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04/10/2022 às 15:45
Covid-19 fez Distrito Federal ampliar capacidade de monitoramento epidemiológico de doenças
Brasília, 28 de agosto de 2022 – Nos momentos mais difíceis da covid-19 no Distrito Federal, a enfermeira Cristina Segatto mal podia deixar o telefone. Ela não estava na linha de frente do tratamento, mas, ao longo do seu plantão de 24 horas, pôde ter a noção do tamanho da pandemia. “É uma dinâmica muito grande”, conta. “No momento de pico, a gente chegou a falar com 100 pessoas em um dia. E o telefone não parava”.
Ela é uma das plantonistas do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde do Distrito Federal (Cievs-DF), unidade responsável por identificar novas doenças e acompanhar a evolução dos casos. Os dias difíceis da covid-19 foram marcados por números negativos, mas, em experiência, o saldo foi positivo. Atualmente, o DF tem uma capacidade de vigilância estratégica à saúde diferenciada.
É o que sustenta a chefe da unidade, a enfermeira Priscilleyne Reis. “Hoje, a gente já tem uma lógica de trabalho para a monkeypox muito mais rápida”, explica. “Temos pessoas que sabem o que fazer, e como fazer”. À frente de uma equipe de 25 profissionais, ela destaca a qualificação técnica do grupo e o reforço recebido: profissionais encaminhados do Ministério da Saúde e do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF), além de servidores convocados por meio de concurso da própria Secretaria de Saúde (SES).
Prêmio nacional
A rotina no Cievs-DF exige conhecimento técnico, diálogo e curiosidade. É o que conta a enfermeira Cristina Segatto, mestre em epidemiologia. Ela investiga prontuários médicos, exames laboratoriais, registros de óbitos, relatórios passados pela Rede de Vigilância Epidemiológica Hospitalar ou pela Rede de Infectologias de Brasília, informações de profissionais de saúde encaminhados ao Cievs-DF e até relatos de pacientes ou familiares, além de notícias. O objetivo é avaliar diariamente os riscos de chegada de uma nova doença ou o cenário de casos (suspeitas de novos casos podem ser comunicadas pelo e-mail notificadf@saude.df.gov.br) .
As informações são tratadas de acordo com o conhecimento técnico sobre as doenças, além do auxílio de conhecimentos de áreas como estatística, epidemiologia e informática. Em 2020, o Cievs-DF ganhou do Ministério da Saúde o prêmio nacional de inovação tecnológica por conta do software desenvolvido para produzir diariamente o boletim de casos de covid-19 no DF.
Na prática, o resultado é oferecer aos gestores públicos e à população uma visão estratégica sobre doenças que podem ameaçar o bem-estar público. “Somos o alerta, um centro de inteligência para apoiar as áreas executoras”, resume Priscilleyne Reis. Doenças raras ou que surgiram em outras partes do Brasil ou do mundo entram no radar do Cievs-DF. “O objetivo do nosso trabalho é sempre interromper a transmissão ou desacelerar”, pontua a gestora.
[Olho texto=”Cievs-DF trabalha em parceria com secretarias de Educação, de Segurança Pública e de Justiça e Cidadania” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”esquerda”]
O trabalho também inclui a análise de óbitos para evitar erros na identificação de casos. Quando há confirmação de doenças, como da covid-19 ou monkeypox, o procedimento consiste em acompanhar a evolução epidemiológica, prossegue Priscilleyne. “Estudamos os padrões de ocorrência para verificar se está dentro do esperado, acima ou abaixo do esperado. O que é previsto não é exatamente o que vai acontecer, mas dá uma projeção”.
Das doenças monitoradas pelo Cievs-DF, um destaque é para a malária, que não tem casos registrados de contaminação por aqui. Porém, tão logo há a identificação de um paciente ter chegado ao Distrito Federal com suspeita de contaminação, a própria equipe vai até o local fazer testes e levar medicamento.
O Cievs-DF também atua diretamente quando há surtos de doenças contagiosas em locais como hospitais, escolas e presídios. Para isso, a unidade trabalha em parceria com outros órgãos públicos, como as secretarias de Educação (SEE), de Segurança Pública (SSP) e de Justiça e Cidadania (Sejus).
*Com informações da Secretaria de Saúde