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04/10/2022 às 09:59, atualizado em 04/10/2022 às 14:19
Prestes a completar 163 anos, a região administrativa é conhecida por preservar a memória histórica, pelas celebrações religiosas e pela beleza natural
Brasília, 1º de agosto de 2022 – Quase um século antes da criação de Brasília, Planaltina povoava o quadradinho que viria a ser chamado de Distrito Federal. A história candanga é diretamente conectada com a região administrativa, que recebeu em 1892 a Missão Cruls, expedição exploradora que avaliou o território do Planalto Central do Brasil para escolher a localização da nova capital do país.
Prestes a completar 163 anos – o aniversário da cidade é comemorado em 19 de agosto -, Planaltina é conhecida por preservar a memória histórica, ao mesmo tempo em que é lembrada pelas celebrações religiosas e pelas belezas naturais. Essas três características da cidade tornam a região extremamente turística. Por isso, a RA integra a Coleção de Rotas Brasília, da Secretaria de Turismo (Setur), desde 2021, ao lado de Brazlândia e Ceilândia, que pode ser acessada no site da pasta.
“Planaltina é uma cidade que abriga vários atrativos de importância histórica, tem um viés de preservação da nossa história. A rota, que se chama Planaltina na Rota do Turismo, surgiu pelo programa Turismo em Ação, que diversifica a oferta turística de Brasília”, explica o secretário-executivo de Turismo, Gustavo Assis.
Estão na seleção 21 pontos turísticos representativos, como a Pedra Fundamental, o Morro da Capelinha, o Templo do Vale do Amanhecer, a Igrejinha de São Sebastião, o Museu Histórico e Artístico de Planaltina, o Parque Ecológico dos Pequizeiros, o Parque Ecológico Sucupira e a Estação Ecológica Águas Emendadas.
“A rota é o primeiro passo para que a gente possa fazer um planejamento a longo prazo, além de apresentarmos a rota aos receptivos de Brasília para que ofereçam aos turistas e levarmos para as feiras de turismo”, completa. O objetivo é estimular o turismo na região, gerando emprego e renda.
História preservada
Geralda Maria Vieira e Vânia Maria Vieira, mãe e filha, são as proprietárias do hotel O Casarão, localizado no Centro Histórico de Planaltina, área tradicional da cidade que abriga ainda o Museu Histórico e Artístico e a Praça Coronel Salviano Monteiro.
“Quando minha mãe e meu pai vieram para cá, eu era bem pequeninha. Eles vieram para se aventurar. Inicialmente, alugaram um hotelzinho (do outro lado da rua) e depois adquiriram essa casa, que acabaram transformando num hotel e depois fizeram um restaurante”, lembra Vânia.
Nos tempos áureos, o estabelecimento recebeu até o jogador Mané Garrincha, que fez a última partida da vida na cidade, no Estádio Adonir Guimarães. “Desde que eu era criança, sempre teve muito turista. O pessoal vinha, principalmente, no fim de semana e passava o dia”, acrescenta.
Em breve, o espaço será reformado preservando a fachada original. Com a obra, a ideia é retomar a característica do espaço que até hoje recebe curiosos em busca de conhecer a história. “Vem muita gente especificamente para saber da história de Planaltina e até da Pedra Fundamental, porque aqui foi feita uma das reuniões quando vieram fundar o obelisco”, completa.
Centenário
Construída no Morro do Centenário, a Pedra Fundamental é considerada o primeiro monumento do DF. Neste ano, o pilar comemora 100 anos do assento feito em 7 de setembro em comemoração, na época, do centenário da Independência do Brasil a pedido do então presidente Epitácio Pessoa. Ideal para contemplar a vista de Planaltina, o espaço é bastante visitado por ciclistas que trafegam pela ciclofaixa, estudantes das escolas públicas e privadas e por turistas que buscam ver o ponto mais alto da região.
As amigas Alcimar Jardim de Melo e Nelma Terezinha Pereira, professoras aposentadas, visitam o monumento praticamente todos os dias de bicicleta. O local integra a rota de ciclismo da dupla.
