou de passageiro das estrelas no passeio da jornada ao conhecimento, numa manhã de quinta-feira (6), o namorado francês, Mathieu Guise, em visita a Brasília.
“Muito interessante essa ligação das estrelas, do universo como um todo, com a Bandeira Nacional. Há muita complexidade por trás do nosso verde e amarelo”, disse, surpresa. “Apesar de pequeno, achei o lugar bem agradável e me chamou atenção alguns objetos”, disse Mathieu, militar de formação, em alusão aos telescópios e roupa de astronauta que vislumbrou.
Em outra exposição, no subsolo do planetário, o visitante pode saber um pouco mais sobre a Agência Espacial Brasileira (AEB), fundada em 1994. Dá, inclusive, para brincar de astronauta e se sentir no mundo da lua, simulando vestir um macacão espacial e conferindo vários modelos de foguetes nacionais.
[Olho texto=”“Era uma excursão escolar, e lembro que fiquei muito surpresa com o que vi, imagens de planetas, telescópio, o que era o buraco negro”” assinatura=”Micaella Sena, 26, moradora de Ceilândia” esquerda_direita_centro=”direita”]
No primeiro andar, atravessando um túnel de efeitos no melhor estilo 2001 – Uma Odisseia no Espaço (filme de 1968), de Stanley Kubrick, a aventura cósmica continua com a exposição de imagens do universo cedidas ao espaço pelo Consórcio Europeu de Telescópio.
Acompanhada dos dois filhos pequenos, a moradora de Ceilândia Micaella Sena, 26, vivenciou um verdadeiro reencontro com o espaço que visitou pela primeira vez quando tinha a idade de seu primogênito, há 20 anos. “Era uma excursão escolar, e lembro que fiquei muito surpresa com o que vi, imagens de planetas, telescópio, o que era o buraco negro”, recorda. “Mudou bastante, hoje tem muito mais atrações, está diferente, mas para melhor”.
Cinema em 3D
Em função da pandemia, os protocolos de segurança no combate à covid-19 são rigorosamente aplicados no espaço, com totens de álcool gel espalhados pelo local e o uso de máscara rigorosamente obrigatório. O número de visitas guiadas, por exemplo, caiu pela metade: 15 pessoas por vez, dando preferência para grupos de família ou amigos.
[Olho texto=”“O Planetário de Brasília se tornou um dos pontos turísticos mais visitados no Distrito Federal. É uma atração da cidade que está totalmente remodelada, reformada, com os elevadores e o ar-condicionado funcionando e exibição de filmes inéditos”” assinatura=”Gilvan Máximo, secretário de Ciência e Tecnologia” esquerda_direita_centro=”esquerda”]
Também com público reduzido pela metade, ou seja, 40 espectadores, a cúpula Bruno Giordano do Planetário de Brasília é sempre uma atração à parte, com exibições de cinco filmes inéditos em 3D, que mexem com as sensações do público por meio de viagens visuais e sonoras imersivas. São cinco horários diferentes, das 10h30 às 19h, de terça a domingo (confira a programação).
Na primeira sessão do espaço, a exibição do filme americano O Segredo do Foguete de Papelão, produzido pelo Clark Planetarium, localizado na cidade de Salt Lake City (EUA). Antes, turistas brasilienses, cariocas e italianos contemplaram a dança celeste de 3 mil estrelas projetadas no teto da cúpula por meio de sofisticado projetor Spacemaster.
“Nossa, mamãe, quantas estrelas!!”, gritou um garotinho na escuridão da sala. “Quando estamos num local em que existe poluição luminosa, a capacidade de visibilidade do céu estrelado é entre 5 a 10%”, explicou o professor Luís Edvar.
Goiana de Anápolis, a auditora fiscal do Ministério da Agricultura, Kenya Marluce Squilacci, 50, embora apaixonada por estrelas, o céu e seus mistérios, nunca esteve em um planetário. Cosmonauta de primeira viagem, estava animada para conhecer os segredos do universo.
“É um mundo que sempre me fascinou, desde a infância eu quis entender melhor a origem do universo, compreender que não estamos sozinhos aqui”, contou ela, acompanhada de uma comitiva de 11 parentes de Goiânia e Brasília. “Espero que eu consiga ver as estrelas pelo telescópio, uma coisa que nunca consegui fazer.”
À frente da Secretaria de Ciência e Tecnologia (Secti), Gilvan Máximo convoca a população e turistas que ainda não conhecem o espaço. “O Planetário de Brasília se tornou um dos pontos turísticos mais visitados no DF. É uma atração da cidade que está totalmente remodelada, reformada, com os elevadores e o ar-condicionado funcionando e exibição de filmes inéditos”, convida o secretário. “Tudo totalmente gratuito, é uma atração que vale a pena conferir com sua família porque o Planetário de Brasília é um show”.
Programação de férias da Cúpula Giordano Bruno
[Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”]
Terça, quinta e sábado
– 10h30 – O Segredo do Foguete de Papelão
– 14h30 – Dois Pedacinhos de Vidro
– 16h – Uma Aventura no Planetário
– 17h – Origens da Vida
– 19h – Reino de Luz
Quarta, sexta e domingo
– 10h30 – Uma Aventura no Planetário
– 14h30 – Origens da Vida
– 16h – Uma Aventura no Planetário
– 17h – O Segredo do Foguete de Papelão
– 19h – Da Terra para o Universo