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22/06/2022 às 19:47
Com gestão compartilhada da Secretaria de Cultura e organizações da sociedade civil, equipamentos ganham investimento de R$ 4 milhões para melhor atender os espectadores
Equipamentos da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec), o Cine Brasília e o Espaço Cultural Renato Russo (ECRR) estão sob termo de colaboração com duas organizações da sociedade civil (OSCs), selecionadas por chamamento público.
Nessa gestão compartilhada, a expectativa é de que os espaços dialoguem mais com a sociedade, ampliem a programação e modernizem o atendimento ao espectador, num modelo de parceria já testado, com sucesso, em todo o país. O investimento é de R$ 4 milhões.
Enquanto, no Renato Russo, a gestão com a entidade não governamental apresenta programação mais intensa, com a volta das clássicas oficinas de artes visuais, a parceria com o Cine Brasília entra em fase de implementação com a expectativa de trazer filmes de qualidade à tradicional tela do cinema, patrimônio material da cidade.
[Olho texto=”“Os equipamentos desempenham papel fundamental na implementação das políticas públicas de cultura e, em especial, na promoção da economia criativa. E o Renato Russo cumpre essa missão pela multifuncionalidade de cada espaço, que atua como laboratório de novas propostas e ideias artísticas”” assinatura=”Aquiles Brayner, subsecretário de Patrimônio Cultural” esquerda_direita_centro=”direita”]
“Trata-se de duas usinas culturais que precisam espelhar programações pulsantes e de qualidade. O Renato Russo com as origens do teatro de resistência no Galpão e Galpãozinho e, agora, com a reabertura da gibiteca TT Catalão. O Cine Brasília com a presença imponente da obra de Niemeyer e o abrigo do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro”, contextualiza o secretário Bartolomeu Rodrigues.
Ebulição no Renato Russo
Encarregada de gerir o Renato Russo, a OSC Instituto Janelas da Arte, Cidadania e Sustentabilidade faz jus a repasse de R$ 2 milhões, com duração de dois anos a contar de abril passado. O projeto de ocupação do equipamento “visa a estimular a manutenção do espírito do espaço, voltado para formação continuada, convivência livre e espontânea, pesquisa, experimentação, intercâmbio, residência, promoção cultural e a participação social.”
“Os equipamentos desempenham papel fundamental na implementação das políticas públicas de cultura e, em especial, na promoção da economia criativa. E o Renato Russo cumpre essa missão pela multifuncionalidade de cada espaço, que atua como laboratório de novas propostas e ideias artísticas”, avalia o subsecretário de Patrimônio Cultural, Aquiles Brayner.
Frequentador do local desde 1994, o professor-doutor Lima Neto, pesquisador de história em quadrinhos, acredita que o movimento do Espaço Cultural Renato Russo vai se beneficiar à medida em que se intensificar a programação cultural, como a abertura das oficinas. Ele sugere que locais específicos do espaço, como a Gibiteca, passarão a ser mais visitados.
O artista visual Valdério Costa, que trabalha, principalmente, com xilogravura, tema de sua oficina a ser realizada no espaço, acredita que o equipamento está “num momento maravilhoso”. “Recentemente, vi um espetáculo de mamulengos belíssimo, além de uma exposição voltada para a poesia e o teatro”. Valdério também é fã da Gibiteca. “É justa homenagem a TT Catalão, com obras de um dos maiores desenhistas do Brasil, que é o Jô Oliveira”, elogia.
Cartão de visitas do Renato Russo, a reabertura da Gibiteca TT Catalão é uma referência em histórias em quadrinhos no DF, com seus 120 metros quadrados que abrigam 23 mil exemplares de diversos gêneros: revistas e livros de super-heróis, mangás, gibis infantis e graphic novels.
Conselheira Regional de Cultura do Plano Piloto, Cleide Soares endossa a avaliação positiva: “Acompanho as atividades de retomada do Espaço Cultural Renato Russo com muita esperança e entusiasmo. Neste tempo de tantas dificuldades, o espaço, com sua programação popular, dialoga e interage com a comunidade. A gente percebe, em cada detalhe, no zelo, na programação, na atração de público, esse espírito de vizinhança, de pertencimento à comunidade. Me faz lembrar muito da empolgação do TT Catalão nos tempos de começo do espaço, como se estivéssemos cuidando de casa”.
