04/10/2022 às 15:08, atualizado em 07/10/2022 às 07:48

Produção e degustação de vinhos entra na rota do turismo no DF

O Vinhedo Lacustre, no Lago Norte, recebe 40 visitantes a cada fim de semana para conhecer o processo produtivo

Por Catarina Lima, da Agência Brasília I Edição: Débora Cronemberger


Brasília, 22 de agosto de 2022 –
Ao longo de 62 anos, Brasília vem passando por muitas evoluções, entre elas, no turismo. A capital do país com vocação para visitações cívicas e de exploração da arquitetura tem encontrado novas vertentes, como o enoturismo. Produtores de vinho do DF organizam visitas guiadas para colheita, produção artesanal e degustação do vinho produzido na cidade.

O viticultor Marcos Ritter trabalha com foco no enoturismo e recebe, na propriedade localizada no Núcleo Rural Jerivá, grupos de visitantes nos fins de semana | Fotos: Paulo H.Carvalho/Agência Brasília

Um desses empreendedores é Marcos Ritter, dono do Vinhedo Lacustre, no Núcleo Rural Jerivá, no Lago Norte. A propriedade tem cerca de dois hectares, que corresponde a 20 mil metros quadrados. Desse total, menos de um hectare é de área plantada e produz três toneladas de uvas por ano. O vinhedo recebe 40 visitantes a cada final de semana para ver, provar ou jantar enquanto um bom vinho é saboreado.

“Brasília tem sua parte bucólica e rural. Aqui, especificamente, estamos dentro da cidade. No entanto, a pessoa pode vivenciar todas as etapas de produção como se estivesse numa vinícola, no vale dos vinhedos, mas com o nosso contexto brasiliense”, avaliou Ritter. Grupos de cerca de 20 pessoas podem ir à vinícola aos sábados e domingos. O espaço também promove eventos particulares, como cursos e jantares, e abre as portas para grupos de estudantes de turismo e agronomia.

Ritter logo avisa que o foco da sua produção é o turismo. Ao passar o dia na propriedade, o visitante vivencia experiências como conhecer um parreiral, ver e tocar as uvas e aprender sobre as técnicas de condução da videira.

[Olho texto=”“Estamos incentivando e fomentando o enoturismo, que significa turismo de experiência, gastronômico e uma cadeia produtiva que gera milhares de empregos, com um enorme potencial para a economia das regiões administrativas”” assinatura=”William Almeida, secretário de Turismo” esquerda_direita_centro=”direita”]

Na sequência, o visitante acompanha a microvinificação (processo de elaboração, em pequena escala, de sucos, vinhos e espumantes) e aprende a fazer o processamento artesanal de vinhos. “É possível participar, ver como tudo é feito, sentir o produto no seu estágio intermediário e também provar os vinhos próximos da conclusão e os já prontos”, explicou.

Além do cheiro intenso exalado pelas videiras e do gosto das uvas e do vinho, o visual é de encher os olhos. O terreno onde está situado o Vinhedo Lacustre fica a 1.060 metros de altitude e proporciona ao visitante a experiência de degustar um bom vinho enquanto aprecia um belíssimo pôr-do-sol.

Para o secretário de Turismo, William Almeida, incentivar o enoturismo tem sido um dos objetivos do GDF. “A Secretaria de Turismo vem trabalhando, desde 2019, na promoção, divulgação e qualificação dos empresários e produtores de uva de Brasília por meio do turismo. Estamos incentivando e fomentando o enoturismo, que significa turismo de experiência, gastronômico e uma cadeia produtiva que gera milhares de empregos, com um enorme potencial para a economia das regiões administrativas”, disse o secretário.

O enólogo Carlos Sanabria, do Rio Grande do Sul, acompanha Marcos Ritter no projeto de enoturismo

A trajetória do Vinhedo Lacustre começou em 2010, quando o pai de Marcos Ritter soube da possibilidade de plantar uvas no DF. Para isso, foi trazido um profissional de São Paulo, que passou um ano na cidade, cuidando da plantação do primeiro parreiral.

[Olho texto=”“Evoluímos para vinhos de mais qualidade, com o objetivo de prover às pessoas a experiência de conhecer o funcionamento da vinicultura e o processo artesanal de produção de vinhos”” assinatura=”Marcos Ritter, viticultor” esquerda_direita_centro=”esquerda”]

Com o sucesso das primeiras safras, de origem norte-americana, foram implantadas as uvas de origem europeia. Há um ano, com o afastamento do pai por motivo de doença, Marcos resolveu explorar a propriedade de forma comercial.

“A partir daí, dei início a esse processo de enoturismo, juntamente com o enólogo Carlos Sanabria. Evoluímos para vinhos de mais qualidade, com o objetivo de prover às pessoas a experiência de conhecer o funcionamento da vinicultura e o processo artesanal de produção de vinhos”, explicou Marcos.

O enólogo gaúcho Carlos Sanabria acompanha Marcos no projeto de enoturismo. Ele explica que aqui, devido ao solo diferente do solo do Rio Grande do Sul, a uva colhida tem características próprias. Já se sentindo adotado pela cidade, Sanabria homenageou Brasília no aniversário de 62 anos da capital federal com a produção de um vinho comemorativo à data. Foram produzidas 62 garrafas, cuja venda foi quase imediata, segundo o enólogo.

Produção e degustação de vinhos entra na rota do turismo no DF