25/03/2022 às 12:11

Webinário apresenta ações do GDF para garantir segurança hídrica

Realizado na quinta-feira (24), encontro virtual reuniu representantes de órgãos ambientais

Por Agência Brasília* | Edição: Chico Neto

Como parte da programação da Semana da Água, a Secretaria do Meio Ambiente (Sema) promoveu, na quinta-feira (24), um webinário para apresentar os resultados de iniciativas do Governo do Distrito Federal (GDF) que têm colaborado com a preservação dos recursos hídricos a partir da recuperação da vegetação nativa. O encontro virtual contou com o apoio do projeto CITinova de Planejamento Integrado e Tecnologias para Cidades Sustentáveis, do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTI).

A preservação de recursos hídricos a partir de iniciativas de órgãos ambientais do governo foi o tema do encontro | Foto: Divulgação/Agência Brasília

[Olho texto=”“As crises que virão serão menos severas se continuarmos nesse trabalho” ” assinatura=” – Sarney Filho, secretário de Meio Ambiente” esquerda_direita_centro=”direita”]

Durante o evento, foram apresentados os projetos Ações de Recomposição da Vegetação Nativa e Recuperação da Orla, executados pela Sema com recursos do CITinova; os programas Reflorestar, da Secretaria da Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Seagri); Recuperação de Áreas de Proteção de Mananciais, da Companhia de Saneamento Ambiental (Caesb), e Proteção dos Recursos Hídricos, do Brasília Ambiental.

O secretário de Meio Ambiente, Sarney Filho, lembrou a importância de investir nessas ações, diante da possibilidade de crises hídricas sobre as quais foi registrado alerta no Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). “Já sabemos que teremos mais dias de seca e menos dias de chuva, por isso temos que trabalhar na adaptação e mitigação”, afirmou o titular da Sema. “As crises que virão serão menos severas se continuarmos nesse trabalho.”

A coordenadora nacional do Projeto CITinova, Ana Stival, contextualizou o DF na previsão das Nações Unidas de que, em 2050, 70% da população mundial viverá nas cidades. “Então, a sustentabilidade urbana é fundamental”, disse. “O DF entrou no programa do Fundo Global para o Meio Ambiente [GEF], que atua no mundo todo, com um investimento de US$ 7 milhões.”

Vulnerabilidade

O gestor de Portfólio da América Latina e Caribe do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Asher Lessels, destacou que o IPCC também apontou que mais de 3 bilhões de pessoas no mundo hoje vivem em contextos vulneráveis às mudanças climáticas. “Todos sabemos da importância dos recursos hídricos, e o instituto aponta que impactos e riscos das mudanças climáticas estão se tornando cada vez mais complexos e difíceis de lidar”, destacou.

[Olho texto=”Quase 40 propriedades já foram beneficiadas pela implantação de 20 hectares de sistemas agroflorestais mecanizados” assinatura=” ” esquerda_direita_centro=”esquerda”]

Lessels ressaltou ainda que, em sua avaliação, a Sema está avançando na proteção dos recursos hídricos, ao desenvolver soluções tecnológicas e sociais que podem ser replicadas em escala para todas as bacias hidrográficas do DF. O programa CITinova no DF tem duas ações-piloto de recuperação de áreas degradadas: uma de boas práticas, que tem como foco a agricultura familiar, e outra de recomposição de áreas de preservação permanente (APPs) de entorno de nascentes e cursos d’água, bem como áreas de recarga hídrica.

Presente ao webinário, a assessora especial da Sema, Mona Bittar, relatou que foram implantados 20 hectares de sistemas agroflorestais (SAFs) mecanizados, beneficiando 37 propriedades. “Já estamos indo para o terceiro ano de implantação, e os projetos estão produzindo em abundância”, disse.

Os SAFs são um tipo de cultivo baseado na dinâmica da floresta, que combina espécies florestais e culturas agrícolas e pecuária. O objetivo é conciliar o equilíbrio ecológico com a geração de renda, por meio da venda de produtos orgânicos.

