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23/04/2022 às 18:53, atualizado em 23/04/2022 às 20:01
Instituto Girassol, em São Sebastião, capacita agricultores, estudantes e comunidade em geral sobre sustentabilidade ambiental e segurança alimentar
Localizado na comunidade do Morro Azul, em São Sebastião, o Instituto Girassol é uma horta orgânica comunitária reconhecida pelo trabalho de agricultura familiar, com foco na sustentabilidade ambiental e na segurança alimentar. Como forma de compartilhar o conhecimento com os moradores da região administrativa, o local promove uma série de cursos de capacitação.
O mais recente tratou da alimentação nutritiva com plantas alimentícias não convencionais (Panc). O objetivo foi compartilhar com agricultores, estudantes e comunidade em geral o conhecimento sobre hortaliças pouco usadas na alimentação cotidiana, mas que são ricas em nutrientes e vitaminas.
“Acredito que conhecimento é tudo. No ano passado, fizemos um curso de capacitação de agroecologia para floresta. Capacitamos mais de 70 pessoas. Temos parceria com escolas também, onde levamos a educação ambiental. Mas eu sempre tive essa vontade de que as pessoas conhecessem mais essa questão das Panc”, explica a coordenadora geral do Instituto Girassol, Hosana Alves do Nascimento.
A médica e nutróloga Clara Brandão foi responsável por conduzir o curso, que abordou como ter uma alimentação baseada no alto valor nutritivo, no custo baixo, no preparo rápido e no sabor regionalizado. “A gente quer que as pessoas entendam o que nós chamamos de fome oculta, que ocorre praticamente no planeta todo, que é a falta de minerais e vitaminas na alimentação. A quantidade de frutas e verduras que temos aqui [no Brasil] é imensa, o suficiente para ninguém passar fome. O que a gente precisa é aprender a utilizar essas plantas comestíveis”, afirma.
Durante a aula, Clara deu dicas de como utilizar a casca de ovo e a folha da mandioca em uma mistura nutricional e a folha da batata-doce no lugar da vagem, que costuma conter agrotóxicos. Além disso, a nutróloga ensinou como fazer uma multimistura para ser usada como suplemento alimentar que leva 70% de farelo de arroz e trigo, 15% de pó da folha de mandioca e 15% de gergelim, e o chamado torresmo de soja, com soja texturizada, óleo, gergelim, alho ou cebola em pó, folha de mandioca em pó e sal – receitas feitas sem a utilização de fogo.
Moradora do Mangueiral, a professora Fernanda Silva Sousa da Costa, 41 anos, se mostrou animada com o conhecimento apreendido durante a aula. Após um período sem frequentar a horta, ela foi até o local com o intuito de comprar vegetais e participar de uma galinhada beneficente e acabou sendo agraciada com o curso. “Cheguei aqui e tinha essa aula de Panc com uma professora especialista. Foi uma surpresa positiva. Eu estou melhorando a qualidade da minha alimentação, então tem sido uma ótima experiência”, conta.
Essa é apenas a primeira de uma série de capacitações que serão feitas no Instituto Girassol ao longo do ano.
Produção
Com 5 mil metros quadrados em terreno cedido pela Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap), a horta funciona desde 2005 no Morro Azul, onde antes havia um lixão. Recentemente, o local ganhou do governo mais 1.000 metros quadrados, que serão utilizados.
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O trabalho na horta conta com assistência da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF) por meio do programa Agricultura Urbana, que distribui gratuitamente insumos e dá assistência técnica aos agricultores.
“Apoiamos todas as iniciativas de agricultura urbana, em especial hortas comunitárias, escolares ou medicinais. O foco é sensibilizar a população urbana para uma alimentação saudável e sustentável. Assim disseminamos ideias de consumo de hortaliças, frutas e outros alimentos frescos e de baixo custo”, explica o gerente de Agricultura Urbana da Emater, Rogério Viana.
Para ele, o Instituto Girassol é um bom exemplo de sucesso exatamente por divulgar as potencialidades da agricultura familiar ao produzir alimentos seguros, saudáveis, baratos e sustentáveis.
Atualmente, a horta comercializa a produção em dois formatos. Um deles é o CSA (Community-Supported Agriculture), uma parceria direta com os consumidores. São 25 coagricultores, cotistas que retiram semanalmente uma cesta com 15 itens, entre esses, legumes, hortaliças e frutas. Também há a venda para a comunidade a preço de custo. A renda dos agricultores é fruto dessas vendas. Todo o excedente dos produtos é doado.