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23/04/2022 às 09:46, atualizado em 23/04/2022 às 10:16
Sentenciadas cuidam das plantas que enfeitam todas as áreas verdes do Distrito Federal. Além da capacitação profissional, o trabalho oferece benefícios como redução de pena
Quem vê Cirsa de Miranda, 59 anos, entre samambaias e jiboias, focada nos cuidados com as mudas, não imagina que ela nem gostava de plantas. Era 7 de março de 2017 quando a interna de um recém-conquistado regime semiaberto entrou pela primeira vez em um viveiro. Lá, criou amor pela jardinagem e, além das flores, passou a cultivar sonhos. “Esse trabalho mudou minha vida”, diz. “Conquistei o regime aberto e quero abrir uma floricultura.”
Cirsa é uma das 96 reeducandas da Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso (Funap-DF) que atuam nos viveiros da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap). A parceria, firmada há três anos, oferece até 200 vagas para internas que desejam trabalhar com jardinagem. Podem se candidatar ao cargo sentenciadas do regime aberto ou semiaberto e aquelas submetidas a medidas de segurança.
[Olho texto=”“É uma parceria muito gratificante. Algumas dessas mulheres nunca tinham trabalhado e aprenderam aqui um novo ofício”” assinatura=”Janaína Gonzales, chefe da Divisão de Agronomia da Novacap” esquerda_direita_centro=”direita”]
Chefe da Divisão de Agronomia da Novacap, Janaína Gonzales conta que as reeducandas cuidam de todas as etapas da produção. “Elas fazem o semeio, o transplante de mudas, a poda, o preparo para plantio”, detalha. “Essas plantas abastecem o Programa de Arborização da Novacap e a ornamentação de todas as áreas verdes do Distrito Federal.”
Para atender a demanda, os dois viveiros da Novacap produzem, juntos, 100 mil árvores por ano e aproximadamente 150 mil mudas de flores por mês. As internas trabalham de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. “É uma parceria muito gratificante”, garante Janaína. “Algumas dessas mulheres nunca tinham trabalhado e aprenderam aqui um novo ofício.”
O acordo oferece mais do que a capacitação profissional. Diretora da Funap-DF, Deuselita Martins ressalta que as internas recebem bolsa ressocialização no valor mínimo de R$ 978,08, vale-transporte e auxílio-alimentação diário de R$ 17. “Além disso, elas são beneficiadas com a remição da pena – a cada três dias trabalhados, é descontado um dia de reclusão”, explica.
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Outro bom fruto do programa é a redução no índice de reincidência criminal. De acordo com o secretário de Justiça e Cidadania, Jaime Santana, apenas 5% das sentenciadas inseridas no mercado de trabalho voltam a praticar crimes. “O nosso trabalho é contribuir com o processo de ressocialização de pessoas que estão no sistema prisional”, observa. “Oferecemos oportunidade para que sigam um novo caminho, longe da criminalidade.”