18/01/2023 às 10:24, atualizado em 18/01/2023 às 17:05

Sangue de doadores vai ajudar na produção de remédios para a rede pública

Material será processado na França, a partir do plasma fornecido pelo Hemocentro, por meio de uma parceria com a Hemobrás

Por Agência Brasília* | Edição: Chico Neto

A Fundação Hemocentro de Brasília (FHB) começou a disponibilizar bolsas de plasma, um dos componentes do sangue de doadores, para a produção de medicamentos a serem distribuídos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para pessoas com coagulopatias.

Bolsas de plasma: material é essencial na elaboração de medicamentos para pessoas com deficiência no sangue | Foto: FHB

[Olho texto=”“Como o plasma pode ser congelado por até um ano, acumulamos no estoque alto número de bolsas que, muitas vezes, eram descartadas”” assinatura=”Osnei Okumoto, diretor do Hemocentro” esquerda_direita_centro=”esquerda”]

Conhecidos como hemoderivados, esses medicamentos serão produzidos na França pela Octapharma A.G. A iniciativa é da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), instituição vinculada ao Ministério da Saúde, em parceria com hemocentros de todo o país.

Para ser aprovada como fornecedora de plasma, a FHB passou por inspeção da Hemobrás entre 2021 e 2022. No contrato, em execução desde novembro do ano passado, o Hemocentro se comprometeu a disponibilizar o excedente de bolsas de plasma não aproveitadas pela rede pública de saúde do DF. Desde o início da parceria, a FHB já entregou 8 mil unidades do hemocomponente à Hemobrás.

“Como o plasma pode ser congelado por até um ano, acumulamos no estoque alto número de bolsas que, muitas vezes, eram descartadas”, reforça o presidente da FHB, Osnei Okumoto. “Felizmente, agora esse rico material será aproveitado para uma causa nobre. Ficamos orgulhosos de ser um dos fornecedores de plasma no Brasil.”

[Olho texto=”Produção de hemoderivados tem custo alto, e Brasil ainda não dispõe dessa tecnologia” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”direita”]

O plasma será utilizado como matéria-prima para a produção de concentrados de albumina, imunoglobulina e fatores de coagulação VIII e IX, essenciais para o tratamento e a sobrevivência de portadores de doenças conhecidas como coagulopatias.

“Sem essa medicação, pessoas com hemofilia, por exemplo, poderiam sangrar até morrer”, esclarece o diretor de Processamento e Distribuição de Hemocomponentes da FHB, Fábio de França. “Em muitos casos, o tratamento dura a vida inteira, e só o SUS consegue fornecer os medicamentos necessários. A produção é de alto custo e somente feita no exterior. Infelizmente, o Brasil ainda não possui essa tecnologia.”

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Processamento

Rico em proteínas, o plasma corresponde a cerca de metade do volume de uma bolsa de sangue doado. Após a coleta, o material é centrifugado e fracionado, resultando em quatro diferentes componentes: hemácias, plaquetas, crioprecipitados e plasma. 

Após processado, cada componente do sangue tem um fim específico. Entre outras indicações, a bolsa de plasma pode ser utilizada por pacientes que sofreram queimaduras graves.

A transfusão, porém, não é suficiente para atender pessoas com coagulopatias. “Somente o medicamento produzido em laboratório é capaz de reunir a alta quantidade necessária de substâncias encontradas no plasma para o tratamento dessas pessoas”, atenta a biomédica Ryanne Camilo, da FHB.

*Com informações da Fundação Hemocentro de Brasília