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04/10/2022 às 16:26, atualizado em 08/10/2022 às 10:38
O espetáculo Viola e Cante Mulher conta com R$ 120 mil de recursos do Fundo de Apoio à Cultura (FAC)
Brasília, 6 de setembro de 2022 – Um espetáculo feito por mulheres. Assim será o Viola e Cante Mulher, show idealizado para mostrar a importância feminina na viola caipira, não apenas no Distrito Federal, mas em todo o país. Além da apresentação de dez violeiras de Brasília, São Paulo, Minas Gerais e Goiás, 60% das pessoas responsáveis pela montagem da exibição são mulheres.
O projeto conta com R$ 120 mil de recursos do Fundo de Apoio à Cultura (FAC). O evento é gratuito e ocorre nos dias 9 e 10 de setembro, a partir das 20h, na Praça Padre Roque, no Núcleo Bandeirante, com a realização de cinco shows a cada dia. Quem for ao local para curtir moda de viola poderá ainda aproveitar para comer comidas típicas do país que estarão à venda na praça.
De acordo com Luís Fernandes, membro da dupla de cantores Anders e Fernandes, e um dos responsáveis pelo show Viola e Cante Mulher, a primeira versão do espetáculo ocorreu em 2019, no Teatro dos Bancários, no Plano Piloto. Em 2020, a ideia era realizar o espetáculo em março, mês dedicado à mulher, mas a pandemia de covid impediu a realização do show.
No ano passado o Viola e Cante Mulher foi realizado de forma online. Finalmente, o projeto está sendo retomado em 2022. “Estamos realizando fora da época prevista, que seria o mês de março, mas é preciso recomeçar, mesmo que em outro mês”, explicou Fernandes.
Quatro violeiras de Brasília contaram um pouco de como é a vida da mulher violeira. Com mais de 15 anos de carreira, a violeira Akaren Parreira, 39 anos, disse que vive exclusivamente da música sertaneja. Segundo ela, ainda é difícil para a mulher viver de música. “As mulheres ainda cumprem um sistema de cotas”, disse a violeira, brincando.
“Há muito tempo lutamos pelo nosso espaço. Andei muito sozinha no meio dos homens, mas agora, graças a Deus, não sou mais uma estranha no ninho”, destacou Akaren. A artista destacou que a relevância da música sertaneja de Brasília deve-se ao pioneirismo de Zé Mulato e Cassiano, que começaram na cidade.
Carol Carneiro, de 42 anos, toca desde 1999, não só viola caipira, mas também forró pé de serra e ciranda. Carol acredita que o espaço da mulher no segmento da viola caipira vem sendo aberto aos poucos. “A gente vai apresentando as pautas e conversando em busca da equidade de gênero, como acontece em outros setores”, explica Carol, que, assim como Akaren, vive da música. “Dou aula de música para crianças, onde usamos a viola caipira, violão, sanfona e precursão”, conta.
Gabriela de Souza Andrade, conhecida no meio musical como Gabi Viola, tem 15 anos, mas já se considera uma veterana entre os violeiros. Desde pequena ouvia música de viola em casa. O avô materno e o tio cantam e tocam o instrumento. “Desde nova tendo essa influência em casa, despertou a vontade de tocar viola”.
O início foi aos 6 anos, quando começou a tocar violão na igreja que frequenta. A menina, de São Sebastião, devota de Nossa Senhora Aparecida, tem sonhos dentro e fora dos palcos. Estudante do ensino médio, ela sonha em ser delegada e musicista.
Daiane Reis, de 40 anos, outra cantora e violeira de Brasília, diz que se apaixonou pela viola caipira desde a primeira vez que ouviu. Ela se inspira em Almir Sater e André e Andrade. Além de tocar viola caipira, Daiane é técnica de enfermagem e concilia as duas profissionais.