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04/10/2022 às 09:50, atualizado em 04/10/2022 às 15:01
A equipe do Lacen desenvolveu uma metodologia para oferecer o teste na capital e agilizar os diagnósticos e as ações de vigilância para interrupção da transmissão da doença
Brasília, 1º de agosto de 2022 – O Laboratório Central de Saúde Pública do Distrito Federal (Lacen-DF) desenvolveu uma metodologia de teste para o diagnóstico local de monkeypox, doença zoonótica viral com sintomas semelhantes aos da varíola, mais conhecida como varíola dos macacos. O objetivo é se tornar um ponto de testagem referenciado, acelerando o reconhecimento dos casos suspeitos na capital. Até então, as amostras dos pacientes precisavam ser enviadas para o reconhecimento na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Os ensaios no Lacen-DF tiveram início há três semanas com o surto dos casos no Brasil – até a última sexta-feira (29), o Distrito Federal contava com 21 casos confirmados e 70 suspeitos. “Nós estamos fazendo os primeiros ensaios para poder oferecer o diagnóstico à população do Distrito Federal e aos gestores e apresentar as ações de vigilância”, afirma a diretora do Lacen-DF, Grasiela Araújo da Silva.
A metodologia foi criada a partir dos estudos, publicações e artigos científicos mais recentes sobre a doença para garantir segurança. A testagem é feita por um teste PCR que detecta a partícula viral da monkeypox nas lesões na pele do paciente. Para aumentar a confiabilidade, o laboratório também faz a sequência do DNA dos casos positivos.
Os kits para os testes são fornecidos pelo Lacen às unidades de saúde, que encaminham as amostras para diagnóstico. “Tentamos suprir informações e dar apoio quanto à coleta, ao armazenamento e ao envio dessas amostras. O procedimento de coleta tem que seguir um rito para que a gente consiga uma qualidade de material boa”, revela a chefe do Núcleo de Virologia do Lacen-DF, Fernanda Yamada.
Agilidade no combate
O principal benefício da testagem local é o tempo de resposta para as ações de bloqueio e tratamento da doença. A expectativa é de que com o processo os resultados sejam entregues em até 48 horas. Atualmente, entre coleta, transporte e diagnóstico, o tempo é de 10 a 15 dias.
“Quando a gente envia uma amostra para fora, temos que contar com o tempo de envio e o recebimento no outro centro. Essa amostra ainda concorre com outros locais do Brasil. Se a gente faz por aqui, consegue minimizar esse tempo e logo ajudar nas políticas de vigilância epidemiológica. Consegue informar o paciente sobre a necessidade dele ficar isolado e manter as normas sanitárias, que são recomendadas nesses casos”, explica Agenor de Castro, farmacêutico do Lacen-DF.
Mesmo em pouco tempo, o Laboratório Central de Saúde Pública do DF já está sendo procurado por outros estados que desejam replicar a metodologia. “Desde o momento que nós publicizamos que estamos preparados para fazer esse diagnóstico, outros Lacens entraram em contato para obter informações e caminhos necessários para adquirir os reagentes e poder fazer a mesma metodologia”, conta a diretora do Lacen-DF.
Doença
A monkeypox é uma doença de origem animal transmitida para humanos. A transmissão ocorre por contato com animal ou humano infectado (lesões, fluidos corporais e gotículas respiratórias), ou ainda com materiais contaminados contendo o vírus. Os sintomas duram de duas a quatro semanas.
Os principais sintomas são erupções na pele e alteração da temperatura corporal acima de 37,5º Celsius. A pessoa também pode ter dor no corpo, na cabeça e na garganta. O período febril tem duração de cerca de cinco dias.
Conforme a febre reduz, as lesões na pele começam a aparecer. A lesão é avermelhada, se eleva e vira uma bolha com presença de líquido incolor, que com o passar dos dias passa a ter o tom mais amarelado e evolui para um processo de cicatrização, virando uma crosta e depois se rompe da pele.
Em caso de suspeita, as unidades básicas de saúde (UBSs) e as unidades de pronto atendimento (UPAs) estão prontas para receber pacientes. O diagnóstico deve ser laboratorial.