Bem-vindo(a) ao nosso site! Encontre informações essenciais e serviços para melhorar sua experiência cidadã. Explore e aproveite ao máximo!
Abaixo listamos as Secretarias, Órgãos e Entidades vinculados ao Governo do Distrito Federal, para acessá-los clique na lista ou pesquise.
Na lista abaixo são listadas todas as Administrações Regionais que compõe o Distrito Federal, para acessá-los clique na lista ou pesquise.
15/04/2022 às 15:12, atualizado em 16/04/2022 às 13:44
Linguistas analisam o sotaque de quem nasceu e foi criado na capital do país e, com o passar do tempo, desenvolveu um jeito próprio de falar, mas repleto de referências
É bem provável que um jeito mais cantadinho de falar, “comendo” as últimas sílabas de palavras no diminutivo e acrescentando um “nó, “nuh” ou “trem”, tenha origem fácil de ser identificada. Ou que um chiado provocado pelo x no lugar do s, acompanhado de um “mermão”, remeta diretamente a outro lugar do Brasil. Mas, e se você quiser saber qual é o jeito de falar de quem nasceu na capital do país?
[Olho texto=”Segundo estudos da linguista Carolina Queiroz, as duas primeiras gerações de brasilienses desenvolveram peculiaridades no sotaque até então neutralizado” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”direita”]
Quando Brasília foi fundada, pessoas de todos os cantos do país atenderam ao chamado do presidente Juscelino Kubitschek e vieram de mala e cuia para cá. Trouxeram consigo identidades regionais e linguísticas – o que inclui o jeito de falar. Formações dialetais, de tão distintas, foram, com o passar do tempo, se neutralizando – e assim foi nascendo o sotaque brasiliense.
No documentário Fala Brasília, de 1966, o cineasta Nélson Pereira dos Santos aborda, em 12 minutos, a futura geração de habitantes da nova capital, formada por uma população com modos peculiares de falar, resultantes da mistura de diferentes modismos.
Peculiaridades
A pesquisadora e professora da pós-graduação do Departamento de Linguística da UnB Carolina Queiroz explica que todo grande contingente migratório causa isso. Autora de uma dissertação de mestrado e de uma tese de doutorado sobre o sotaque brasiliense, ela constatou que a primeira e a segunda gerações de nascidos na cidade deram prosseguimento a esse sotaque neutro, mas com algumas peculiaridades.
“Temos por aqui um sotaque semelhante ao de um apresentador de telejornal nacional, neutralizado, com elementos e influências de vários estados brasileiros”, resume a pesquisadora. Minas Gerais é o estado com maior contingente de migrantes. E os estados nordestinos, juntos, fazem do Nordeste a maior região de forasteiros. Não é à toa a influência.
[Olho texto=”Os modos típicos de falar de Minas e dos estados do Nordeste predominam na composição da fala brasiliense” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”esquerda”]
Por aqui, você já virou cê. Mas quem domina mesmo é o tu – com ligeira diferença da concordância dos usados nos estados do Sul ou do Nordeste. Os brasilienses também falam sibilando – como os mineiros de Belo Horizonte, com o s prolongado, mas, diferentemente deles, produzindo ditongos em uma das sílabas. Para exemplificar, os de lá falam “dezsss” e os daqui, “déizsss”.
Stella Maris Bortoni é professora titular aposentada de Linguística da UnB e tem uma bagagem extensa de estudos sobre o tema. Para ela, o modo de falar dos jovens de Brasília não preserva marcas identificáveis de outros grupos, o que não quer dizer que seja neutralizado. “Aqui o sotaque é cada vez mais marcado pela curva melódica das palavras, mas não pelos traços típicos de falares regionais”, observa.
E é em Brasília que a mesma pessoa tem no seu vocabulário o uso de expressões como uai e ôxe – que, respectivamente originárias de Minas e de estados do Nordeste, são expressões de espanto. Sem falar na abreviatura de cachoeira para “cachu” e de tomar banho por “banhar”.
[Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”]
Uai, ôxe, cachu
Mas é em Brasília que a mesma pessoa tem no vocabulário o uso de expressões como uai e ôxe – que, respectivamente originárias de Minas e de estados do Nordeste, são expressões de espanto. Sem falar na abreviatura de cachoeira para “cachu” e de tomar banho por “banhar”. E do bom e famoso “véi”, que deixou de ser uma gíria e passou a ser uma palavra com múltiplas funções no dialeto do brasiliense.
“Muitos traços de variedades linguísticas localizadas nessa região do país podem ter origem histórica, [revelando] o modo como as terras do Centro-Oeste foram colonizadas, o perfil sociolinguístico das populações que vieram para cá e o tipo de contato que se estabeleceu ou que deixou de se estabelecer entre essas populações”, reforçou o doutor em linguística Marcus Lunguinho durante o II Congresso Internacional de Estudos Linguísticos da UnB de 2016.
Universal desde sua fundação, a capital federal acaba sendo uma espécie de escola onde todos os sotaques, enfim, se misturam, produzindo, ao longo do tempo, a marca própria a diferenciá-la dos demais estados.