28/02/2022 às 15:58

Casos de queimaduras por uso de álcool mais que dobraram

Unidade de Queimados do Hran registrou aumento do número total de casos de queimaduras e de necessidade de internação

Por Agência Brasília* | Edição: Saulo Moreno

O uso inadequado do álcool em líquido ou em gel refletiu no aumento de atendimentos na Unidade de Queimados do Hospital Regional da Asa Norte, entre 2020 e 2021. Se em 2020, dos 2.074 pacientes atendidos, 14,6% foram por conta do inflamável; no ano passado, esse percentual chegou a 29%, dos 3.127 casos socorridos. A proporção de paciente graves, com necessidade de internação, também aumentou nesses dois anos, de 14,8% para 17,2%.

No ano passado, das 313 internações na Unidade de Queimados do Hran, havia oito vezes mais adultos do que crianças, diferentemente da tendência histórica registrada até então | Fotos: Fotos Arquivo / Agência Saúde

O alerta é do chefe do setor no Hran, o médico Ricardo de Lauro Machado Homem. Ele aponta que o crescimento das ocorrências vem do descuido no manuseio do produto, já que o álcool “é de uso comum e de fácil acesso”. Com a diminuição da renda de parte da população, em consequência da pandemia, muitas pessoas têm utilizado álcool ou outros líquidos inflamáveis em substituição ao gás de cozinha.

Essa realidade é reforçada pelo crescimento no índice de acidentes entre os adultos. No ano passado, das 313 internações na Unidade de Queimados do Hran, havia oito vezes mais adultos do que crianças, diferentemente da tendência histórica registrada até então. O que não significou queda nos acidentes desse tipo com o público infantil.

[Olho texto=”O chefe da Unidade de Queimados enumera ações para evitar acidentes que resultem em queimaduras com crianças, são elas: supervisioná-los constantemente, não permitir o seu acesso a ambientes de cozinha e churrasqueiras, manter panelas e frigideiras com o cabo voltado para dentro do fogão, de preferência nas bocas de trás, e manter produtos químicos ou inflamáveis fora do alcance dos pequenos” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”esquerda”]

O aumento é perceptível quando comparado aos anos anteriores, “talvez por maior disponibilidade de álcool nas residências, sem supervisão adequada pelos adultos”, avalia o médico. Ele reforça sua opinião com o fato de 14% dos casos infantis terem o álcool como causa da queimadura.

No Hran, os casos de internação costumam ser de queimaduras na face, mãos ou genitália, queimaduras de 3º grau, choque elétrico, queimadura química, inalação de fumaça e situações em que o paciente, tanto adulto como criança, tenha queimado mais que 15% do corpo.

O pronto-socorro da Unidade de Queimados funciona 24 horas, todos os dias da semana. De segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 14h às 18h, há também o ambulatório, onde são realizadas trocas de curativos e acompanhamento de pacientes com queimaduras menos graves.

Prevenção

O chefe da Unidade de Queimados enumera ações para evitar acidentes que resultem em queimaduras com crianças, são elas: supervisioná-los constantemente, não permitir o seu acesso a ambientes de cozinha e churrasqueiras, manter panelas e frigideiras com o cabo voltado para dentro do fogão, de preferência nas bocas de trás, e manter produtos químicos ou inflamáveis fora do alcance dos pequenos.

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O médico Ricardo ainda sugere não fumar perto de uma criança, não deixar fósforos e isqueiros ao alcance delas, manter ferro de passar e equipamentos de alisamento de cabelo fora do alcance delas, nem deixar toalhas de mesa compridas que possam ser puxadas com facilidade por elas. Essa última sugestão deve ser adotada principalmente quando as crianças estão na fase de gatinhar ou começar a andar e buscam apoio em móveis e objetos ao redor.

O chefe do Setor de Queimados do Hran também indica usar protetores de tomadas elétricas e manter aparelhos elétricos, eletrônicos e extensões longe das crianças. Ele ainda aconselha a não autorizar que elas manuseiem ou brinquem com fogos de artifícios e lembrar dos horários adequados em que elas podem ficar expostas ao sol: até as 10h e depois das 16h. De preferência, com protetor solar e que não seja uma exposição prolongada.

*Com informações da Secretaria de Saúde do DF