“Quando comecei minha vida de professora, nós tínhamos o hábito de vir até a pedra para trazer os estudantes. A gente fazia atividades, piquenique, passava a manhã. O tempo passou, a pedra ficou um pouco esquecida. Agora, aposentadas, nós voltamos de bicicleta”, explica Alcimar.
Para Nelma, é uma honra poder visitar o local quase diariamente. “É uma paisagem belíssima. É um ponto turístico cultural e de uma relevância muito grande. É um marco da construção de Brasília”, classifica.
Por frequentarem o espaço, as duas têm notado o aumento da presença do público. “Temos notado que com o asfalto é raríssimo a gente chegar aqui e não ter alguém visitando a pedra”, afirma Alcimar.
Festas tradicionais
Além dos pontos turísticos, Planaltina é marcada pelas festas tradicionais. A primeira delas ocorre na Semana Santa. É a Via Sacra no Morro da Capelinha, onde é reproduzido um espetáculo teatral a céu aberto de representação da ressurreição de Cristo.
“A Via Sacra ao vivo é uma semana de eventos da fé cristã. Nós já tivemos o recorde de 125 mil pessoas num dia só”, conta o administrador de Planaltina, Célio Rodrigues. Em 2022, com o retorno do evento após o período de isolamento social devido à covid-19, o público foi de 85 mil.
Todo 1º de maio, a cidade recebe o maior ritual da Doutrina do Amanhecer para celebrar o Dia do Doutrinador. O ritual começa ao raiar do sol e termina ao final do dia, durando de três a quatro dias. O evento celebra a renovação das energias e o fortalecimento da fé. No ritual, os trajes das mulheres são véus e vestidos de cores luminosas e os homens, capas em estilo romano.
Já cinco dias após a Páscoa, Planaltina conta com outra comemoração tradicional cristã, a Festa do Divino Espírito Santo. Com duração de 10 dias, a solenidade de Pentecostes tem eventos nas paróquias da cidade e as folias de roça, com cavalgadas e pousos em fazendas da região.
“Aqui nós temos religiões muito bem difundidas. Somos a segunda cidade do DF a ter a maior concentração de religiões de matrizes africanas. Temos o espiritismo kardecista, o Vale do Amanhecer, que é uma doutrina compartilhada até em outros países. No dia da comemoração da doutrina temos uma grande concentração de turismo”, comenta.
A força das festividades deu mais frutos, com a realização de mais eventos. “A nossa cidade nesses últimos anos teve um fortalecimento muito considerável em relação ao turismo. Nós temos atraído algumas festas como, por exemplo, a Festa da Uva que, no ano passado, fizemos a primeira edição e estamos voltando com a segunda edição”, afirma Célio Rodrigues. O administrador também cita a volta da Expoplan, feira agropecuária que retorna após sete anos, e o Circuito de Skate, previsto para 20 de agosto.
Principais pontos turísticos para visitar em Planaltina
Turismo histórico e religioso
– Pedra Fundamental (Morro do Centenário): Aberto diariamente
– Igrejinha de São Sebastião (Setor Tradicional): Diariamente, das 8h às 12h e das 14h às 18h
– Estátua de Louis Cruls (Setor Tradicional): Aberto diariamente
– Praça Coronel Salviano Monteiro (Setor Tradicional): Aberto diariamente
– Museu Histórico e Artístico de Planaltina (Setor Tradicional, Q 57): De quarta a domingo, das 9h às 12h e das 14h às 18h
– Templo do Vale do Amanhecer (Área Especial 01, Vale do Amanhecer): Segunda, terça e sexta, das 10h às 22h, e quarta, quinta, sábado e domingo, das 10h às 0h
– Morro da Capelinha: Aberto diariamente. Encenação da Via Sacra no feriado de Sexta-feira Santa
Turismo rural e ecológico
– Circuito Rajadinha (Núcleo Rural Rajadinha I): Visitas agendadas com os produtores
– Parque Ecológico dos Pequizeiros (Núcleo Rural Santos Dumont): Aberto diariamente.
Parque Ecológico Sucupira: Diariamente, de 6h às 20h
– Estação Ecológica Águas Emendadas: De segunda a sexta, das 8h30 às 12h e das 13h30 às 17h