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20/03/2022 às 08:57, atualizado em 20/03/2022 às 09:26
A rede pública conta com a odontologia nos três níveis de atenção. Ao todo, são mais de 500 dentistas atendendo nas UBSs, CEOs, prontos-socorros e nas UTIs
Os cuidados com os dentes são extremamente importantes para a saúde da população. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cárie é a segunda doença mais comum do mundo. Além disso, uma infecção odontogênica pode causar problemas sérios para um paciente com a saúde debilitada. Até por isso, existe um dia específico no ano para ressaltar a necessidade da regularidade do acompanhamento odontológico. É o Dia Mundial da Saúde Bucal, comemorado em 20 de março.
“Sabemos que muitas doenças têm manifestação bucal, como é o caso do HIV. Também há problemas na cavidade bucal e em dentes que repercutem no restante do corpo. Uma infecção ou um abscesso podem evoluir para um caso mais grave. Muitas doenças, quando você vai investigar, são de origem dentária”, justifica a gerente de Serviços de Odontologia da Secretaria de Saúde, Alessandra Fernandes de Castro.
[Olho texto=”“É importante frisar que todo morador do DF tem direito ao atendimento odontológico. A odontologia faz parte do SUS. É uma especialidade como qualquer outra da saúde” — Alessandra Fernandes, gerente de Serviços de Odontologia da Secretaria de Saúde” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”direita”]
Com 554 cirurgiões-dentistas e 580 técnicos em higiene dental no quadro, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal registrou, no ano passado, 275 mil atendimentos odontológicos na atenção primária. O número é melhor do que 2020, mas a secretaria quer chegar a mais pacientes.
“É importante frisar que todo morador do DF tem direito ao atendimento odontológico. A odontologia faz parte do SUS. É uma especialidade como qualquer outra da saúde”, destaca Alessandra Fernandes.
Atendimento em três níveis
Os atendimentos relativos à saúde bucal ocorrem nos três níveis de atenção da saúde pública. Mas a porta de entrada dos pacientes é pela atenção primária. Ou seja, por meio de consulta na unidade básica de saúde (UBS) mais próxima da residência do paciente. Nesse nível de atenção, são feitos atendimentos de emergência e urgência odontológicas, raspagem e profilaxia dental, restauração, extração de dentes permanentes e decíduos (“de leite”) e prótese dentária.
Nas UBSs, os pacientes podem ser atendidos por agendamento ou por demanda espontânea. Cada unidade tem, em média, três equipes de saúde bucal. Na UBS 2 do Recanto das Emas, os dentistas costumam ter até cinco pacientes agendados por dia. No entanto, o número tem sido maior na retomada. Em apenas uma manhã, a unidade já havia atendido 12 pessoas.
O cirurgião-dentista da UBS 2 do Recanto das Emas Wendel Teixeira Santos, referência técnica distrital em Saúde Bucal da Secretaria de Saúde, revela que a maior parte dos atendimentos são relativos a cáries ou doenças periodontais.
[Olho texto=”O segundo nível de atenção ocorre nos centros de especialidades odontológicas (CEOs), quando os pacientes são encaminhados pelas UBSs. São 14 unidades em todo o DF” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”esquerda”]
Luís Miguel, de 6 anos, está fazendo um tratamento de cáries na UBS 2 do Recanto das Emas. A mãe dele, Alda da Cruz Furtado, explica que o menino tem se consultado na odontologia da unidade desde muito pequeno. “Trago ele aqui desde que era bebê. Agora ele está tratando algumas cáries. O atendimento é ótimo. Ele gosta muito da dentista, não chora”, conta.
Atenção secundária e terciária
O segundo nível de atenção ocorre nos centros de especialidades odontológicas (CEOs), quando os pacientes são encaminhados pelas UBSs. São oito especialidades: periodontia (tratamento de gengivas), endodontia (tratamento de canal), cirurgia oral menor (como as remoções do freio labial e do freio lingual), estomatologia (tratamento de enfermidades relacionadas à boca), disfunção temporomandibular (DTM), odontopediatria, prótese dentária e atendimento específico para pessoas com deficiência (PCD).
Ao todo são 14 unidades, distribuídas nos hospitais de Santa Maria, Guará, Taguatinga, Sobradinho, Planaltina, Ceilândia, Leste, Gama, HUB, Hmib e Hran, além da Unidade Mista de Saúde de Taguatinga, UBS 11 de Ceilândia e na 712 Sul. “O paciente chega à atenção secundária após o atendimento da equipe de referência da UBS, que o insere no sistema de regulação, sempre por meio da UBS mais próxima da casa do paciente”, explica Alessandra Fernandes.
O nível terciário faz atendimentos ligados aos traumas e lesões de face e boca, tumores e cirurgia ortognática. Além disso, os dentistas estão presentes em todas as UTIs, em cumprimento a uma lei distrital, e a população conta com prontos-socorros odontológicos localizados no Hospital de Base, que atende apenas traumas de face; no Hran, 24 horas; no HRT, com funcionamento aos sábados e domingos, das 7h às 19h e no HRG, de segunda a sexta, das 19h à 1h e sábados e domingos das 7h às 19h.
Odontologia na pandemia
A odontologia tem tido um papel importante na rede pública do DF durante a pandemia. Primeiramente, ao ceder os profissionais para atuarem na linha de frente. Os cirurgiões-dentistas das UBSs foram realocados para o enfrentamento à covid-19, na testagem, em 2020, e na vacinação, em 2021. Já os profissionais dos CEOs prestaram assistência aos pacientes com coronavírus sob ventilação mecânica.
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A presença dos cirurgiões dentistas foi o diferencial dentro das UTIs, isso porque os pacientes intubados apresentam elevado risco de desenvolvimento de pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV), que tem origem também associada às bactérias de origem bucal. “O paciente acaba desenvolvendo uma outra infecção de origem bacteriana por um remanescente dental ou pela placa bacteriana mesmo (tártaro)”, explica Alessandra Fernandes.
A doença tende a ocorrer mais precocemente em pacientes com coronavírus: “Foi aí que fizemos a diferença. Porque a nossa importância na UTI é evitar a infecção oportunista, diminuindo o tempo de internação. Nesse sentido, fomos fundamentais, porque possibilitamos que os pacientes permanecessem menos tempo internados nas UTIs e, com isso, foi possível a disponibilização de um quantitativo maior de leitos de UTI”, ela explica.
Com o avanço da vacinação, os atendimentos odontológicos voltaram a ser feitos em sua totalidade para dar conta da demanda reprimida. “Na pandemia, atendemos apenas aqueles pacientes que chegavam com dor. Tivemos uma demanda reprimida. Há cerca de três meses que regularizamos os atendimentos. Os pacientes estão começando a voltar”, afirma Wendel Teixeira Santos.