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25/02/2023 às 17:58, atualizado em 03/03/2023 às 15:49
Gerida pela SEJF, unidade oferece cursos profissionalizantes e contínuos para 550 jovens com idade entre 15 e 29 anos
“O principal problema de muito jovem da Estrutural é estar perdido, sem saber o que fazer”. A avaliação é do atleta e lutador de muay thai Willian Carvalho Silva, 22, que afirma ter encontrado o seu caminho no Centro da Juventude (CJ) da Cidade Estrutural, equipamento gerido pela Secretaria da Família e Juventude (SEFJ). Assim como ele, muitos jovens entre 15 e 29 anos encontram no CJ uma forma segura de estar distante das drogas e da violência, seja nas ruas, seja em suas próprias casas.
Willian, que treina no local há cinco anos, conta que a prática de muay thai foi a melhor oportunidade que ele encontrou para enfrentar problemas familiares. “Comecei com culinária”, lembra. “Um dia, ouvi o barulho das aulas de muay thai, fui olhar, entrei no grupo e estou até hoje. O Centro de Juventude é minha segunda casa, minha segunda família”. Hoje, o rapaz participa de competições em Brasília e em cidades de outros estados.
[Olho texto=”DF tem centros de juventude em Samambaia Sul, Samambaia Norte, Ceilândia, Estrutural e Recanto das Emas; juntas, essas unidades já encaminharam mais de 17 mil jovens” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”direita”]
O CJ da Estrutural funciona há seis anos, capacitando jovens e buscando inseri-los no mercado de trabalho. Atualmente são 550 alunos matriculados nos cursos profissionalizantes de massoterapia, auxiliar de recursos humanos, empregabilidade e cuidador de idosos. Há também os cursos contínuos, com carga horária de um ano, de culinária, teatro, muay thai, biojoias e violão.
No total, o DF conta com cinco unidades dos centros de juventude, localizadas em Samambaia Sul, Recanto das Emas, Samambaia Norte, Ceilândia e Estrutural. Nessas três últimas, são disponibilizados cursos de capacitação profissional, cultural e esportiva gratuitos nas áreas de culinária, teatro, violão, massoterapia, muay thai, empregabilidade e auxiliares de RH e administrativo. Juntos, esses CJs já promoveram a transformação de mais de 17 mil jovens.
Capacitação
“A maioria dos que chegam aqui não têm ambições, objetivo de vida, mas buscam profissionalização em alguma área”, pontua o coordenador do CJ da Estrutural, Marcos Barreto. “Eles querem trabalhar, só que não sabem como conquistar o primeiro emprego. Nós os capacitamos e, por meio de parcerias, buscamos integrá-los ao mercado de trabalho. Uma assistente social faz um planejamento de futuro com o jovem e nós o encaminhamos ao mercado de trabalho.”
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Segundo Marcos, o CJ recebe desde pessoas que buscam uma qualificação até aquelas que vêm de situações de sofrimento. “Alguns vivem uma vida tranquila em casa, outros enfrentam problemas familiares, como violência doméstica e gravidez na adolescência”, conta. “Muitas vezes a menina chega aqui com 17 anos, querendo fazer um curso porque deixou a escola por estar grávida, e precisa de qualificação para trabalhar”.
São experiências que o gestor revela ter vivido pessoalmente: “Quando soube que o lanche teria um sanduíche de patê de frango e suco, resolvi fazer o curso de auxiliar de recursos humanos sugerido pela minha mãe. Entrei como aluno em 2019 e, no fim daquele mesmo ano, passei no processo seletivo para assistente administrativo. Em cinco meses, me tornei coordenador”. A média de conclusão dos cursos, informa ele, é de 40%.
Disciplina
Há 13 meses treinando muay thai no local, Carlos Eduardo de Caldas, 18, conta que o CJ mudou sua vida: “Eu fumava, bebia e até fazia outras coisas. O esporte me disciplinou, porque é preciso dedicação para fazer o que se gosta. Abdiquei de tudo que fazia e, em consequência, meu desempenho aumentou, minha disciplina melhorou e também a forma de me comunicar com os outros”. Além do muay thai, ele estuda para o concurso da carreira militar.
O elo que une esses alunos chama-se Cosme Pereira. Treinador de muay thai, diariamente, há cinco anos, ele sai de Planaltina e vai dar aulas na Estrutural. “Comecei a perguntar aos meninos se queriam competir, e muitos queriam; então, comecei a formar lutadores”, diz.
[Olho texto=”“Nossos centros de juventude são referência em atendimento e atenção” ” assinatura=”Rodrigo Delmasso, secretário de Juventude” esquerda_direita_centro=”esquerda”]
Cosme atua com 12 atletas. Para atender esses adolescentes que têm entre 17 e 22 anos, ele dedica uma hora além do expediente aos treinamentos. “Aqui sou professor e pai ao mesmo tempo”, aponta. “Tenho um aluno, por exemplo, que teve muitos problemas familiares, e hoje é um grande atleta”.
O secretário de Família e Juventude, Rodrigo Delmasso, observa: “Nossos centros de juventude são referência em atendimento e atenção. Vamos trabalhar em busca de recursos e parcerias para ampliação do atendimento a outras regiões do Distrito Federal, porque essa é uma política pública que tem se mostrado eficaz na transformação de pessoas que antes não tinham uma clara perspectiva de vida, nem oportunidades”.