04/10/2022 às 13:32, atualizado em 06/10/2022 às 12:59

Reservatórios do DF têm nível de água monitorado permanentemente

Adasa é responsável por acompanhar diariamente, via satélite, os principais mananciais; estimativa aponta ausência de riscos de desabastecimento na seca

Por Adriana Izel, da Agência Brasília | Edição: Chico Neto

Brasília, 16 de agosto de 2022 – Quatro mananciais são considerados as principais fontes de abastecimento de água do Distrito Federal: os reservatórios do Descoberto, de Santa Maria e do Lago Paranoá e a Bacia do Pipiripau. Todos são monitorados diariamente via satélite pela Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico (Adasa). O objetivo é acompanhar em tempo real o comportamento e o nível de água e estabelecer simulações para o período de estiagem.

Reservatório do Descoberto é uma das áreas sob constante monitoramento | Foto: Vinicius de Melo/Agência Brasília

[Olho texto=”“Tivemos um ano de chuva relativamente ruim, mas a recuperação da queda dos mananciais tende a ser mais confortável, porque agora temos o Lago Paranoá e o Corumbá”” assinatura=”Gustavo Antonio Carneiro, superintendente de Recursos Hídricos da Adasa” esquerda_direita_centro=”direita”]

“Fazemos um monitoramento com estabelecimento das curvas de referência que publicamos todo ano no período de estiagem, entre maio e julho”, explica o superintendente de Recursos Hídricos da Adasa, Gustavo Antonio Carneiro. “Fazemos as simulações com base no que choveu, como está o reservatório e a previsão daquele ano, já considerando a saída da evaporação, a alimentação para o rio e as retiradas para abastecimento”. Conhecidos como resolução de curvas de referência, esses dados são publicados no site da Adasa.

As curvas de 2022 dos quatro mananciais já estão disponíveis no portal. “Tivemos um ano de chuva relativamente ruim, mas a recuperação [da queda dos mananciais] tende a ser mais confortável, porque agora temos o Lago Paranoá e o Corumbá”, completa o gestor.

De uso múltiplo, o Lago Paranoá passou a se tornar um reservatório após a crise hídrica de 2018, apresentando variação muito pequena ao longo do ano – no máximo um metro. Já a Barragem do Corumbá está no processo inicial de distribuição, com uma operação em fase de testes e análises de desempenho, mas que já contribui para o sistema, desafogando a dependência do Descoberto, responsável por mais da metade do abastecimento do DF.

Gustavo Antonio Carneiro, da Adasa: “Se eu tiver dificuldade em um manancial, posso trazer de outro, o que dá mais robustez e garante segurança hídrica” | Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília

“Essa interligação dos sistemas facilita”, detalha Gustavo Antonio Carneiro. “Se eu tiver dificuldade em um manancial, posso trazer de outro, o que dá mais robustez e garante segurança hídrica.”

O caso mais complexo é o do Pipiripau, que tem uma regulação mais firme, pontua ele: “Tem captação, mas não temos reservatório –  só o fio d’água e uma série de atividades ao longo do rio. Lá temos a alocação negociada. No período da seca, se chegar ao estado hidrológico amarelo – o que acontece quase todo ano -, começamos a fazer restrição de uso para todo mundo que está na bacia. Vamos alocando cotas de vazão de água”.

Enfrentamento

Como forma de enfrentar o período de estiagem, a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) aumentou a capacidade de produção de água nos sistemas Bananal (700 l/s), Lago Paranoá (700l/s) e Corumbá (1400 l/s), totalizando 2,8 mil litros por segundo.

O reforço do Corumbá também possibilita poupar o Sistema Descoberto e fazer com que o nível do reservatório diminua mais devagar até a chegada do período chuvoso, com previsão de início em outubro e novembro. O acúmulo de água no período de chuvas é utilizado para suprir o abastecimento na seca, sendo esperado que os níveis oscilem para compensar a redução de disponibilidade hídrica durante a estiagem.

Segundo o superintendente de Gestão Operacional da Caesb, Cristiano Gouveia, a companhia destina esforços em diferentes linhas de atuação para promover a segurança hídrica à população do DF. “As ações vão desde a ampliação de sistemas produtores de água, passando pela instalação ou reforma de unidades operacionais, ações para controle e redução de perdas, educação ambiental, proteção de mananciais, automação de processos industriais, entre outras”, explica.

Estratégias

Para evitar que o Distrito Federal sofra novamente com a falta de recursos hídricos, a Adasa traça estratégias em dois campos: disponibilidade e demanda. O primeiro trata da análise e gestão do sistema de abastecimento, levando em consideração as interligações, as melhorias da infraestrutura e a ampliação de fontes.

Já a gestão de demanda consiste em garantir a redução das perdas na fonte e no consumo final. “É trabalhar nas residências e nas edificações para encontrar vazamentos e descobrir falhas”, informa o superintendente. “Temos as perdas virtuais, que são roubo, furto e ‘gato’, aquilo que não está sendo faturado e nem computado, aquela água que vai se perdendo e não temos como controlar”.

Há também o incentivo ao uso consciente por meio de projetos educacionais e de fontes alternativas – tema que deve permear a renovação do Plano de Gerenciamento Integrado de Recursos Hídricos do Distrito Federal (PGIRH/DF), para o qual foi publicado, este mês, um edital, após a publicação do aviso de licitação da Adasa.

“Resumindo, temos que trabalhar na disponibilidade, manter o que já temos, ampliar os mananciais e melhorar as infraestruturas, interligando e distribuindo as perdas na redistribuição. E, trabalhar na outra ponta, que é a demanda, reduzindo perdas no ponto de consumo, tirando irregularidades, trabalhando para o uso consciente e melhorando a eficiência dos equipamentos.”

Reservatórios do DF têm nível de água monitorado permanentemente