Monitoramento

Já aa ações de recuperação de nascentes das duas principais bacias hidrográficas do DF, Paranoá e Descoberto, incluíram o plantio de 67,5 mil mudas de árvores nativas em 80 hectares. “Agora, estamos na fase de monitoramento e manutenção”, afirmou a coordenadora de Recursos Hídricos da Sema, Patrícia Valls. “Atendemos 67 produtores rurais e dois parques ecológicos – Águas Claras e Riacho Fundo”.

[Olho texto=”“A recuperação vegetal da orla do Lago Paranoá contribui para a estabilidade da margem, a preservação dos recursos hídricos e a manutenção da biodiversidade”” assinatura=” – Márcia Coura, subsecretária de Assuntos Estratégicos da Sema ” esquerda_direita_centro=”direita”]

A subsecretária de Assuntos Estratégicos da Sema, Márcia Coura, apresentou as ações de recuperação da orla do Lago Paranoá por meio do plantio de espécies nativas do cerrado. A demanda total de recuperação é de 524 hectares. “Percebemos que não basta proteger os primeiros 30 metros de orla se tem uma região acima da APP que está muito ruim”, pontuou. “O carreamento de solo continua acontecendo; portanto, ampliamos a área de atuação”, explicou.

As áreas do Lago Sul e do Riacho Fundo receberam mais de 43 mil mudas. Segundo Márcia Coura, a orla norte do lago também será atendida, por meio da iniciativa Recupera Cerrado. Elaborado pela Sema e pelo Instituto Brasília Ambiental, em parceria com a Fundação Banco do Brasil (FBB), e execução do Instituto Espinhaço, esse projeto conta com recursos de R$ 1,2 milhão, provenientes de compensação florestal. A previsão é que sejam recuperados 40 hectares.

“A recuperação vegetal da orla do Lago Paranoá contribui para a estabilidade da margem, a preservação dos recursos hídricos e a manutenção da biodiversidade”, resumiu a subsecretária de Assuntos Estratégicos da Sema. “Entre os benefícios, estão a mitigação climática, melhor qualidade de vida, opções de lazer e prática de esportes e o embelezamento da cidade.”

Recuperação do solo

Representantes dos demais órgãos ambientais que apresentaram iniciativas concordaram com a necessidade de atenção à ocupação irregular, que pode colocar em risco a segurança hídrica no território.

O programa Reflorestar foi detalhado pelo técnico da Gerência de Adequação Ambiental Rogério do Rosário, da Seagri. A iniciativa fornece mudas nativas do cerrado para recuperar e proteger os recursos hídricos e a conservação do solo. “Buscamos sensibilizar, por meio da educação ambiental, os produtores para a adequação ambiental dos lotes rurais, com a recuperação das áreas de preservação permanente e recomposição de reserva legal”, explicou.

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O gerente de Gestão de Bacias de Mananciais da Caesb, Henrique Cruvinel, apresentou ações de recuperação de áreas de proteção de mananciais (APMs) desenvolvidas pela companhia. “É necessário a gente ter um saldo positivo”, afirmou. “Há casos em que só se consegue acumular parte do volume precipitado e não se conhece o comportamento da água no solo. A regulação depende da disponibilidade hídrica e controle do estado e mais uma série de fatores.”

As atribuições da Diretoria de Conservação e Recursos Hídricos do Brasília Ambiental foram mostradas pela analista Janaína Starling, que destacou o programa Adote Uma Nascente. Criada para orientar voluntários – entidades públicas ou privadas,  pessoas físicas ou jurídicas – a cuidar de uma nascente, a ação envolve técnicos do Brasília Ambiental que visitam a área, prestam informações e apoiam as medidas de recuperação. “Agora estamos também buscando nascentes que precisam ser adotadas e fazendo o seu mapeamento”, relatou. Ao finalizar, a gestora lembrou da importância de promover mais debates sobre a melhor utilização dos recursos hídricos.

*Com informações da Secretaria de Meio Ambiente