04/10/2022 às 15:26, atualizado em 07/10/2022 às 15:21

Ambulatório de coagulopatias hereditárias completa dez anos

Equipe multiprofissional da unidade ligada à Fundação Hemocentro de Brasília acompanha mais de 700 pacientes portadores de doenças hemorrágicas que fazem tratamento profilático

Por Carolina Caraballo, da Agência Brasília | Edição: Rosualdo Rodrigues


Brasília, 25 de agosto de 2022
– O Ambulatório de Coagulopatias Hereditárias da Fundação Hemocentro de Brasília (FHB) completou uma década de vida no dia 12 deste  agosto. A unidade, referência no tratamento de doenças hemorrágicas, acompanha 704 pacientes direcionados por médicos tanto da rede pública de saúde quanto da particular. Isso porque o tratamento de coagulopatias é feito com hemoderivados fornecidos exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Diretora de Ambulatórios da FHB, a médica Melina Swain garante: “Não temos demanda reprimida” | Fotos: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília

Assim que é encaminhado à fundação, o paciente é prontamente admitido para fazer os exames de confirmação e investigação. “Não temos demanda reprimida”, garante a diretora de Ambulatórios da FHB, Melina Swain. “Também recebemos pessoas que tenham histórico familiar, porque é uma doença hereditária. Então, quando um bebê nasce na família, ele já é trazido para cá para realizarmos os exames necessários”.

[Olho texto=”“Oferecemos um tratamento profilático. Os pacientes são avaliados periodicamente e recebem o fator de coagulação específico para o seu tratamento – quem tem hemofilia A, por exemplo, usa o fator VIII de coagulação”” assinatura=”Melina Swain, diretora de Ambulatórios da FHB” esquerda_direita_centro=”direita”]

A FHB tem laboratório de hemostasia capacitado para executar todos os diagnósticos de coagulopatias hemorrágicas. Com os resultados prontos, a pessoa é cadastrada no sistema e passa a ser atendida por uma equipe multidisciplinar. São três médicos, dois fisioterapeutas, um dentista, um técnico de higiene bucal, cinco farmacêuticos, três enfermeiros, quatro técnicos de enfermagem, um psicólogo e um assistente social.

“Oferecemos um tratamento profilático. Os pacientes são avaliados periodicamente e recebem o fator de coagulação específico para o seu tratamento – quem tem hemofilia A, por exemplo, usa o fator VIII de coagulação”, observa Melina. “É um acompanhamento feito ao longo de toda a vida do paciente, enquanto ele estiver morando no Distrito Federal.”

Atualmente, o ambulatório trata 270 portadores de hemofilias A e B, 169 pessoas com doença de Von Willebrand (distúrbio de sangramento causado por baixos níveis de proteína de coagulação no sangue), 81 com deficiência VII e 184 com outros tipos de coagulopatia mais raras (deficiências de fibrinogênio, de fator V e de fator X, entre outras). Em média, esses pacientes passam por três ou quatro consultas de rotina anuais. É o caso do pequeno João Tarcísio, de 10 anos.

O médico Marcelo Carneiro de Freitas, chefe da Unidade Técnica da FHB, explica que nem todas as patologias hemorrágicas são hereditárias

Quando faltavam poucos dias para completar 1 ano de vida, o menino foi diagnosticado no Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib) com hemofilia A grave. “Começaram a aparecer manchinhas roxas no corpo dele. O tornozelo inchava ao andar, o bracinho inchava quando precisava tirar sangue…”, relembra Danielle Brito, mãe de João. “Assim que descobriram o distúrbio, encaminharam meu filho para o ambulatório”.

Desde então, há nove anos, João recebe em casa, mensalmente, o medicamento necessário para controlar a doença. Enfermeiros do ambulatório treinaram Danielle para fazer as aplicações. “Em dias alternados, injeto o fator coagulante na veia do João”, conta a dona de casa. “No começo do tratamento, ele reclamava bastante. Mas acabou se acostumando e, hoje, leva uma vida normal”.

Coagulopatias hereditárias

Quem mora em Brasília nem se abala com sangramentos nasais. O fenômeno é relativamente comum na época da seca. E, na maioria dos casos, basta pressionar o nariz com um algodão para resolver o problema. Isso se o dono do nariz não for portador de uma coagulopatia – dependendo do grau da doença, pode haver a necessidade de entrar com medicamento ou até fazer uma cauterização para estancar o sangue.

A dona de casa Danielle Brito e o filho João Tarcísio: há nove anos ele recebe em casa, mensalmente, o medicamento necessário para controlar a doença

As coagulopatias são distúrbios que afetam a formação dos coágulos sanguíneos. Essas hemorragias podem ser causadas por lesões acidentais ou mesmo procedimentos médicos. Mas, em alguns casos, o paciente pode ser acometido por sangramentos espontâneos no interior das articulações e músculos.

“Eventos que não trariam dano à maioria das pessoas podem ser ameaçadores à vida dos portadores dessas doenças”, afirma o chefe da Unidade Técnica da FHB, Marcelo Carneiro de Freitas. “Dependendo do grau da coagulopatia, os pacientes também podem ter dificuldade de movimento, dores limitantes e edemas.”

De acordo com Marcelo, nem todas as patologias hemorrágicas são hereditárias. “O uso de determinados medicamentos, como anticoagulantes, podem ocasionar a doença”, revela. “Além disso, algumas neoplasias e doenças reumatológicas levam à deficiência de fatores coagulantes”.

Serviço
Ambulatório de Coagulopatias da Fundação Hemocentro de Brasília
Setor Médico Hospitalar Norte, quadra 3, conjunto A, bloco 3, Asa Norte
Funcionamento: segunda a sexta-feira, das 7h às 19h
Telefone: (61) 3327-4413

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