12/11/2022 às 09:16, atualizado em 12/11/2022 às 11:54

Escola em São Sebastião é premiada por projeto de diversidade e inclusão

Centro de Educação Infantil 01 recebeu o Prêmio Educar, em São Paulo. Temáticas afro-brasileira e indígena estão inseridas nas lições de crianças de 4 e 5 anos

Por Rafael Secunho, da Agência Brasília | Edição: Claudio Fernandes

Uma escola de São Sebastião dá exemplo para o Brasil em relação à temática antirracista e aos conhecimentos sobre povos indígenas. O Centro de Educação Infantil 01, ou simplesmente Centrinho, trabalha desde cedo a inclusão social e nossos antepassados em sala de aula e por meio da arte. Os aprendizes: meninos e meninas de 4 e 5 anos de idade.

[Olho texto=”“Nosso projeto não se restringe ao Dia do Índio, em abril, ou da Consciência Negra, em novembro. Levamos isso para a sala de aula o ano todo, por meio de livros e imagens usados na escola”” assinatura=”Francineia Alves, coordenadora pedagógica do Centrinho” esquerda_direita_centro=”direita”]

Uma iniciativa de encher os olhos e que foi reconhecida em outubro pelo Prêmio Educar – uma honraria concedida a escolas que trabalham a equidade racial e de gênero, criada pelo Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT).

O Centrinho foi um dos 16 premiados pelo Educar, em São Paulo, pela realização do projeto Valorização da Cultura Afro-Brasileira e Indígena. A professora Francineia Alves, uma das idealizadoras da proposta, também foi certificada.

A iniciativa da escola não é novidade para nenhuma das 23 turmas, que aprendem ao longo do ano lições sobre o tema e escutam histórias sobre heróis negros. Está na grade escolar desde 2013. E que culmina com um festival, no segundo semestre, em que os alunos fazem apresentações ligadas à temática.

No encerramento do projeto em 2022, a turma da pré-escola 1 fez uma encenação baseada no livro ‘Olelê – Uma antiga cantiga da África’ | Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília

“Nosso projeto não se restringe ao Dia do Índio, em abril, ou da Consciência Negra, em novembro. Levamos isso para a sala de aula o ano todo, por meio de livros e imagens usados na escola”, ressalta Francineia, hoje coordenadora pedagógica.

“Fazemos cumprir as leis  nº 10.639/03, sobre a obrigatoriedade do estudo da cultura afro-brasileira, e nº 11.645/08, que inclui também os povos indígenas. Algo que se deve ensinar desde muito cedo”, acrescenta. Francineia é negra com orgulho e suas duas filhas estudaram no Centrinho também.

A professora Francineia Alves, uma das idealizadoras da proposta, foi certificada na categoria ‘Gestão com equidade e antirracista’

Festival é a “‘cereja do bolo”

Neste festival de 2022, cerca de 200 pequenos se alinharam para assistir à apresentação dos colegas. Alguns garotos trajando calça de capoeira. Já as meninas, com pintura indígena nos rostinhos. A turma da pré-escola 1 fez uma apresentação baseada no livro Olelê – Uma antiga cantiga da África, de Fábio Simões. Na história, um velho negro incentivava seu povo a vencer o mar agitado e eles interagiam por meio da cantiga Olelê. Em seguida, houve roda de capoeira com a participação de uma ex-aluna.

Evelyn Bezerra, 6 anos: “Eu aprendi que não pode julgar a cor da pele e do cabelo, os negros são lindos do jeito que eles são”

Lição de casa aprendida

Beleza e estética afro-brasileira e desfile de moda afro também estão no projeto. Uma ideia já absorvida pela sorridente Evelyn Bezerra, 6 anos. “Eu aprendi que não pode julgar a cor da pele e do cabelo, os negros são lindos do jeito que eles são”, conta. “Minha melhor amiga é a Débora, ela é preta. Tem que respeitar a cor do jeito que ela é”, reforça.

A diretora do Centro de Educação Infantil 01, Cleyde Sousa, explica que a escola trabalha com a formação de novos professores todos os anos

Diretora do centro de ensino, Cleyde Sousa explica que, a cada ano, professores novatos também levam os ensinamentos. “Trabalhamos com a formação de novos professores todos os anos, pois a rotatividade é grande”, afirma. O sucesso do festival, celebrado pelos pequenos, é resultado de pesquisa e vivência de todo corpo discente para imersão na história afro-brasileira e indígena.

Expansão

A gestora frisa ainda que há a preocupação em levar esse modelo para outros colégios do Distrito Federal. “Nossa missão é também divulgar essa ideia para as demais escolas que tenham interesse. Aqui, em São Sebastião, já tem uma interessada”, adianta.

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Atenta aos comportamentos infantis, a professora Lediane Costa lembra exemplos do dia a dia e o esforço em fazer a criança reafirmar sua própria identidade. “Ensinamos a eles a se reconhecerem com sua cor de pele. Algumas negras pintam com tinta clara para se verem de outra cor. E é nos livros e vídeos que ensinamos o que é a diversidade”, finaliza.

Escola em São Sebastião é premiada por projeto de diversidade e inclusão