Cleide celebra a abertura do espaço para os artistas locais e para a formação de público de arte e cultura. “Celebramos cada espaço cultural aberto para o povo neste tempo complexo. As pessoas precisam de entretenimento, do encantamento artístico e da reflexão cultural para desenvolver senso estético e interpretação crítica. Arte é necessidade básica de uma sociedade”, aponta Cleide.
A atriz Camila Guerra, da Agrupação Teatral Amacaca (ATA), fundada por Hugo Rodas (1939-2022), cujo nome acaba de rebatizar o Teatro Galpão, testemunha a força com que voltam as manifestações culturais no local. “No Espaço Renato Russo, a gente observa que vai ser um ano de muita atividade cultural. Ainda bem, porque a cultura é uma parte muito importante de nossa vida, de muita movimentação crítica, estética, de fruição, que não pode ser deixada de lado na vida dos brasilienses.”
[Olho texto=”“O Cine Brasília voltará com mais brilho na sua programação. Esta gestão pretende manter o espírito de diversidade e excelência artística na programação cinematográfica, com filmes de qualidade a preços populares na programação comercial e gratuidade de ingressos em muitas mostras temáticas e em parcerias com embaixadas”.” assinatura=”Angela Inácio, subsecretária de Economia Criativa” esquerda_direita_centro=”esquerda”]
Cine Brasília modernizado
No início de maio, a Secec selecionou a OSC Box Companhia de Arte para gestão compartilhada do Cine Brasília. A entidade tem R$ 2 milhões no termo de colaboração para desenvolver, em 14 meses, estratégias e ações para incrementar a programação e modernizar o equipamento.
Além de voltar a ter uma programação comercial regular a preços mais acessíveis (R$ 10 a meia-entrada), com bilheteria aceitando cartões e transferência por pix, esses recursos financiarão internet gratuita aos usuários, água mineral e manutenção de instalações, como os banheiros.
Subsecretária de Economia Criativa, Angela Inácio, afirma que “o Cine Brasília voltará com mais brilho na sua programação. Esta gestão pretende manter o espírito de diversidade e excelência artística na programação cinematográfica, com filmes de qualidade a preços populares na programação comercial e gratuidade de ingressos em muitas mostras temáticas e em parcerias com embaixadas”.
A gestão compartilhada inclui consultorias para que o “templo do cinema brasileiro”, como é conhecido o equipamento projetado por Oscar Niemeyer, inaugurado em 1960, também ganhe uma loja e um café-bistrô.
A nova programação, além de se manter fiel ao espírito de equipamento vocacionado para a formação de público de cinéfilos, vai se fortalecer com a participação da sociedade civil por meio de curadorias especiais, que se somarão à curadoria do Cine Brasília na definição de produções a serem exibidas. As parcerias com entidades representativas das linguagens de minorias vão promover inclusão e diversidade na programação.
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Um dos objetivos da parceria é cumprir a Lei do Curta. O documento legal de 1977, que enfrentou a resistência da indústria cultural e de exibidores, determinava que curtas feitos em 35 mm, de cinco a 30 minutos de duração, precedessem a exibição de produções estrangeiras.
O diretor de Eduardo e Mônica, Renê Sampaio, dá sua receita para o rumo que deve tomar a gestão do espaço de 606 assentos: “Acredito que é importante ter uma programação consistente e constante, que exiba filmes nacionais e internacionais de qualidade e do circuito de arte”, afirma.
“E considero igualmente importante abrir as portas, eventualmente, para filmes de apelo comercial. Essa mistura cria e fideliza o público. Promover temporadas de ingressos a preços populares também é fundamental. Eduardo e Mônica teve ótimo público na pré-estreia no Cine Brasília e também quando entrou em cartaz na sala”, acrescenta.
A diretora-geral do Festival Internacional de Cinema de Brasília (BIFF), Anna Karina de Carvalho, uma das curadoras da 52ª edição do Festival de Brasília, em 2019, defende que a nova gestão não deixe de privilegiar as mostras gratuitas e festivais que já tradicionalmente acontecem no espaço.
“Isso é muito importante. O nosso templo não pode deixar de ser um ponto de encontro anual, não só durante o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, mas em todas as outras grandes mostras”, defende Anna Karina.
*Com informações da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF