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02/07/2022 às 19:40, atualizado em 03/07/2022 às 16:19
Realizada pela Sema, o Brasília Ambiental e a Universidade Católica de Brasília, estratégia faz parte do Projeto Capivaras. Resultado vai subsidiar políticas públicas de manejo e monitoramento dos animais
Passava das 7h deste sábado (2) e o estudante de Ciências Biológicas da Universidade Católica de Brasília (UCB) Felipe Vieira estava pronto para concluir a missão que o envolveu nas 24 horas anteriores. Era o momento de coletar informações sobre os pássaros avistados na Ermida Dom Bosco, parque ecológico de Brasília, onde ele participou com cerca de 40 pessoas de uma bioblitz.
A estratégia prevê o levantamento da biodiversidade de uma região em um curto período de tempo, que pode variar entre um e quatro dias, por exemplo, e o cadastro das informações coletadas em uma plataforma, o INaturalist.
A atividade se enquadra no conceito de ciência cidadã, no qual qualquer pessoa pode participar e aprender em campo. Nesse caso, a bioblitz foi organizada pela professora Morgana Bruno, no âmbito do Projeto Capivaras, realizado em parceria pela Secretaria de Meio Ambiente (Sema), o Instituto Brasília Ambiental e a UCB.
O estudo Identificação e Monitoramento da População de Capivaras no Lago Paranoá é realizado com recursos do Fundo Único do Meio Ambiente (Funam) e tem duração de 15 meses. O resultado vai subsidiar políticas públicas de manejo e monitoramento dos animais.
[Olho texto=”“Nos campos noturnos, não há calor e detectamos animais que geralmente não vemos durante o dia. Então, gostei demais das trilhas noturnas. Aprendi coisas que eu não tinha conhecimento algum, como informações sobre os aracnídeos”” assinatura=”Felipe Vieira, estudante de Ciências Biológicas da Universidade Católica de Brasília” esquerda_direita_centro=”esquerda”]
O objetivo da ação foi ampliado no trabalho realizado na Ermida Dom Bosco e incluiu o estudo da biodiversidade local, para além do monitoramento das capivaras. Quem participou da atividade conheceu mais sobre botânica, aves, anfíbios, répteis, serpentes, lagartos. Além das aranhas, insetos e pequenos mamíferos, por meio de palestras e acompanhamento de especialistas em cada uma das áreas de estudo.
A professora Morgana explica que cada especialista um faz uma explanação e depois vai para campo, “para mostrar exemplos in loco, identificar, apontar a morfologia, relacionar as ocorrências à ecologia, contar histórias”. “E aí, temos a relação com o INaturalist, onde, após fotografar e identificar as espécies, os participantes colocam as informações no banco de dados”, conta.
Para Erick Fisher, que trabalha com a Agenda Ambiental na Administração Pública, no Ibama, e é um participante recorrente da bioblitz, o Projeto Capivaras inovou nos formatos até então realizados. “Normalmente, as pessoas coletam informações sobre o que vão encontrando. Aqui, houve capacitações ministradas por especialistas e, em pequenos grupos, os participantes foram em busca de espécies determinadas. Isso aumenta o número de dados coletados e otimiza o trabalho”, afirma.
Entusiasta da novidade, ele conta que, no Brasil todo, há pesquisadores interessados em ver o resultado do projeto inovador, “para ver se a gente consegue replicar isso nas próximas edições de bioblitz em algumas cidades brasileiras”.
Atividades noturnas
O estudante Felipe Vieira, que passou a noite acordado, sentiu um pouco o efeito do frio no espaço aberto, principalmente ao amanhecer. Mas não se arrepende da aventura. “Nos campos noturnos, não há calor e detectamos animais que geralmente não vemos durante o dia. Então, gostei demais das trilhas noturnas. Aprendi coisas que eu não tinha conhecimento algum, como informações sobre os aracnídeos”, afirma.
Com o impacto positivo da vivência, ele recomenda que todas as pessoas participem de uma bioblitz pelo menos uma vez. “É uma experiência única. Foi muito interessante. Tivemos várias atividades e pude conhecer muito mais sobre diversas espécies”, conta.
Capivaras
Um dos convidados para falar com os estudantes, o professor aposentado da UCB José Roberto Moreira é especialista em capivaras. Para ele, é um privilégio para a população de Brasília poder ver esses animais ao longo da orla do Lago Paranoá. “A gente tem que aprender esse convívio porque ocupa um espaço que, originalmente, era delas. Alerto apenas para que as pessoas tomem cuidado para não ter risco de ataque e passem a admirar e desejar que elas estejam presentes aqui”.
Aprendizado
Bolsista do Projeto Capivaras, Natália Gabriela Silva Santos Coelho, aluna do oitavo semestre de Ciências Biológicas da UCB, chamou de “estupenda” a sua participação na bioblitz. “Porque permitiu, com os especialistas que estavam nas oficinas, que a gente aprendesse a olhar a natureza de diversas formas. Com um especialista do lado, a gente não apenas aprecia, mas sabe onde olhar especificamente para aquilo que estava procurando”.
Ela participou de diversas atividades, como trilhas noturnas, captura e coleta de espécies e o passarinhar, uma caminhada para observar aves. “Eduardo Guimarães, especialista que nos acompanhou, disse que no DF existem cerca de 500 espécies de pássaros e, apenas na Ermida, ocorreriam cerca de 200 delas”. Ela acrescenta que as atividades mais complexas pediram um esforço físico maior, mas todas com especialistas que ensinaram exatamente para onde e como olhar.
*Com informações da Secretaria de Meio Ambiente