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06/10/2022 às 19:53
Hmib oferece equipe multidisciplinar para dar apoio e assistência a mães e pais que perderam filhos no nascimento ou na infância
Famílias que precisam de cuidados, empatia, acolhimento e apoio institucional, com suporte técnico, psicológico e emocional que garantam um retorno menos difícil para casa. Este é um dos focos das equipes de cuidados paliativos perinatais e pediátricos do Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib).
Daniel Alvarez e a esposa, Paula Valle, perderam o filho Arthur 26 minutos após o nascimento. Ele foi diagnosticado com duas síndromes raríssimas ainda no início da gravidez. Os pais tiveram a opção de interromper a gestação, mas optaram pelo nascimento do bebê, que ocorreu há dois meses.
“Tivemos todo o apoio da equipe de cuidados paliativos. Em momento algum nos deram alguma esperança de um diagnóstico diferente, mas sempre nos acolheram com muita empatia e nos prepararam para o momento de partida dele”, relata Paula.
A enfermeira Débora Santos perdeu a filha Manu 12 horas após o nascimento, em fevereiro de 2019. Ela conta que recebeu todo o cuidado da equipe multidisciplinar do Hmib para lidar com a situação. “As pessoas desmerecem o luto de um bebê, acham que pelo fato de ele não ter vivido muito tempo a dor é menor, mas não é assim. Eu perdi um filho e nada muda isso, só aprendemos a viver com essa perda”, afirma.
O Hmib oferece atendimento psicológico desde a hora do parto, com psicólogo exclusivo dentro do centro obstétrico. Além disso, o hospital não mistura as pacientes que tiveram uma perda perinatal com as pacientes da maternidade, para evitar o sofrimento.
“São pais que estão vivendo o sofrimento total, sua dor total, tanto física quanto emocional, psicológica e espiritual. Nosso objetivo é ajudar as famílias a lidarem com a dor e evitar o sofrimento e possíveis transtornos, como a depressão”, explica a psiquiatra e coordenadora do Ambulatório de Saúde Mental da Mulher do Hmib, Maria Marta Freire.
Dia Mundial
Para reunir pais, profissionais e pacientes atendidos pelas equipes de cuidados paliativos, o Hmib realizou nesta quinta-feira (6) a palestra Curando Corações e Comunidades. Este também é o tema deste ano do Dia Mundial dos Cuidados Paliativos, celebrado no segundo sábado de outubro.
“A campanha deste ano foi uma alusão às mortes por conta da pandemia mundial do novo coronavírus e pelas vítimas da guerra da Ucrânia. E nós procuramos adequar o tema à realidade que vivenciamos aqui no hospital, que são os lutos por conta de perdas perinatais ou pediátricas”, destaca o pediatra paliativista e coordenador do Grupo de Cuidados Paliativos do Hmib, Neulanio Francisco.
Durante o evento, foram abordadas reflexões sobre a morte e o luto na pediatria, o sofrimento dos profissionais, as fases do luto e suas reações. Além disso, três pais deram seus depoimentos pessoais sobre as perdas que sofreram.
O Hmib possui duas equipes multidisciplinares de cuidados paliativos. Uma delas é voltada para os casos perinatais, destinada a famílias que têm o diagnóstico de bebês com condições limitantes à vida (síndromes graves, doenças cardiológicas gravíssimas) e outra para os casos pediátricos, voltada a famílias com crianças em tratamento de doenças graves e com risco à vida.
As equipes são compostas por médicos geneticistas, paliativistas, psiquiatras, obstetras, pediatras, enfermeiros, entre outros, que atuam de maneira interdisciplinar para que a família seja acolhida no momento do luto.
*Com informações da Secretaria de Saúde do DF